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Educação

Índices de aprendizagem revelam desigualdade; veja 'ranking' por redes, localização e perfil de alunos

Resultados da Prova Brasil, aplicada para 5,4 milhões de estudantes, mostram que 7 de cada 10 alunos do ensino médio têm nível insuficiente em português e matemática.

G1

31 de Agosto de 2018 - 10:34

Índices de aprendizagem revelam desigualdade; veja ranking por redes, localização e perfil de alunos

A avaliação que mostrou que 70% dos alunos do ensino médio têm nível insuficiente em português e matemática também revelou que há disparidades quando comparadas as proficiências das redes pública x privada, das escolas rurais x urbanas e ainda segundo o perfil socioeconômico dos alunos. Antes delas, a primeira diferença é a realidade de 15 estados, grupo que apresentou piora no desempenho em alguma das provas aplicadas pelo Sistema de Avaliação da Educação Brasileira (Saeb), do Ministério da Educação (MEC).

Pela primeira vez o Ministério da Educação definiu uma escala de proficiência a partir das notas. As pontuações representam níveis que revelam se a aprendizagem dos alunos está em um estágio inadequado, básico ou adequado. No 3º ano do ensino médio em matemática, por exemplo, pontuações entre 225 e 300 estão no nível inadequado de aprendizagem. O básico representa desempenho entre 300 e 375 pontos. Para atingir o que é considerado adequado é necessário ter entre 375 e 400 pontos.

Durante a apresentação dos dados na quinta-feira (30), o ministro da Educação, Rossieli Soares, disse que não é possível apontar uma única condição que influencia a aprendizagem e justifica a desigualdade. "Então, este é um desafio, porque a gente precisa garantir a esses alunos a mesma aprendizagem, a mesma qualidade”, disse.

Veja alguns destaques:

  • Mais da metade das unidades federativas apresentou piora de performance em pelo menos uma das avaliações aplicadas, na comparação com levantamentos anteriores. Esses estados estão espalhados por todas as regiões do Brasil, mas se concentram mais no Nordeste e no Norte. São eles AM, AP, BA, DF, MA, MS, MT, PA, PB, PE, RJ, RN, RR, SC e SP.
  • No Amazonas estão as maiores diferenças de desempenho entre alunos da zona rural e da zona urbana. Isso significa que um aluno que estude em uma região urbana, no Amazonas, aprende muito mais que aquele que, apesar de estar no mesmo estado, encontra-se no campo -- uma média de 35 pontos de diferença.
  • Considerando o desempenho dos alunos do ensino médio, o estado do Piauí é o que tem a maior desigualdade de desempenho entre alunos de escolas públicas (estaduais e municipais) e privadas: uma média de 80 pontos.
  • O estado de Goiás é o único que apresentou melhora em todas as provas realizadas em relação a 2015, e teve desempenho acima da média também em todas as avaliações. É também o estado com a menor variação de performance entre alunos das redes pública e privada: média de 40 pontos.
  • O estado do Ceará também é listado como um dos menos desiguais quando comparados os desempenhos de alunos de escolas públicas e privadas e dos mais ricos com os mais pobres.

Abaixo, separamos, por série (5º ano e 9º ano do ensino fundamental, e 3º ano do ensino médio), quais estados apresentam as maiores desigualdades:

5º ano - ensino fundamental

ESCOLAS PÚBLICAS (ESTADUAIS/MUNICIPAIS) E PRIVADAS

No Brasil, na prova de português, a média obtida pelas escolas públicas foi de 209,13 pontos e, nas particulares, 241,62 - uma diferença de 32,49 pontos. Já na de matemática, a disparidade é ainda maior: de 33,29 pontos (as públicas alcançaram média de 218,56 pontos e as privadas, 251,82).

Embora as médias das escolas particulares em português no 5º ano do ensino fundamental sejam mais altas se comparadas às do ensino público, elas também não atingem o nível de proficiência considerado adequado, segundo a escala definida pelo MEC.

Nesta etapa, para que o aprendizado seja considerado adequado em português, os alunos precisariam ter desempenho de pelo menos 275 pontos. Nenhum estado atingiu este indicador.

Em português, o Amapá, na região norte, com 55,08 pontos (públicas com 180,95 e particulares com 236,03). Em matemática, a maior diferença também foi no estado do Amapá51,59 pontos(estaduais/municipais com 188,1 pontos, e as pagas apresentaram desempenho médio de 239,69).

