Sidrolandia
Vagner Love faz dois, Vasco tem pênalti não marcado, Flamengo está na final
Gigante da Colina reclama muito da arbitragem, mas está eliminado. Pelo quarto ano seguido, Estadual será decidido entre Botafogo e Rubro-Negro
Redação de Noticia
11 de Abril de 2010 - 20:18
Um filme que parece não cansar de se repetir. Pelo quarto ano seguido, Flamengo e Botafogo vão decidir quem ficará com o título carioca. Neste domingo, o Rubro-Negro manteve a longa escrita em cima do Vasco em jogos decisivos. Com dois gols de Vagner Love, o time da Gávea venceu por 2 a 1, no Maracanã, e garantiu a vaga na decisão da Taça Rio. Thiago Martinelli marcou para os cruzmaltinos. O clássico terminou com os gritos flamenguistas de "e o freguês voltou" e muitas reclamações dos vascaínos por causa da arbitragem de João Batista de Arruda, que não marcou um pênalti, cometido por Willians, nos minutos finais da partida.
Primeiro, Flamengo e Botafogo se encontram no próximo domingo, às 16h (de Brasília), na final da Taça Rio, no Maracanã. Se o Alvinegro vencer, será o campeão carioca, já que conquistou também a Taça Guanabara. Se o Rubro-negro levar a melhor, os rivais vão para a decisão do título em dois jogos, nos dias 25 de abril e 2 de maio. O Flamengo foi campeão de sete dos últimos 11 campeonatos disputados (1999 / 2000 / 2001 / 2004 / 2007 / 2008 / 2009), e o Alvinegro levantou o troféu em 2006.
Nas últimas cinco vezes que Flamengo e Vasco se enfrentaram em semifinais de turnos do Campeonato Carioca, o Rubro-Negro levou a melhor. Além da vitória deste domingo, venceu por 1 a 0 em 2001 (gol de Beto); 2 a 0 em 2004 (gols de Felipe e Henrique); 1 a 1 (3 a 1 nos pênaltis) em 2007; e 2 a 1 em 2008 (Fábio Luciano e Ronaldo Angelim). O time da Gávea venceu também as últimas cinco decisões entre os dois clubes: os Estaduais de 1999, 2000, 2001 e 2004 e a Copa do Brasil em 2006, esta com duas vitórias.
Nas outras quatro oportunidades em que eliminou o arquirrival nas semifinais - em 2001, 2004, 2007 e 2008 - o Flamengo acabou conquistando o título carioca. Atual tricampeão, o Rubro-Negro luta pelo inédito tetracampeonato, fato que aconteceu no Rio de Janeiro pela última vez em 1935, quando o Botafogo conquistou os títulos de 1932/33/34/35.
Antes da decisão, o Flamengo tem um importante desafio pela Taça Libertadores. Na próxima quarta-feira, às 21h50m (de Brasília), no estádio San Carlos de Apoquindo, em Santiago, no Chile, a equipe enfrenta o Universidad Católica. No mesmo dia e horário, o Vasco enfrentará o Corinthians-PR, no Durival de Brito, em Curitiba, no jogo de ida pelas oitavas de final da Copa do Brasil.
Vagner Love e Thiago Martinelli fazem os gols do primeiro tempo
O Vasco entrou em campo novamente com o terceiro uniforme, que homenageia os cavaleiros templários. E motivado com o 100% de rendimento do técnico Gaúcho, que assumiu o cargo após a demissão de Vagner Mancini e venceu Fluminense (3 a 0), ASA (3 a 1) e Duque de Caxias (4 a 3). Fora do estádio, a Polícia Militar prendeu oito torcedores dos dois clubes que se envolveram em uma briga.
