Esporte
Brasileiro é ouro no Mundial de Atletismo Paralímpico e chora ao saber que vai a Tóquio
Campeão em Dubai, Júlio Agripino tem como guia Lutimar Paes, atleta que defendeu o país na Olimpíada do Rio.
Globo Esporte
08 de Novembro de 2019 - 16:15
O Brasil fechou o segundo dia de competições do Campeonato Mundial de Atletismo Paralímpico em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, com quatro medalhas. A mais surpreendente e emocionante delas por meio das passadas largas de Júlio Agripino e seu guia, Lutimar Paes, que levaram o ouro nos 1.500m da classe T11 (atletas de baixa visão).
A dupla venceu a final da prova com a marca de 4min07s02, deixando para trás o queniano Samuel Kimani (prata, com 4min08s47) e o polonês Aleksander Kossakowski (bronze, com 4min08s71). Júlio não se deu conta de que o triunfo representava uma vaga para os Jogos Paralímpicos de Tóquio, conforme estipulado pelo CPB (Comitê Paralímpico Brasileiro).
- É mesmo, né cara? (chora). Eu me sinto muito honrado. Pelo desempenho no Pan eu tirei um peso muito grande das costas. Eu sabia dos critérios, mas a final foi eletrizante, tão bruta que acabei me esquecendo dos detalhes - comentou, enquanto chorava.
- Só eu sei o quanto trabalhei com meus guias. Eu estou muito feliz. É meu primeiro título, em meu primeiro Mundial. Eu estava com essa vitória entalada na garganta, porque fui mal no Parapan de Lima -disse.
Júlio teceu inúmeros agradecimentos, mas dirigiu um especial para Lutimar. Ex-atleta da seleção brasileira de atletismo olímpica e com participação nos Jogos do Rio 2016, ele deixou de lado sua carreira solo para se aventurar como guia paralímpico.
- Eu me sinto muito honrado de poder ter um cara desse nível do meu lado, como o Lutimar. É um cara de Campeonato Mundial, Olimpíadas, Ibero-Americanos. E ouvi-lo gritar "vamos que você vai ser campeão mundial hoje" me emocionou - afirmou.
O próprio Lutimar contou que desfrutava daquela medalha de maneira diferente. Sem patrocínios, ele se aventurou no esporte paralímpico e teve sua primeira grande conquista.
- Eu participo ainda do esporte convencional, mas muito pouco. Eu perdi meus patrocínios, mas recebi um convite do CPB. Acreditei no trabalho e me sinto muito feliz - resumiu.
- Eu não estava 100%, meu cotovelo não estava bom. Eu estava melhor no Parapan. Mas foi o suficiente para conquistar esse ouro. Agora falta a medalha paralímpica! - afirmou.
Mateus Evangelista levou a medalha de prata na prova de salto em distância da categoria T37 (para paralisados cerebrais).
O brasileiro, que havia sido vice-campeão no Mundial anterior, em Londres 2017, obteve como melhor salto 6,10m. À sua frente ficou o chinês Peng Zhou (6,23m) e, com o bronze, o ucraniano Vladyslav Zahrebelnyi.
- Eu estava bem confiante. O primeiro salto não foi bom, mas aí eu fui entrando na prova. Foi me dando uma adrenalina, busquei o melhor salto. É trabalhar mais e daqui a pouco vou superar a marca que consegui na Paralimpíada do Rio - comentou o saltador.
Além do salto em distância, Mateus também disputará provas de velocidade. Ele acredita que a participação é um aperitivo para tentar novos pódios.
- Hoje, nesse Mundial, vim visando o salto, e visando também os 100m. Fazer o salto me ajuda nos 100m, então pode esperar algo diferente [nos 100m] - disse.
- Foi um bronze muito sofrido. Vinha de uma lesão no pé, sentia muita dor quanto saltava. Nunca havia passado por isso na minha vida, mas é um bronze com gosto de ouro - comentou a atleta, que tem tratado o pé direito desde o Parapan de Lima.