5º ano - média de pontos em português

ESTADOSPúblicasPrivadasDiferença
Amapá180,95236,0355,08
Sergipe181,85231,3949,54
Maranhão177,97226,8448,87
Rio Grande do Norte184,84233,0748,23
Pará184,23231,4847,25
Tocantins200,66247,1446,48
Paraíba189,07233,744,63
Piauí193,92237,1343,21
Espírito Santo214,09257,0642,97
Roraima198,97241,4142,44
Amazonas199,1240,4241,32
Mato Grosso205,59246,1840,59
Minas Gerais223263,5440,54
Bahia190,52230,9240,4
Alagoas189,26228,7339,47
Mato Grosso do Sul212,14248,5136,37
Rio Grande do Sul213,19249,536,31
Acre214,12249,3135,19
Pernambuco192,66226,9134,25
Rondônia209,95242,9332,98
Santa Catarina224,87256,7331,86
Rio de Janeiro209,4237,7828,38
Distrito Federal220,24246,9526,71
São Paulo225,75249,9424,19
Goiás215,93239,0223,09
Paraná225,62246,4720,85
Ceará217,9231,2213,32
Brasil209,13241,6232,49

ZONA URBANA E ZONA RURAL

Em nível nacional, na prova de português, há uma diferença média de 30,42 pontos no desempenho médio de estudantes de áreas urbanas (217,96) e rurais (187,54). E, em matemática, a disparidade é um pouco menor, de 28,69 pontos (227,33 de urbanas e 198,64 de rurais).

  • Em português, a maior diferença de resultado entre quem mora na zona urbana e na zona rural foi registrada no estado do Amazonas, no norte do Brasil: 41,62 pontos. Na cidade, média de 208,5 pontos e, no campo, 166,88.
  • Em matemática, Amazonas, no norte do país, também é o estado com a maior disparidade, com 37,86 pontos. No meio urbano, desempenho médio de 217,06 e, no meio rural, 179,2.

MAIS RICOS E MAIS POBRES

No Brasil como um todo, na prova de português, os estudantes das regiões mais ricas apresentaram desempenho médio 55 pontos maior do que os que residem nas localidades mais pobres (183 pontos dos mais humildes e 238 dos mais abastados). A diferença de 55 pontos também é vista em matemática. Só que, nesta disciplina, quem participou da prova teve desempenho melhor (ricos com 249 pontos e, os mais pobres, com 194).

Nos estados:

  • Em portuguêsAmazonas foi o estado que apresentou a maior desigualdade, com 59 pontos. Os mais ricos tiveram desempenho médio de 228 pontos, e os mais pobres, de 169.
  • Roraima, também na região norte, é o estado com maior diferença de desempenho na prova de matemática54 pontos. Mais ricos com média de 245 pontos, e os mais pobres, 191 pontos.

9º ano - ensino fundamental

ESCOLAS PÚBLICAS (ESTADUAIS/MUNICIPAIS) E PRIVADAS

No Brasil, na prova de português, os alunos das escolas públicas apresentaram desempenho de 251,58 pontos; já os das particulares alcançaram média de 293,81 -- uma diferença de 42,23 pontos. Em matemática, a disparidade é mais acentuada ainda: de 52,54 pontos. Quem frequenta escolas pagas teve média de desempenho de 302,47 pontos e quem é de escolas municipais e estaduais apresentou média de 249,93.

Nos estados:

  • Amapá é o estado com a maior desigualdade no desempenho entre alunos de escolas públicas e privadas na prova de português54,34 pontos. Nas escolas municipais e estaduais, média de desempenho de 230,78 pontos; nas pagas, de 285,12.
  • Já na prova de matemática, a maior desigualdade de desempenho foi registrada em Minas Gerais, único estado do sudeste que aparece nestes 'rankings': 68,56 pontos. Nas escolas públicas, desempenho médio de 257,41 e, nas privadas, de 325,97 pontos.

ZONA URBANA E ZONA RURAL

Em nível nacional, a diferença de desempenho na prova de portuguêsentre quem é do perímetro urbano e quem mora em área rural é de 24,8 pontos (nota média de 235,93 pontos no campo e de 260,73 nas cidades). Na prova de matemática, disparidade semelhante, de 24,94 pontos(rural com 235,82 e urbano com 260,76).

Nos estados:

  • Em português, a maior desigualdade foi registrada no estado do Amazonas, norte do país, com 36,94 pontos. No meio urbano, o desempenho médio foi de 257,46 pontos e, no rural, de 220,52 pontos.
  • Em matemática, o Amazonas aparece de novo como o estado com maior disparidade de desempenho entre quem é do campo e da cidade: 31,24 pontos (249,25 pontos obtidos no meio urbano, e 218,01 no meio rural).

MAIS RICOS E MAIS POBRES

Olhando para o Brasil como um todo, na prova de português, quem mora nas regiões mais ricas conseguiu apresentar desempenho 44 pontos maior na comparação com quem é das áreas mais pobres. Os mais abastados alcançaram média de 279 pontos, e os mais humildes não ultrapassaram os 235. Já em matemáticadiferença ainda maior, de 50 pontos. Os mais ricos tiveram média de 284 pontos, e os mais pobres ficaram com 234.

