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Aletânia Ramires Gomes

Feminicídio no MS: Enquanto a justiça falha, mulheres precisam se proteger

A violência contra a mulher não começa com o feminicídio.

Aletânia Ramires Gomes

03 de Março de 2025 - 13:34

Feminicídio no MS: Enquanto a justiça falha, mulheres precisam se proteger
Aletânia Ramires Gomes

O Mato Grosso do Sul segue entre os estados que mais matam mulheres. A cada nova vítima, ouvimos as mesmas promessas, os mesmos discursos vazios, enquanto a realidade continua a mesma: mulheres estão morrendo porque a justiça falha, porque a violência contra nós ainda é tratada como algo menor. E, para piorar, tem gente achando que a solução é armar a população. Como se colocar uma arma na mão de quem já nos agride fosse nos salvar.

A violência contra a mulher não começa com o feminicídio. Ela cresce, ganha força, vai se espalhando na rotina até se tornar insuportável. Primeiro, ele te envolve, diz que te ama rápido demais, que nunca sentiu isso por ninguém. Depois, começa a controlar quem você vê, o que veste, onde vai. Em seguida, vêm as humilhações, as chantagens, os ataques à sua autoestima. A violência psicológica vem primeiro, mas quando a mulher percebe, já está presa em um ciclo que pode terminar da pior forma.

Enquanto a justiça não faz o seu papel, nós, mulheres, precisamos fazer o nosso: identificar esses sinais cedo e dar um basta. Precisamos desconstruir essa ideia de amor romântico, onde um homem que te sufoca é um homem apaixonado. Ele não é. Ele está te preparando para te possuir.

O que realmente pode nos salvar não é uma arma, mas leis que funcionem. Políticas públicas sérias. Educação desde cedo para que meninos, meninas e adolescentes saibam reconhecer um relacionamento abusivo antes que seja tarde demais. Precisamos ensinar que amor não é dor, não é controle, não é medo.

Mas enquanto essa mudança não acontece, precisamos nos fortalecer. Precisamos sair desses relacionamentos antes que nos matem. Não romantize o ciúme. Não normalize o controle. Não aceite ser diminuída.

Se você sente que está presa em um relacionamento abusivo, procure ajuda, denuncie. Você não está sozinha.

Juntas, podemos mudar essa realidade. Precisamos falar, denunciar e apoiar umas às outras. Nossa vida vale mais do que qualquer relacionamento. Sua história não precisa terminar assim. Sua vida vale mais.

*Psicóloga, especialista em Gênero, Raça e Políticas Públicas pela UFMS, especialista em Terapia Cognitiva Comportamental pelo Instituto de Terapia Cognitiva do Mato Grosso do Sul e especializanda em Neurociências e Comportamento pela PUC RS Instagram: @aletaniag.7

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