Economia
No Estado, 33% dos MEIs aparecem em cadastro de vulnerabilidade social
Baixa renda é realidade para 33% dos microempreendedores de MS, que estão no CadÚnico do governo federal, aponta IBGE.
Correio do Estado
22 de Agosto de 2024 - 09:26
Em Mato Grosso do Sul, um terço dos microempreendedores individuais (MEIs) está em situação de vulnerabilidade social, indica o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Dados divulgados ontem pelo IBGE mostram que, dos 202.427 MEIs cadastrados no Estado em 2022, 68.797 integravam o Cadastro Único para Programas Sociais (CadÚnico) do governo federal.
O CadÚnico é condição essencial para que um cidadão se enquadre em programas como Bolsa Família e tarifa social de energia elétrica, entre outros. Desses 68,7 mil MEIs de Mato Grosso do Sul inscritos no CadÚnico, 23.461 eram beneficiários do programa Bolsa Família.
O objetivo do IBGE com a divulgação das estatísticas dos cadastros de microempreendedores individuais foi mostrar um conjunto de indicadores sobre o tema. Os indicadores foram organizados em quatro eixos temáticos: características da empresa, características sociodemográficas, experiência no mercado formal de trabalho e demografia das empresas.
O doutor em Economia, professor da UCDB e colunista do Correio do Estado Michel Constantino explicou que a grande quantidade de pessoas de baixa renda entre os MEIs não surpreende, porque o cadastro de microempreendedor individual é um instrumento para formalizar muitos trabalhadores informais.
“A informalidade continua com o nível de emprego, sendo uma forma de complementar a renda. Ou seja, o nível de emprego vem aumentando com trabalho informal e pouca consistência na renda”, explicou o doutor em Economia.
Segmentos
O IBGE também verificou os segmentos econômicos em que os MEIs mais trabalham: 10,1% deles atuam no setor de tratamentos de beleza, como cabeleireiros ou em outras atividades.
Em segundo lugar, considerando a Classificação Nacional de Atividades Econômicas (CNAE), em Mato Grosso do Sul, aparece o comércio varejista de artigos de vestuário e acessórios (7,85%) e restaurantes e outros estabelecimentos de serviços de alimentação e bebidas (5,79%).
Quanto aos setores macroeconômicos, quase metade dos MEIs (47,5%) do Estado atua nos serviços. Em segundo lugar, com 30,7% dos microempreendedores atuantes em MS, vem os segmentos de comércio e reparação de veículos e motocicletas.
Outros serviços responde por 14,7% dos MEIs, e informação, comunicação e atividades financeiras, imobiliárias, profissionais e administrativas, totalizam 10,4%.
Administração pública, defesa, seguridade social, saúde, educação e serviços sociais (3,3%), indústria em geral (9,3%) e agricultura, pecuária, produção florestal e pesca (0,8%) completam a lista de setores com maior atuação de microempreendedores.
Demografia
O IBGE também verificou como os MEIs de Mato Grosso do Sul se enquadram no aspecto demográfico. A maioria deles é homem, representando 53,9% do total, e 46,1% são mulheres.
A condição é semelhante à encontrada nos quadros nacionais, com 53,6% de MEIs homens e 46,3% de MEIs mulheres.
Na análise feita por idade, verifica-se que a maior parte dos microempreendedores individuais do Estado estão na faixa etária entre 30 anos e 39 anos. Eles são 29,97% do total.
Os jovens com idade até 29 anos correspondem a 20,35% dos MEIs. Os que estão na faixa etária entre 40 e 49 anos são 25,26% do total, e 25,26% têm 50 anos de idade ou mais.
Brancos
Dos 202.427 MEIs de MS, 148.174 forneceram registro sobre cor ou raça. Dentro desse conjunto, 52.986 se declararam brancos (32,1%). O segundo maior grupo é composto pelos pardos 50.667 (21,4%), e pretos são 3.754 (3,3%).
No que diz respeito à escolaridade, 62,3% dos MEIs não têm Ensino Superior. As mulheres apresentam maior grau de instrução em comparação aos homens: enquanto 3,2% dos homens têm Ensino Superior, entre as mulheres o porcentual é de 5,3%.
Brasil
Em 2022, havia 14,6 milhões de MEIs no Brasil. Esse número representa um crescimento em números absolutos de 1,5 milhão de microempreendedores cadastrados em relação a 2021, quando a pesquisa apurou o quantitativo de 13,1 milhões.
Por outro lado, a proporção de MEIs no total de ocupados formais teve queda, passando de 19,1%, em 2021, para 18,8%, em 2022. “Essa retração de 0,3 ponto porcentual pode ser explicada, em parte, pelo aumento de pessoal ocupado total no Cadastro Central de Empresas [Cempre], ocorrido em 2022”, pontuou Thiego Ferreira, gerente da Pesquisa do IBGE.