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Economia

Vendas do comércio recuam 0,1% em agosto, na 3ª queda seguida

No ano, setor acumula alta de 0,5%, mas tem queda de 1,4% no indicador acumulado em 12 meses.

G1

07 de Outubro de 2022 - 14:26

Vendas do comércio recuam 0,1% em agosto, na 3ª queda seguida
Corredores vazios em supermercado em cidade do interior de Minas Gerais, na região do Vale do Aço, em registro feito em agosto de 2022. — Foto: Emmanuel Franco / Sindcomércio Vale do Aço

As vendas do comércio recuaram 0,1% em agosto na comparação a julho, apontam os dados divulgados nesta sexta-feira (7) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Trata-se da terceira queda seguida, levando o setor ao menor patamar do ano, acumulando perda de 2,5% nestes três meses. De acordo com o IBGE, o resultado foi puxado pelo baixo desempenho dos segmentos de hiper e supermercados e de artigos farmacêuticos.

Apesar da taxa negativa, o IBGE considera que o resultado aponta para uma estabilidade do setor. Os dados de maio foram revisados e passaram do campo negativo (-0,5%) para o positivo (0,2%) e, com isso, agosto representa o terceiro recuo consecutivo, com queda de 2,5% acumulada no período.

Na comparação com agosto do ano passado, o volume de vendas cresceu 1,6%. No ano, o comércio acumula alta de 0,5%. Já em 12 meses as vendas acumulam queda de 1,4% na comparação com os 12 meses imediatamente anteriores.

No comércio varejista ampliado, que inclui as atividades de veículos, motos, partes e peças e de material de construção, o volume de vendas caiu 0,6% frente a julho e 0,7% em relação a agosto do ano passado.

Trajetória volátil

De acordo com o gerente da pesquisa, Cristiano Santos, embora apresente trajetória de queda há três meses, as taxas negativas vêm perdendo amplitude, "da mesma forma como o crescimento observado entre janeiro e maio foi perdendo amplitude".

“A trajetória da PMC depois da pandemia ainda é bem volátil”, enfatizou o pesquisador.

Com o resultado de agosto, o volume de vendas do comércio se encontra 1,1% acima do nível pré-pandemia e 5,2% abaixo do ponto mais alto da série, em outubro de 2020. É o menor patamar desde o começo deste ano.

Peso do setor de hiper e supermercados

Das oito atividades do comércio varejistas investigadas pelo IBGE, cinco tiveram resultados positivos em agosto na comparação com julho, com destaque para as de tecidos, vestuário e calçados, com crescimento de dois dígitos, e de Combustíveis e lubrificantes.

Veja o desempenho de cada uma das atividades do varejo:

  • Combustíveis e lubrificantes: 3,6%
  • Hiper, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo: 0,2%
  • Tecidos, vestuário e calçados: 13,0%
  • Móveis e eletrodomésticos: 1,0%
  • Artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria: -0,3%
  • Livros, jornais, revistas e papelaria: 2,1%
  • Equipamentos e materiais para escritório, informática e comunicação: -1,4%
  • Outros artigos de uso pessoal e doméstico: -1,2%
  • Material de construção (varejo ampliado): -0,8%
  • Veículos e motos, partes e peças (varejo ampliado):4,8%

Dentre as três atividades em queda, a de Artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria é a que mais teve impacto sobre o resultado do setor como um todo.

Todavia, segundo o IBGE, foi o baixo desempenho da atividade de Hiper e Supermercados que, embora tenha tido resultado positivo, segurou o resultado mensal do setor próximo à estabilidade. O segmento hipermercadista é o de maior peso no comércio brasileiro, respondendo por quase metade do volume total de vendas no país.

“Este mês, ficou muito clara a participação da atividade de Hiper e supermercados como fator âncora, segurando a variação muito próxima ao zero. A atividade pesa cerca de 50% no índice global. Artigos farmacêuticos, com -0,3%, também contribuiu em termos de peso para essa ancoragem”, explicou o gerente da pesquisa, Cristiano Santos.

Ainda segundo o gerente da pesquisa, as outras duas atividades que caíram além de artigos farmacêuticos – Equipamentos e material para escritório, informática e comunicação e Outros artigos de uso pessoal e doméstico – têm ganhado relevância na análise dos resultados, devido aos resultados negativos nos últimos meses.

Maior volume de vendas X menor receita

A atividade de Combustíveis e lubrificantes vem tendo comportamento peculiar. Foi o segundo mês seguido com alta relevante no volume de vendas (havia crescido 12,6% em julho). Todavia, devido à redução do ICMS sobre estes produtos, este segmento tem registrado queda na receita.

“A redução nos preços dos combustíveis levou a receita nominal a uma queda de 4,5%, mas que foi compensada com um rebatimento de 3,6% no volume. Em julho esse rebatimento foi maior, porque a redução nos preços também foi maior”, apontou Santos.

O crescimento na casa de dois dígitos da atividade de Tecidos, vestuário e calçados, foi relativizado pelo pesquisador, considerando o mau desempenho deste segmento nos meses anteriores.

Mais veículos, menos material de construção

No varejo ampliado, as duas atividades que o compõem tiveram movimentos contrários - a de Veículos, motos, parte e peças cresceu após duas quedas seguidas, enquanto a de material de construção teve queda no mês.

Santos destacou que o volume de vendas do segmento de veículos caiu 4,5% de maio para junho e 2,7% de junho para julho. "Então, o resultado de agosto ainda não é suficiente para retomar o patamar anterior a esses dois meses de queda”, explicou. Ele enfatizou, ainda, que essa alta em agosto reflete uma queda nos preços dos veículos.

Já as lojas de material de construção, segundo o pesquisador, veem compensar o aumento expressivo de vendas registrado durante a pandemia.

“Houve um forte crescimento após a pandemia, tanto para obras residenciais, num primeiro momento, como para obras maiores, numa segunda onda. Agora, aos poucos, esse crescimento está sendo descontado. A atividade chegou a estar mais de 12,0% acima do patamar pré-pandemia e hoje está 1,6% acima”, destacou.

Alta nas vendas em 15 estados

Segundo o IBGE, 15 unidades da federação tiveram alta nas vendas na passagem de julho para agosto, com destaque para Paraíba (27,1%), Roraima (3,9%) e Distrito Federal (3,6%). Já entre as quedas, destacam-se Sergipe (-2,2%), Rondônia (-1,9%) e Pernambuco (-1,7%).

Na comparação com 2021, são 20 com resultados positivos, dentre os quais se destacam Paraíba (35,6%), Roraima (16,5%) e Mato Grosso (16,3%). Pressionando negativamente destacam-se Rio de Janeiro (-6,7%), Pernambuco (-5,0%) e Rondônia (-3,8%). Goiás registrou estabilidade (0,0%).

“Esse crescimento na Paraíba está relacionado a estratégias de grandes empresas em relação a distribuição e comercialização de seus produtos. A Paraíba hoje é um polo de distribuição no Nordeste”, explicou Santos.