Bola rolando, a primeira polêmica aconteceu aos seis minutos. Léo Moura perdeu uma bola na linha de fundo para Márcio Careca, que cruzou. Elton subiu e cabeceou no canto direito de Bruno para fazer o gol. Mas o árbitro João Batista de Arruda marcou falta do atacante vascaíno em cima de Juan, anulando corretamente o lance. O time cruzmaltino não chegou a reclamar
Sem Adriano, que pediu para não jogar em função das dores na região lombar, o Flamengo surpreendia nos contra-ataques e aproveitava o espaço dado a Vagner Love. O atacante se posicionava com liberdade entre os dois zagueiros vascaínos. Na primeira chance, o artilheiro recebeu ótimo lançamento de Bruno Mezenga, dominou e chutou cruzado. A bola passou com muito perigo pelo gol de Fernando Prass.
Mas na segunda chance ele não perdoou, e parecia até replay. Novo lançamento de Bruno Mezenga para Vagner Love. A defesa do Vasco parou, e Fernando Prass ficou na dúvida se saía ou não do gol. Mas quando resolveu ir na bola, já era tarde. O camisa 9 driblou o goleiro e chutou. A bola ainda desviou em Souza antes de entrar devagar no canto direito: Flamengo 1 a 0. Foi o 13º gol do artilheiro do Campeonato Carioca, que saiu comemorando fazendo um coração com as mãos e mostrando para os torcedores rubro-negros.
Após o início eletrizante, o jogo caiu de qualidade após o gol do Flamengo. O Vasco tentava pressionar, mas apenas Philippe Coutinho tinha objetividade. E o garoto cruzmaltino era muito bem marcado por Willians - desta vez sem direito a beijinho - e Maldonado. O Gigante da Colina resolveu, então, seguir o exemplo do Botafogo e passou a jogar bolas altas para a área adversária. Deu certo, e em uma delas saiu o empate.
Aos 31, Fágner cobrou escanteio e Thiago Martinelli subiu mais que os rubro-negros para cabecear e fazer o gol. A bola entrou no canto direito de Bruno, que não conseguiu alcançá-la. Tudo igual: 1 a 1. O zagueiro, que tem 1,81m e pode ser considerado baixo para a posição, está se especializando em fazer gols em clássicos. Ele já havia feito um em cima do Fluminense nesta Taça Rio.
O recomeço da partida, com a torcida do Vasco ainda comemorando o gol, o Flamengo quase fez o segundo. Vagner Love recebeu livre na área e dividiu com Fernando Prass. Para sorte dos cruzmaltinos, não havia nenhum rubro-negro para aproveitar a sobra. O Artilheiro do Amor infernizava a vida do Vasco. Em outro lance, passou por três marcadores e caiu na área. O árbitro acertou ao deixar o lance continuar.
Aos 40 minutos, Titi errou na saída de bola, Vagner Love recebeu na entrada da área, conseguiu driblar dois adversários ao mesmo tempo e deixou Léo Moura na cara de Fernando Prass. O lateral preferiu não chutar, mas sim tocar para o meio da área. Michael dominou e mandou por cima do gol, perdendo uma chance de ouro.
Vagner Love garante a classificação do Fla, e árbitro prejudica o Vasco
Os dois times voltaram para o segundo tempo sem alterações. Vagner Love deu o primeiro toque na bola e reiniciou a partida. Não demorou para Juan receber cartão amarelo após falta em cima de Fágner. Aos três minutos, o técnico Gaúcho mandou os reservas vascaínos irem para o aquecimento. Carlos Alberto puxava a fila. Enquanto isso, do outro lado, Petkovic seguia sentado no banco de reservas.
O Flamengo retornou para a etapa final pressionando. E a defesa cruzmaltina, nervosa, fazia muitas faltas perto da área. Em uma delas, Juan cruzou, e Ronaldo Angelim cabeceou após a saída em falso do camisa 1 vascaíno. A bola saiu por cima do travessão. Depois, Bruno Mezenga arriscou de fora da área, mas a bola não teve a direção do gol. O jogo estava aberto. Era lá e cá. Mas o Rubro-Negro conseguia chegar com mais perigo. E quando Márcio Careca se enrolou com a bola no ataque, Léo Moura saiu rápido no contra-ataque e chutou cruzado. Fernando Prass se esticou todo para espalmar para escanteio.