Nos estados:

  • Na prova de português, o Amazonas, na região norte, foi o estado com a maior desigualdade no desempenho: 50 pontos. Os mais ricos ficaram com 270 pontos, e os mais pobres com apenas 220.
  • Em matemática, a maior diferença também foi de 50 pontos, mas foi registrada no Distrito Federal, no centro-oeste. Os mais humildes chegaram aos 247 pontos apenas, e os mais ricos alcançaram a marca dos 297.

9º ano - média de pontos (perfil socioeconômico)

ESTADOSRicosPobresDiferença
Distrito Federal29724750
São Paulo29424549
Rio de Janeiro29124447
Amazonas26221844
Minas Gerais28724344
Piauí27423044
Roraima26822543
Tocantins28224042
Maranhão24720938
Rio Grande do Sul29025337
Alagoas27023436
Rio Grande do Norte26422836
Espírito Santo29125635
Santa Catarina29025535
Mato Grosso27123734
Pará25021634
Amapá24821533
Mato Grosso do Sul28225032
Bahia25622531
Paraná28425331
Acre26723730
Paraíba25923029
Sergipe26623729
Pernambuco26223824
Goiás28025822
Rondônia27025416
Ceará26925514
Brasil28423450

ESCOLAS PÚBLICAS (ESTADUAIS/MUNICIPAIS) E PRIVADAS

No Brasil, na prova de português, a média obtida pelas escolas públicas foi de 259,45 pontos e, nas particulares, 314,75 -- uma diferença considerável de 55,3 pontos. Já na de matemática, a disparidadechama ainda mais atenção: é de 70,09 pontos (as públicas alcançaram média de 259,39 pontos, e as privadas, de 329,48).

Nos estados:

  • Em português, o estado com a maior desigualdade no desempenho é o Piauí, na região nordeste, com 74,44 pontos. Os candidatos de escolas públicas apresentaram média de 246,08 pontos e os de escolas particulares ficaram com 320,52.
  • Em matemáticadiferença ainda mais considerável foi registrada no mesmo estado, Piauí, no nordeste: 86,79 pontos. Quem é de escolas pagas teve resultado médio de 336,32, e quem é das públicas foi avaliado, na média, com 249,53 pontos.

ZONA URBANA E ZONA RURAL

Em nível nacional, na prova de português23,96 pontos de diferença no desempenho de quem é do meio urbano e do meio rural. A média de quem é do campo foi de 244,49 pontos e, da cidade, de 268,45. Já olhando para matemática, a disparidade é semelhante, de 23,34 pontos (rural com 247,23 e urbano com 270,57).

Nos estados:

  • Em portuguêsAmazonas, na região norte, é, mais uma vez, o estado com a maior desigualdade35,54 pontos. Quem é do campo teve desempenho médio de 218,86 pontos e, no âmbito urbano, a nota obtida foi 254,4.
  • Em matemática, a maior diferença foi registrada no mesmo estado, Amazonas -- mas é um pouco mais tímida: 29,58 pontos. O meio rural alcançou desempenho médio de 221,31 e, no meio urbano, a nota alcançada foi 250,89.

3º ano - média de pontos em português

ESTADOSUrbanasRuraisDiferença
Amazonas254,4218,8635,54
Rio Grande do Norte253,77224,4229,35
Rio Grande do Sul279,24251,5327,71
Piauí257,94230,2927,65
Mato Grosso do Sul273,6248,2625,34
Maranhão254,07229,5224,55
Paraíba259,16235,5623,6
Sergipe266,41242,8623,55
Tocantins261,26238,9322,33
Roraima255,32235,2320,09
Amapá253,52235,1118,41
Minas Gerais275,86257,7318,13
Mato Grosso263,2247,1416,06
Rondônia268,33253,8814,45
Santa Catarina275,22260,7814,44
Pernambuco269,36255,2714,09
Paraná274,82260,8313,99
Bahia249,57236,3813,19
Rio de Janeiro274,48261,5112,97
Alagoas256,6245,511,1
Pará245,23235,469,77
Acre264,45255,029,43
Ceará266,28256,99,38
São Paulo274,06266,977,09
Goiás276,262706,26
Distrito Federal278,44272,256,19
Espírito Santo283,72281,811,91
Brasil268,45244,4923,96

No Brasil, na prova de português43 pontos separam a média obtida pelos que moram nas regiões mais ricas do país (que conseguiram 298 pontos) e os que residem nas áreas consideradas mais pobres (com 255 pontos). Na de matemática, a disparidade foi maior, de 52 pontos (mais humildes com 255 pontos e os que têm mais dinheiro conseguiram 307).

Nos estados:

  • Na prova de portuguêsdiferença de 74 pontos entre o desempenho dos mais ricos (que alcançaram os 329 pontos) e dos mais pobres (que não ultrapassaram os 255). Ela foi registrada no Distrito Federal, na região centro-oeste.
  • Já na de matemática101 pontos separam as médias obtidas pelos mais ricos (de 357 pontos) e pelos mais pobres (256). Onde foi registrada a maior desigualdade, considerando todos os estados brasileiros? Também no Distrito Federal, no centro-oeste.