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Economia

Barril de petróleo recua 12%, mas Petrobras não reduz combustíveis

Nas bombas, litro da gasolina e do diesel oscila centavos no mesmo período em que a commodity caiu.

Correio do Estado

28 de Novembro de 2022 - 09:29

Barril de petróleo recua 12%, mas Petrobras não reduz combustíveis
Foto: Gerson Oliveira

O preço do barril de petróleo apresentou queda de 12% nos últimos 30 dias. Apesar do recuo no mercado internacional, a Petrobras não baixou os preços dos combustíveis fósseis no Brasil. O que pode ocorrer nos próximos dias, de acordo com a Associação Brasileira de Importadores de Combustíveis (Abicom).

No mesmo período de um mês, o preço dos combustíveis em Mato Grosso do Sul passaram por instabilidades. A gasolina teve uma progressão um pouco mais previsível, saindo de R$ 4,67, o preço médio em Campo Grande, para R$ 4,78 no período. A alta de 2,35%, mensurada pela Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), pode estar chegando ao fim.

De acordo com a Abicom, a defasagem do combustível está acima de 1%, o que indica que, se o preço do petróleo no mercado internacional continuar estável ou em queda, a gasolina deve sofrer reduções.

Uma parte dessa queda já pode ser notada em alguns postos de Campo Grande. No período de uma semana, os revendedores que antes comercializavam gasolina a R$ 4,78 já reduziram os preços em R$ 0,10. A volatilidade maior é notada no preço do óleo diesel comum. O principal combustível de transporte de mercadorias no Brasil teve altas e baixas intercaladas nas últimas semanas.

Segundo a pesquisa da ANP, o preço médio do litro saiu de R$ 6,44 na última semana de outubro para R$ 6,39 na semana seguinte, voltou a subir para R$ 6,47 e sofreu nova queda, indo para R$ 6,39 na última semana.

PETRÓLEO

Conforme o diretor executivo do Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo e Lubrificantes de Mato Grosso do Sul (Sinpetro-MS), Edson Lazaroto, há uma grande oscilação de preços.

“A Petrobras segurou o aumento de preços a mais de 45 dias, quando o barril do Brent chegou próximo a US$ 100, e agora, de uma semana para cá, o preço tem reduzido, chegando a US$ 85 o barril”, comenta.

Segundo dados do site de indicadores econômicos, o Trading Economics, o preço do barril de petróleo tipo Brent apresentou queda de 12,04% nos últimos 20 dias. Em 4 de novembro, esse tipo de petróleo, utilizado pela Petrobras na formação de preço da companhia, era comercializado a US$ 98,75. Na manhã dessa sexta-feira (25), o barril tinha chegado a US$ 86,50.

A explicação é de que o mercado estaria de olho em uma possível aceleração das taxas de infecção por Covid-19 na China, o que cria preocupações a respeito das medidas restritivas a serem tomadas pelas autoridades do maior importador do mundo, diz a análise do portal.

Esse cenário aponta para uma menor demanda de petróleo caso a atividade econômica chinesa venha a desacelerar. A expectativa da plataforma é de que o trimestre se encerre com o petróleo cotado a US$ 91 o barril.

Outro ponto que pode pressionar o petróleo para a alta neste fim de ano é caso a Rússia decida colocar pressão sobre os preços no ocidente. Nesta semana, o G7 decidiu aumentar o valor pago pela commodity vinda daquele país.

O petróleo russo teve o preço estabelecido pelo G7 na faixa entre US$ 65 e US$ 70. Com isso, as tentativas de a Rússia pressionar os preços ao retirar barris da demanda mundial se dissipam no curto prazo.

CONTROLE

O país do leste europeu tem forte moeda de barganha porque é responsável por 10% da produção diária mundial, estimada atualmente em 100 milhões de barris por dia, segundo Agência Internacional de Energia (IEA). Caso decida cortar o fornecimento, o preço do petróleo subiria muito forte, colocando pressão ainda maior sobre a Europa.

No começo de outubro, a Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados (Opep) decidiu retirar mais de 2,5 milhões de barris do mercado, ocasionando a alta observada pelos indicadores.

De acordo com o economista Fábio Nogueira, a decisão foi de encontro à política de redução da inflação dos Estados Unidos e da Europa. “Efeitos da guerra, aumento de preço da energia, ruptura na cadeia produtiva e demanda mundial por commodities estão entre os fatores que podem aumentar o preço dos alimentos e consecutivamente a inflação”, analisa.

Outro ponto que seguram os preços no mercado nacional é o câmbio. Segundo Lazaroto, do Sinpetro, pode haver alguma redução nos próximos dias. “Penso que estão fazendo a devida compensação, e caso continue estabilizado bem como o dólar, poderemos nas próximas semanas ter alguma redução, mas sempre frisando que é determinado pela Petrobras”, finaliza.