Emprego e Renda
Comércio e serviços devem gerar mais de 7 mil vagas temporárias no Estado
Somente em Campo Grande, a estimativa é de 3 mil empregos; comerciantes estão otimistas com a Black Friday, Copa e Natal
Correio do Estado
29 de Outubro de 2022 - 08:45
Mato Grosso do Sul pode gerar mais de 7 mil vagas temporárias para o fim do ano, de acordo com a Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas de Mato Grosso do Sul (FCDL-MS). Desse total, 3 mil devem se concentrar em Campo Grande. Os dados foram projetados com base no ritmo de geração de emprego, queda do desemprego e boas perspectivas até o fim de 2022.
Dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Novo Caged) apontam que o mercado formal já acumula saldo positivo (resultado entre contratações e demissões) de 43,2 mil postos de trabalho em 2022, o maior número já registrado no período de nove meses. E os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que o desemprego caiu nos dois últimos trimestres.
A presidente da FCDL-MS, Inês Santiago, confirmou que a projeção é maior que em 2021. “Creio que o número será maior que 7 mil vagas”.
O mestre em economia Eugênio Pavão avalia como plausível o otimismo. “A expectativa do comércio é o crescimento das vendas em relação aos anos anteriores, com a recuperação da renda, alta do emprego e oferta maior para os consumidores”, analisa.
De acordo com o presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas de Campo Grande (CDL-CG) e secretário municipal de Inovação, Desenvolvimento Econômico e Agronegócio (Sidagro), Adelaido Vila, somente a Capital terá um grande incremento nas vagas temporárias neste fim de ano.
“Acreditamos que, pela movimentação e número de vagas oferecidas, mais de 3 mil trabalhadores entrarão no mercado neste período [até o fim do ano] como temporários. Nossa expectativa é positiva em todos os setores: varejista, bares, restaurantes, toda a rede varejista está bastante esperançosa. Até porque teremos Black Friday, Copa do Mundo e Natal. Então essa grande conexão de eventos vai gerar mais empregos”.
Levantamento da Confederação Nacional do Comércio (CNC) aponta a abertura de 1,95 mil vagas diretas somente no comércio varejista (roupas, calçados, acessórios, etc.). Sendo o segmento de hipermercados e supermercados o maior gerador de vagas.
Segundo a economista do Instituto de Pesquisa da Fecomércio-MS (IPF-MS), Regiane Dedé de Oliveira, a projeção levantada pela pesquisa é positiva. “Isso é muito bom, quando a gente compara aos anos anteriores. Em relação a 2021, tivemos um aumento de 500 vagas. Então, é um momento muito oportuno para aquela pessoa que está procurando um trabalho”.
O comentário da especialista releva o período de alto fluxo de clientes no varejo e que um bom trabalho neste momento pode ser um passo importante para a efetivação. “Muitas vezes, o temporário passa a ser efetivo dependendo da relação empregado/empregador que ele tem neste momento”, explica.
AÇÃO
Nos últimos meses, a PEC dos Benefícios turbinou até dezembro o Auxílio Brasil, passando de R$ 400 para R$ 600; liberou auxílios para caminhoneiros e taxistas no valor de R$ 1 mil por mês até o fim do ano; e auxílio gás dobrado para famílias carentes.
Pavão explica que a tendência é de aquecer o comércio com o dinheiro que é injetado na economia do Estado. “Para MS, os auxílios e os benefícios ajudam a economia a girar, aumentando o consumo, a receita pública, etc.”, resume.
O presidente da Associação Comercial e Industrial de Campo Grande (ACICG), Renato Paniago, diz que o cenário nacional e regional se desenham animadores, com auxílios liberados pelo governo federal, o aquecimento das compras por conta das próprias campanhas eleitorais que injetam dinheiro na economia e a chegada de três datas fortes para o comércio: Black Friday, Copa do Mundo e Natal.
“A economia está contratando, muitas empresas se deparam com aumento de demanda e oferta, mesmo assim, vemos uma crescente em vagas temporárias, decorrente deste ano anormal”.
Ele ainda diz que a falta mão de obra qualificada, não só técnica como também comportamental, acaba sendo um empecilho na tomada de decisão do empresário. “Essa é uma reclamação muito grande dos empresários. Como temos fim de ano de muito movimento no comércio, é claro que o que ele mais necessita é apoio. E isso é bom para todo mundo, entra mais dinheiro na economia e as pessoas têm mais poder de compra”, finaliza.
REAÇÃO
Com os estímulos e a economia dando mais folga para o trabalhador, alguns segmentos tentam aproveitar a boa onda no curto prazo. Como já noticiado pelo Correio do Estado na edição de 24 de setembro, o varejo de eletrodomésticos também segue aquecido.
A expectativa dos comerciantes é de crescimento de 80% para algumas categorias por conta da Copa do Mundo, além de alguns consumidores aproveitarem o momento para reformar o cômodo que abriga os televisores.
No caso do varejo de presentes, o sentimento é o mesmo. De acordo com Sara Samara, gerente de vendas de uma loja de perfumaria e cosméticos no centro de Campo Grande, a expectativa é muito alta para os próximos dois meses.
“Nosso grupo tem cerca de 22 lojas e quase todas estão precisando de trabalhadores temporários. Inclusive eu recebo uma funcionária temporária na próxima semana, já contratamos”, explica.
A gerente diz que o ciclo é muito positivo, pois o mês de novembro é de ofertas na rede.
“Essa próxima semana é um aquecimento para a Black Friday, que não tem esse nome aqui, teremos ofertas de até 60%, então o ritmo vai ser acelerado de agora até o fim do ano”, projeta.
Ela diz que por volta de 20 temporários serão contratados para as lojas durante o período, e que todos têm possibilidade de efetivação. Com uma estratégia um pouco diferente, a loja ao lado diz não ter nenhuma vaga nessa modalidade de contratação.
A gerente administrativa Jakeline Santana afirma que eles não fornecem trabalhos temporários nos finais de anos. “Nós optamos por contratar com carteira assinada, então já fechamos nossas contratações para o fim do ano no último mês”, comenta.