Aos 13 minutos, parte da torcida do Flamengo começou a gritar o nome de Petkovic. Mas foi a do Vasco quem comemorou quando Gaúcho chamou Carlos Alberto para entrar na partida. Dodô foi o escolhido para sair. O time da Colina pareceu ganhar mais confiança. Márcio Careca deu um ótimo passe para Philippe Coutinho, que mesmo com pouco ângulo tocou na saída de Bruno. A bola bateu na trave, para desespero do presidente Roberto Dinamite, que colocou as duas mãos na cabeça, parecendo não acreditar.
Se o ídolo vascaíno entrou aos 16 minutos, Petkovic foi para o jogo aos 22. Michael saiu. Logo depois, Elton recebeu livre na cara de Bruno, mas o árbitro marcou impedimento não existente e prejudicou o Vasco. Aos 26, Léo Moura avançou pela direita, Márcio Careca meteu as mãos em suas costas, e o lateral-direito caiu na área. Os vascaínos reclamaram, mas a penalidade estava marcada. A torcida pedia Pet, mas foi Vagner Love quem pegou a bola para cobrar muito bem, deslocando Fernando Prass. Flamengo 2 a 1, e a torcida rubro-negra cantava que a festa ia começar.
Com Carlos Alberto visivelmente sem ritmo de jogo, o Vasco tinha dificuldades para chegar ao gol do Flamengo. Mas tentava o abafa na raça. Aos 34 minutos, Juan foi expulso após falta em Fágner. O técnico Gaúcho resolveu tirar Philippe Coutinho, um dos melhores em campo, para a entrada de Magno. Dinamite balançou a cabeça de um lado para o outro, parecendo não concordar com a mudança.
Aos 42 minutos, outro lance polêmico. O árbitro João Batista de Arruda não marcou um pênalti a favor do Vasco. Após escanteio, Willians cortou a bola com o braço antes de o zagueiro Thiago Martinelli ter a chance de cabecear. O juiz, em cima do lance, ignorou a penalidade. Os vascaínos reclamaram bastante, sem adiantar, e o próprio volante rubro-negro admitiu, após o clássico, que a bola bateu em seu braço, desviando a sua trajetória.
- O juiz não tem o mesmo critério para os dois lados. É complicado isso - reclamou Dinamite.
Aos 45 minutos, Thiago Martinelli foi expulso ao segurar a camisa de Vagner Love. O Vasco estava entregue. E o jogo terminou com os rubro-negros cantando na arquibancada "e o freguês voltou". O Flamengo segue com a escrita em cima do Vasco nos jogos decisivos. Algo que, talvez, nem Freud explique.
FLAMENGO 2 x 1 VASCO | |
Bruno, Léo Moura, Álvaro, Ronaldo Angelim e Juan; Maldonado, Toró, Willians e Michael (Petkovic); Bruno Mezenga (Kleberson) e Vagner Love (Fabrício) | Fernando Prass, Fágner, Thiago Martinelli, Titi e Márcio Careca; Rafael Carioca (Rodrigo Pimpão), Souza, Léo Gago e Philippe Coutinho (Magno); Dodô (Carlos Alberto) e Elton |
Técnico: Andrade | Técnico: Gaúcho |
Gols: Vagner Love, aos dez, e Thiago Martinelli, aos 31 minutos do primeiro tempo; Vagner Love, aos 26 minutos do segundo tempo | |
Cartões amarelos: Willians, Álvaro, Juan, Bruno Mezenga e Toró (Flamengo); Titi, Fagner, Thiago Martinelli e Márcio Careca (Vasco) Cartões vermelhos: Juan (Flamengo) e Thiago Martinelli (Vasco) | |
Estádio: Maracanã, Rio de Janeiro (RJ) Data: 11/04/2010 Público: 24.299 pagantes (32.442 presentes) Renda: R$ 774.920 Árbitro: João Batista de Arruda (RJ) Auxiliares: Eduardo de Souza Couto e Luiz Antônio de Oliveira |