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Esporte

Brasilidades: Fred dava ‘migué’ para superar os treinos de ‘seu’ Juarez

Na infância, atacante conta que pai o orientava nas atividades e que até hoje ‘corneta’ as boas e as más atuações pelo Fluminense e pela Seleção

Globo Esporte.com

07 de Junho de 2013 - 09:35

Teófilo Ottoni, cidade localizada a 450km da capital Belo Horizonte. De lá, saiu o artilheiro da era Felipão, com quatro gols em quatro jogos. Antes de se tornar o camisa 9 da seleção brasileira na Copa das Confederações, o atacante Fred precisou trabalhar duro. E o esforço nem se compara ao que tem vivido nos últimos dias, na preparação para o torneio, que será disputado de 15 a 30 de junho.

Nem Cristiano Nunes, preparador físico do Fluminense, ou Paulo Paixão, da seleção brasileira. O “chefe” de Fred na infância era o pai, seu Juarez. E a rotina era profissional, como conta o próprio artilheiro, às gargalhadas.

- Quando era pequeno, ele era meu treinador. Montava programação semanal de treinos. Era o xerifão, cobrava muito. Fazia treinos físicos, de fundamentos, chute a gol. Ele me ensinou tudo o que eu sei. Se não fizesse tudo à risca, ele ficava uma arara e aumentava a carga no dia seguinte. Até hoje ele é corneteiro (risos).

A vida não era nada fácil. Pela manhã, Fred ia à escola. Na parte da tarde, os treinos com o pai. E de noite? Juarez até dava um refresco para o goleador do time canarinho, mas tudo tinha limite. O atacante saía com os amigos, mas sem abusos ou horários fora do comum.

Fred cumpria a rotina sem reclamar. Porém, revelou uma história curiosa das longas corridas que eram impostas pelo pai.

- Durante o treino físico que ele fazia comigo, eu precisava correr uma hora sem parar. No começo, eu fazia tudo direitinho. Depois, comecei a dar “migué”. Saía correndo e, quando ele não podia mais me ver, parava um pouquinho, molhava a camiseta e ia pra casa de ônibus (risos). Isso aconteceu até ele descobrir e começar a acompanhar a corrida de perto (risos). Aí não tinha mais como passar batido – contou o jogador, de 29 anos.

Enquanto trabalhava duro, Fred acompanhava Romário, Ronaldo e Rivaldo desfilando pelos gramados do planeta e balançando a rede dos rivais. Eram a inspiração. Mas o professor mesmo foi o pai, que merece todos os elogios do camisa 9 da Seleção comandada pelo técnico Luiz Felipe Scolari.

- Ele me ensinou tudo. Domínio de bola, finalização, a parte física... É meu espelho, meu maior incentivador. O cara que não me deixou desistir quando eu estava desanimado – contou o atacante.

Mas não foram apenas os fundamentos do futebol que Juarez ensinou para Fred. Outra característica do jogador chama atenção de quem acompanha as partidas do time canarinho e do tricolor das Laranjeiras.

- Ele sempre falou que se eu corresse na ponta do pé eu seria mais rápido e conseguiria arrancar melhor. Tinha treino para isso também (risos). Dava voltas no quarteirão correndo na ponta do pé para aprimorar isso. E até hoje é uma característica minha.

Juarez foi jogador. Segundo Fred, o pai dizia que atuava de zagueiro, mas poderia ser utilizado como volante ou meia-direita. Ele teve passagens por clubes do interior de Minas Gerais.

- Ele dizia para os amigos que era mais técnico do que eu. Brincava com ele e dizia que não jogava nada, que não tinha jornal, não tinha vídeo. Mas ele jogou muita bola, é um “boleirão” e tem muita história bacana.

E Fred não perdeu tempo em contar um dos “causos” de Juarez.

- Ele contava a de um jogo em que marcou o Dadá (Maravilha) e não o deixou fazer nada em campo. Ele falava “o Dadá não fez nada, nem andou em campo”. Mas, depois, encontrei o Dadá e ele me contou que foi 1 a 1. Perguntei de quem foi o gol, havia sido dele e disse: “O Dadá subiu tanto que seu pai viu o número da minha chuteira” (risos).