Sidrolandia
Software usado por Obama classificará militância pró-Dilma
O programa da Blue State Digital foi usado na campanha de Barack Obama, eleito presidente dos EUA em 2008
Folha On-line
16 de Abril de 2010 - 08:00
A operação do PT na internet a favor de Dilma Rousseff começou nesta semana com o recadastramento de milhares de filiados ao partido em todo o Brasil. Quando o banco de dados estiver pronto, a expectativa é contar com até 200 mil ativistas trabalhando no dia a dia da campanha, segundo Marcelo Branco, um dos coordenadores das ações petistas na web.
Mas o principal será a complexa tecnologia usada no manejo dessa militância virtual. "A ideia é identificar cada um dos internautas de maneira diferenciada", diz Danielle Fonteles, proprietária da Pepper Interativa, contratada pelo PT para a campanha de Dilma.
Além de identificar os militantes segundo parâmetros socioeconômicos, um programa de computador da norte-americana Blue State Digital permitirá qualificar os simpatizantes.
"Quando um militante cadastrado nos autorizar a enviar e-mails, será possível saber como ele se comporta e o grau de engajamento. Primeiro, se ele abriu o e-mail e se clicou no endereço ali anotado. Em seguida, se esse internauta encaminhou a mensagem para amigos. E se essas pessoas receberam o arquivo, se clicaram no link", explica Danielle.
O programa da Blue State Digital foi usado na campanha de Barack Obama, eleito presidente dos EUA em 2008. Todas as vezes que um militante registrado protagoniza alguma ação, ganha pontos nos computadores da campanha de Dilma. "É como um sistema de fidelização", afirma Danielle.
Depois de algum tempo de implantado esse modelo de gerenciamento, o comando petista saberá quem são os militantes mais ativos. Esses voluntários terão um tratamento "vip". Receberão mensagens diferenciadas. Serão convidados a participar de reuniões com as equipes locais pró-Dilma em suas cidades. Essa foi a estratégia de Obama na web.
O comando político da campanha petista alimentará a equipe de internet de maneira constante com informações sobre as deficiências eleitorais da candidata. Por exemplo, se Dilma vai mal no Sul entre mulheres na faixa etária acima de 30 anos, o software identificará quais são os eleitores do PT nessa região dispostos a ajudar.
A Pepper Interativa terá a assessoria direta de alguns empresários do setor de internet que trabalharam na campanha de Obama. Um deles é Scott Goodstein, da Revolution Messaging, especializado em mensagens para telefones celulares. Também devem contribuir Joe Rospars e Andrew Paryze, ambos da Blue State Digital.
A contratação desses especialistas fica sob responsabilidade da Pepper. Os valores envolvidos não são revelados.
Scott Goodstein afirma ter se interessado pela campanha do PT e de Dilma por admirar o que o governo petista fez "na área social". Ele trabalhou a favor de Obama inicialmente como voluntário em 2008.
O grande desafio inicial da equipe de Dilma Rousseff é atualizar uma base de dados inconsistente de mais de 1 milhão de filiados petistas pelo Brasil. Estima-se que existam cerca de 400 mil e-mails, mas não se sabe quantos são válidos.
Ao longo das próximas semanas, serão disparados vários comunicados para esses supostos petistas pedindo que preencham um formulário com dados como nome, sexo, idade, endereço, perfil no Twitter, endereço de blog (se tiver algum), faixa de renda e escolaridade.
Até junho, na expectativa dos dilmistas, a rede de colaboradores pelo país já terá uma hierarquia, com militantes "vips" em quase todas as cidades.