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Sidrolandia

Relatório da CPI mostra caos na saúde pública de Dourados

O relatório da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Saúde, que pode resultar na cassação do prefeito afastado Ari Artuzi (sem partido) mostra diversas irregularidades na prefeitura de Dourados.

Dourados News

24 de Setembro de 2010 - 10:29

O relatório apresenta que em 2007 os investimentos do Estado e da União para a saúde no município de Dourados somaram R$ 45,7 milhões. Já em 2009, esse número saltou para R$ 194,5 milhões, um aumento de 325% nas transferências recebidas da União e do Estado, para aplicação na saúde do município. Mesmo com esse grandioso aumento nas verbas, a saúde só piorou, segundo relatos da população da cidade no relatório.

No conteúdo do relatório são apresentadas inúmeras reclamações da população, que foi ouvida em audiências públicas em diversas escolas da cidade. No resumo dos depoimentos, os cidadãos de Dourados apresentam situações como a falta de médicos, demora no atendimento e falta de ambulâncias.

Segundo o relatório, o Hospital da Vida estaria sem os materiais básicos, como gases, e com pisos e macas sujos de sangue. Em outros postos de atendimento faltam papel higiênico, luvas, seringas e medicamentos na rede. O atendimento também é tido como péssimo, já que grande parte das pessoas que participaram da audiência reclamou que são “tratados como lixo”.

 

Além disso, a má organização fez com que prontuários fossem perdidos, pedidos de exame extraviados e cirurgias e exames demorassem mais de oito meses para serem realizados.

Uma das participantes da audiência pública chegou a declarar que tem “vergonha de dizer que mora em Dourados”. O relatório conta ainda com acusações da população de troca de voto por atendimento.

Foram ouvidas também pessoas que trabalham diretamente na administração dos hospitais públicos de Dourados e membros da administração pública direta. Dentre eles está o diretor clínico do Hospital Evangélico, Delane da Silva Borges, o superintendente do Hospital Evangélico, Marco Aurélio Camargo Areias (preso na operação Uragano da Polícia Federal) e o secretário municipal de Saúde, Mário Eduardo Rocha Silva.

De acordo com o relatório da CPI da Saúde, chamou a atenção o fato de que todos os depoimentos prestados pelas autoridades responsáveis pela saúde em Dourados negam as reclamações da população. O relatório coloca ainda que eles “infelizmente não contribuíram para o trabalho da CPI”.
No relatório há destaque para o depoimento de Delane da Silva Borges, que afirma o aumento de 3 mil atendimentos para 7 mil. Mas, segundo o relatório, “dados extraídos do DATASUS comprovam que não houve aumento na demanda no município como alegado”.


CASSAÇÃO

A partir do relatório apresentado pela CPI da Saúde e aprovado pelos vereadores na sessão do dia 13, ficou estabelecida a necessidade da instalação do processo de cassação do mandato de Ari Artuzi. Segundo a assessoria da Câmara, os membros devem ser escolhidos na próxima sessão, que acontece na terça-feira, às 8h, entre os vereadores e os suplentes, com base no artigo 5º, II, do Decreto-Lei 201/67, com exceção dos que fizeram parte da CPI e seus suplentes.

Segundo a procuradora jurídica, Elaine de Araújo dos Santos, a composição da comissão processante será feita a partir de sorteio entre as bancadas, podendo participar os vereadores, independente da suplência.