Brasil
Ministério do Trabalho é invadido e amanhece com salas reviradas; 1º andar é interditado
Caso ocorreu em setor destinado ao seguro-desemprego. Câmera de segurança flagrou crime.
G1
16 de Julho de 2018 - 10:48
Servidores do Ministério do Trabalho encontraram diversas salas do órgão reviradas ao chegar para trabalhar na manhã desta segunda-feira (16). Documentos oficiais estavam atirados no chão.
A assessoria de imprensa do ministério informou ao G1 que ao menos duas salas do setor destinado ao seguro-desemprego foram invadidas, mas não soube dizer o que foi levado.
Segundo o Ministério do Trabalho, a invasão foi registrada por câmeras de segurança do prédio. As imagens serão encaminhadas para a perícia da Polícia Federal.
Até a última atualização desta reportagem, o órgão não soube informar o horário em que ocorreu a invasão. As imagens das câmeras mostram um homem forçando a porta de uma sala do órgão às 23h49 deste domingo (15).
Todo o primeiro andar do ministério foi isolado pela segurança do órgão. A PF foi acionada e chegou ao local às 9h50.
Parte da área externa do térreo foi isolada na área onde vigilantes ouvidos pelo G1 dizem acreditar que a invasão ocorreu.
Por volta das 10h, agentes da Polícia Federal começaram a fazer a perícia da área isolada pelos seguranças do ministério.
A PF planeja montar um andaime do lado de fora do prédio para que possam ser colhidas impressões digitais.
Registro Espúrio
O Ministério do Trabalho é alvo de uma investigação da Polícia Federal. Em 30 de junho, a PF deflagrou a operação Registro Espúrio, a fim de desarticular suposta organização criminosa integrada por políticos e servidores que teria cometido fraudes na concessão de registros de sindicatos pelo Ministério do Trabalho.
Segundo as investigações da Polícia Federal,
- os registros de entidades sindicais no ministério eram obtidos mediante pagamento de vantagens indevidas;
- não era respeitada a ordem de chegada dos pedidos ao ministério;
- a prioridade era dada a pedidos intermediados por políticos;
- a operação apontou um "loteamento" de cargos do Ministério do Trabalho entre os partidos PTB e Solidariedade.
Na semana seguinte, o ministro Helton Yomura foi afastado do cargopor decisão de Edson Fachin, relator do caso no Supremo Tribunal Federal (STF). Em nota, a defesa afirmou que Yomura não cometeu nenhum ato ilícito e que "nega veementemente qualquer imputação de crime ou irregularidade". No mesmo dia, ele pediu demissão do cargo.
O substituto de Yomura, Caio Vieira de Mello, tomou posse no ministério na última terça-feira (10). Na cerimônia, afirmou que vai administrar o ministério "tecnicamente", e não "politicamente". Ainda segundo ministro, "se for necessário, será feita" uma limpa no ministério.
A emissão de registros sindicais está suspensa pelo Ministério do Trabalho até outubro. A decisão do ministro Caio Vieira de Mello foi publicada no "Diário Oficial da União" na última quinta-feira (12).