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Economia

Litro do etanol aumenta mais de 12% no primeiro semestre em Mato Grosso do Sul

Levantamento da ANP aponta ainda a elevação de 6,18% para a gasolina no período compreendido entre janeiro e junho'

Correio do Estado

03 de Julho de 2024 - 08:16

Litro do etanol aumenta mais de 12% no primeiro semestre em Mato Grosso do Sul
Mesmo com a alta, o etanol segue vantajoso frente à gasolina - Foto: Gerson Oliveira.

No período de seis meses o litro do etanol obteve aumento de 12,69% em Mato Grosso do Sul. Levantamento da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) mostra que o biocombustível era comercializado, em média, a R$ 3,23 no primeiro mês do ano e chegou a R$ 3,64 na última semana de junho de 2024-diferança de R$ 0,41.

Entre os dias 7 e 13 de janeiro, o álcool era vendido no Estado com valor mínimo de R$ 2,98 e máximo de R$ 4,70. Enquanto na última semana do mês passado, a menor precificação encontrada para o biocombustível foi de R$ 3,35 e o maior a R$ 4,78.

O economista Eduardo Matos aponta que o principal fator para o aumento do etanol é o aumento do consumo. “Hoje em dia a frota de veículos brasileira, em grande parte, é flex, isso significa que o consumidor pode optar tanto pelo etanol como pela gasolina e recentemente o combustível fóssil está menos compensatório, o que eleva consideravelmente a demanda pelo derivado da cana-de-açúcar”, analisa.

Para o mestre em Economia Lucas Mikael, vários fatores contribuíram para os recentes aumentos nos preços dos combustíveis. “Os principais a serem destacados são o aumento dos custos das distribuidoras e dos postos, repassados diretamente ao consumidor. No entanto, o principal impacto veio dos aumentos nos impostos”, pontua.

Matos destaca  ainda que o consumidor geralmente faz a conta da proporção dos preços dos combustíveis com o seu rendimento e chegam à conclusão que está mais compensatório rodar com o etanol.

“Esse aumento na demanda pelo combustível pressiona as usinas e distribuidoras e nisso entra em cena aquela regra econômica básica de oferta e demanda, visando uma margem de lucro maior, os “players” conseguem elevar o preço de forma que o produto ainda seja competitivo frente ao seu substituto, no caso a gasolina”, pondera o economista.

Nesse sentido, vale destacar que mesmo diante do reajuste de mais de 10% para o etanol, na comparação de preços, o biocombustível continua vantajoso em relação à gasolina.
Para descobrir se compensa fazer a troca, é preciso dividir o valor do etanol pelo da gasolina, e o resultado deve ficar abaixo de 0,70. Por exemplo, ao dividir R$ 3,64 (etanol) por R$ 5,66 (gasolina), o resultado é 0,64, portanto, neste caso, compensa a substituição.

EXPECTATIVAS

Quanto as expectativas para o segundo semestre, para Matos, cabe destacar que Mato Grosso do Sul ainda figura entre as unidades da Federação em que o etanol é mais favorável, onde muito se deve às plantas presentes no Estado e o plantio de cana-de-açúcar, que se destaca pela importância econômica na base produtiva estadual.

“As expectativas para os próximos meses é positiva, visto que o clima está favorável para a cultura da cana-de-açúcar, então pela ótica produtiva o preço não deve se elevar nos próximos meses, no entanto é preciso monitorar outros fatores econômicos, principalmente macroeconômicos e na economia mundial, como pressão inflacionária, em especial em custos de produção”, comenta.

Mikael complementa pontuando que há expectativas sobre o possível efeito da Medida Provisória nº 1.227, que altera as regras do uso de crédito do Programa de Integração Social (PIS) e a Contribuição para Financiamento da Seguridade Social (Cofins) que vai atingir diversos setores da economia.

“A medida levanta preocupações quanto ao possível impacto nos custos ao longo da cadeia de distribuição dos combustíveis. Espera-se que essas mudanças afetem diversos setores da economia, potencialmente resultando em aumentos de custos desde os produtores até os distribuidores, e consequentemente nos postos de combustíveis e para o consumidor final”, avalia Mikael.

COMBUSTÍVEIS FÓSSEIS

Também no primeiro semestre do ano, a gasolina comum apresentou aumento saindo do custo médio de R$ 5,33 para R$ 5,66, elevação que teve como base dados colhidos pela ANP na primeira semana de janeiro e a última de junho de 2024, quando foi identificado um aumento de 6,18%, ou acréscimo de R$ 0,33 em cada litro do combustível fóssil.

Na comparação entre os preços mínimos e máximos a diferença se eleva ainda mais, com o menor valor de Mato Grosso do Sul saindo de R$ 4,95 na semana entre 7 e 13 de janeiro para R$ 5,29 (aumento de R$ 0,34) entre os dias 23 e 29 de junho. Conforme a pesquisa, o maior preço nos mesmos períodos considerados respectivamente eram de R$ 6,74 e R$ 6,89, ou seja, um aumento de R$ 0,15 por litro abastecido no período de seis meses.

“Para a gasolina, o aumento significativo foi devido ao ICMS [Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços], imposto estadual que subiu em todos os Estados a partir de fevereiro, afetando também o preço do óleo diesel e do gás de cozinha”, detalha Mikael.

No mesmo intervalo de tempo, o diesel comum tinha preços que variavam de R$ 5,35 a R$ 7,79 no início do ano, com média de R$ 5,87. Nos últimos dias de junho o litro do diesel foi encontrado em MS em seu menor e maior valor a R$ 5,65 e R$7,39, o que resultou em média de R$ 5,89, gerando um aumento porcentual de apenas 0,33% (aumento de R$ 0,02) em seis meses.

Para o diesel categoria S-10 a flutuação de preços também foi moderada, onde na primeira semana de janeiro, o preço médio de revenda no Estado era de R$ 5,86, já na última semana do mês passado o valor foi a R$ 5,95.

Ao comparar o valor mínimo praticado em janeiro com o de junho, o aumento foi de 7,29%, uma vez que o litro mais barato era vendido a R$ 5,35 e passou a R$ 5,74. Na outra ponta, os maiores valores pesquisados em Mato Grosso do Sul foram de R$ 7,35 para R$ 7,48 no período de seis meses.

“No caso do diesel, houve uma reoneração já em janeiro, com o retorno das alíquotas federais sobre os combustíveis, que haviam sido zeradas em 2021, e voltaram a ser aplicadas este ano”, finaliza Mikael.