Emprego e Renda
Desemprego cai para 11,6% em outubro, mas ainda atinge 12,4 milhões, diz IBGE
Emprego sem carteira assinada e trabalho por conta própria voltaram a bater recorde.
G1
29 de Novembro de 2019 - 09:42
A taxa de desemprego no Brasil ficou em 11,6% no trimestre encerrado em outubro, atingindo 12,4 milhões de pessoas, segundo dados divulgados nesta sexta-feira (29) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Trata-se da primeira queda na série do indicador desde o trimestre encerrado em junho. No período entre maio e julho, a taxa estava em 11,8%. Já no trimestre encerrado em outubro do ano passado, a taxa foi de 11,7%. Veja gráfico abaixo:
Apesar de redução de 0,2 ponto percentual em relação ao trimestre que vai de maio a julho, o IBGE considera que houve que a taxa de desemprego segue estatisticamente estável.
A população ocupada no país somou 94,1 milhões, o que representa um avanço de 0,5% (mais 470 mil pessoas) em relação ao trimestre anterior e de 1,6% (mais 1,4 milhão de pessoas) em relação ao mesmo trimestre de 2018.
Já o número de desempregados recuou em 202 mil na comparação com o trimestre anterior, mas aumentou em 58 mil frente ao mesmo período do ano passado, quando eram 12,309 milhões de trabalhadores brasileiros desempregados.
Trabalho sem carteira e por conta própria batem novo recorde
Apesar do desemprego ainda alto, os dados do IBGE mostram que o mercado de trabalho prossegue em trajetória de recuperação gradual, ainda que puxada pelo avanço da informalidade, que em 2019 atingiu nível recorde.
“Isso já está consolidado. Não tem como a gente não observar esse movimento de alta da informalidade. Quando abrimos a análise, vemos que o emprego sem carteira assinada e o trabalho por conta própria são os que mais impulsionam esse movimento”, destacou a pesquisadora do IBGE.
No trimestre encerrado em outubro, o emprego sem carteira assinada e trabalho por conta própria voltaram a bater recorde.
A categoria por conta própria chegou a 24,4 milhões de pessoas, o que representa uma alta de 3,9% (mais 913 mil pessoas) em relação ao mesmo período de 2018.
A taxa de informalidade no mercado de trabalho ficou em 41,2%, o que representa uma estabilidade frente ao trimestre móvel anterior, reunindo um contingente total de 38,8 milhões de brasileiros.
Emprego com carteira
Já o número de empregados com carteira de trabalho assinada no setor privado somou 33,2 milhões, o que segundo o IBGE representa uma estabilidade na comparação com o trimestre anterior e na comparação anual.
Subutilização e desalento caem
A taxa de subutilização da força de trabalho caiu, passando de 24,6% no trimestre móvel anterior para 23,8%, o que representa 972 mil pessoas a menos. Mesmo assim, ainda são 27,1 milhões de pessoas nessa condição, o que representa uma estabilidade frente ao mesmo período de 2018.
O número de subocupados diminuiu 4,5% em relação ao trimestre anterior, com uma redução de 332 mil pessoas, atingindo 7 milhões de trabalhadores.
O número de desalentados (aqueles que desistiram de procurar emprego) também recuou, para 4,6 milhões, com queda de 4,5% (menos 217 mil pessoas) em relação ao trimestre móvel anterior, mas estatisticamente estável frente ao mesmo trimestre de 2018.
Setor de construção é destaque
Na análise por setores da economia, a maioria das atividades registrou estabilidade do número de ocupados. Apenas a agricultura registrou queda – cerca de 200 mil trabalhadores a menos – enquanto a única alta estatisticamente relevante foi observada no segmento de construção, com um aumento de 197 mil trabalhadores.
De acordo com a analista do IBGE, a melhora do trabalho na construção tem sido puxada pelo setor imobiliário, sobretudo na Região Sudeste, mas também tem caráter predominantemente informal.
“A ocupação na construção está crescendo porque ao longo do ano está tendo um incentivo tanto da parte de crédito para aquisição de imóveis, como venda de imóveis já construídos, o que impulsiona todo o setor imobiliário, demandando obras de reforma e acabamentos. O grosso desse aumento é de trabalhadores por conta própria e empregados sem carteira assinada no setor privado”, disse.
Rendimento fica estável, mas massa de rendimento cresce
O rendimento médio real do trabalhador ficou em R$ 2.317 no trimestre no trimestre encerrado em outubro, ante R$ 2.292 no trimestre anterior e R$ 2.298 na comparação anual. Já a massa de rendimento real foi estimada em R$ 212,8 bilhões.
Quando comparada ao trimestre móvel de maio a julho de 2019, cresceu 1,8%, ou cerca de mais R$ 3,7 bilhões. Segundo o IBGE, foi o primeiro aumento estatisticamente significativo desde o trimestre de agosto a outubro de 2017.
O aumento da massa salarial é um dos fatores que, juntamente com a queda dos juros e expansão da concessão crédito, tem contribuído para o aumento do consumo das famílias, que tem sustentado o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) em 2019.
Os dados do IBGE mostram , porém, que a renda do trabalhador informal é bem menor que a da média nacional do brasileiro. No trimestre encerrado em outubro, o rendimento médio de quem tem carteira assinada foi de R$ 2.185, ao passo que o do trabalhador sem carteira foi de R$ 1.319. Já a do conta própria foi de R$ 1.693.