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Sidrolandia

Vice-presidente da JBS pode vir a MS até sexta-feira para negociar acordo com CPI e garantir funcionamento de frigoríficos

a JBS teria mostrado interesse em negociar o pagamento parcelado do ressarcimento reivindicado pelo Estado.

Flávio Paes/Região News

18 de Outubro de 2017 - 23:23

Até sexta-feira o vice-presidente executivo da JBS, Gilberto Tomazoni, deve vir a Mato Grosso do Sul para negociar com a CPI da Assembleia, Ministério Público e representantes dos trabalhadores, uma solução conciliatória para suspensão os bloqueios judiciais dos bens e contas bancárias da empresa e com isto restabelecer o pleno funcionamento de 9 frigoríficos para abate de bovinos (com atividades paralisadas a partir desta quarta-feira) e das unidades de Sidrolândia (frango) e Dourados (suíno), por enquanto, a salvo de interrupção das suas atividades.

A economia de Sidrolândia está visceralmente atrelada ao funcionamento da Seara, que gera cerca de 2.500 empregos diretos, além de sustentar uma cadeia produtiva na qual estão envolvidas pelo menos 1.500 pessoas. Embora a cidade esteja entre os maiores polos produtores de milho e soja, como são culturas altamente mecanizadas, geram pouco empregos na cidade, onde a renda média não passa de R$ 2 mil, sustentada basicamente pela folha de pagamento da empresa.

Nesta quarta-feira (18) o presidente do Tribunal de Justiça, desembargador Divoncir Maran, reuniu-se com o presidente da Assembleia, Junior Mochi, e se comprometeu a dar aval ao entendimento que vier a ser firmado, se eximindo de  participar das negociações.  Na terça-feira, diante da pressão de representantes dos trabalhadores, assustados com a possibilidade do desemprego em massa no setor frigorífico, pressionaram os deputados e conseguiram o compromisso deles de marcar em até sete dias, uma reunião de conciliação coordenada pela autoridade máxima do judiciário no Estado, no caso o presidente do TJ.

Conforme informações, apuradas junto a representantes dos trabalhadores que participam dos entendimentos, a JBS teria mostrado interesse em negociar o pagamento parcelado do ressarcimento reivindicado pelo Estado pela empresa ter recebido incentivos e não ter cumprido os compromissos de investimentos e geração emprego assumidos como contrapartida para as isenções fiscais que recebeu.

Polêmica

A  decisão de paralisar as atividades em Mato Grosso do Sul, anunciada ontem à tarde pela JBS, sob a alegação de "insegurança jurídica" depois do bloqueio de R$ 730 milhões por determinação da Justiça, na semana passada, a pedido da CPI que investiga irregularidades tributárias e fiscais no Estado, virou tema de debates na sessão da Assembléia Legislativa nesta quarta-feira, 17.

Se a decisão se confirmar, os 15 mil funcionários das sete unidades frigoríficas da empresa em Mato Grosso do Sul serão os grandes prejudicados, e por conta disso a Assembléia já se mobiliza no sentido de buscar um entendimento com a JBS. Tanto que o presidente da Casa, o deputado Junior Mochi, anunciou que irá pedir ao juiz Alexandre Nunes da Silva, o mesmo que concedeu a liminar bloqueando os bens da empresa, para intermediar um acordo no sentido de que a JBS não paralise suas atividades no Estado.

Para os parlamentares ouvidos pelo site Campo Grande News, a JBS está fazendo pressão sobre a CPI e a justiça. “Em Mato Grosso do Sul não há insegurança jurídica, como alegam, e não acredito em demissões e paralisação das atividades. Essa decisão da JBS é uma forma de nos pressionar”, afirmou o deputado Paulo Correa (PR), presidente da CPI da JBS.

Segundo o deputado Pedro Kemp (PT), a direção da JBS já se mostrou disposta a dialogar e até discutir o valor do ressarcimento ao Estado por eventual não cumprimento de investimentos previstos em contrato, como contrapartida de incentivos fiscais recebidos.

“Fizemos um contato por telefone, ontem, com a direção da JBS, em São Paulo, e não percebi a intenção no sentido de fechar as unidades da empresa em Mato Grosso do Sul. Também acho que esse anúncio é só para pressionar e tentar um recuo da CPI no bloquei de bens da empresa”, comentou Pedro Kemp.

Já o deputado Paulo Siuff (PMDB) disse que ficou perplexo com a decisão da JBS sobre fechamento de unidades no Estado. “A empresa confessou o não cumprimento das suas obrigações de investimentos em Mato Grosso do Sul, e o bloqueio de bens é por conta disso. A própria delação premiada dos executivos da JBS na operação Lava Jato está xeque. Portanto, se realmente fecharem as unidades no Estado a justiça terá que agir”, declarou o parlamentar.