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Esporte

Carille explica permanência no Corinthians e diz ter vergonha das atuações: 'Não parece treinado'

Técnico entende que ainda mantém controle sobre o elenco e diz que multa rescisória não é problema para segurá-lo no Timão.

Globo Esporte

01 de Novembro de 2019 - 13:49

Um dia depois de decidir dar continuidade ao seu trabalho no Corinthians, Fábio Carille falou com a imprensa, garantiu que há clima para a sua permanência e disse que já iniciou o planejamento para a partida diante do Flamengo, domingo, às 16h (de Brasília), pelo Campeonato Brasileiro. Mas não escondeu que está desapontado com as atuações e revelou sentir vergonha sobre o desempenho do Timão em algumas partidas.

– Quero agradecer todo o Ibope de ontem, dia do fico, dia de não fico, é claro que depois do jogo passa tudo pela cabeça. Tenho uma diretoria que é experiente de vestiário, Andrés quantos anos têm? Duílio quantos anos tem? Se eles entendem que pode ser melhor, por que eu vou desistir? – questionou.

– Está sendo o primeiro momento de crise e eu tenho que enfrentar. Todos nós temos que melhor. Eu, jogadores. Claro que pós-jogo você pensa um monte de coisa, mas na viagem, ontem à tarde e à noite eu já comecei a planejar o jogo de domingo – disse o treinador.

Durante a coletiva, o treinador disse sentir vergonha do que o seu time tem mostrado em campo.

– (Sinto) Vergonha. Não preciso olhar como torcedor, não. Tenho que olhar como comissão e ser ciente daquilo. Vergonhoso, não parece um time treinado, parece que se junta no vestiário e vai para o jogo. Você passa informações e depois está na beira do campo e isso não é feito. Não está faltando raça, mas tecnicamente a gente tem que ser melhor – afirmou.

Há sete partidas sem vencer, o Corinthians tentará reagir justamente contra o líder do Brasileirão.

O Timão é o sétimo colocado, fora da zona de classificação para a Libertadores, com 45 pontos. Depois de Andrés Sanchez afirmar que há jogadores em clima de férias, Carille bateu no tema "concentração".

– O que a gente percebe e bate muito com o que o Andrés falou é que, tipo, o ano já acabou. Isso tem um por quê. É campeão paulista, sai na Copa do Brasil para o Flamengo, time que está jogando melhor, chega na semifinal da Sul-Americana. Depois que atingimos 45 pontos, chamou atenção a concentração dos atletas. Chamei atenção deles. Definiu o ano. Isso está sendo um desafio para mim, motivar os jogadores e fazê-los entender que tem que estar bem sempre e temos nove jogos agora. O nível de atenção é nítido que caiu depois que a gente atingiu uma pontuação.

Carille disse que não falta raça e que não há boicote contra o seu trabalho:

– Temos que jogar mais. Presidente acompanha, está no vestiário, acompanha. Ele é um cara experiente. Eu também estou há anos no vestiário. Se eu perceber que perdi o vestiário, eu saio. Jogadores não estão com corpo mole. Correndo o time está, senão estaríamos perdendo de mais e feio. Ouço que está faltando raça, não está, está faltando ter um entendimento maior como time – afirmou.

O técnico disse ainda que não acredita que seja a multa contratual que o impeça de ser demitido. O Timão deve valores para o técnico (cerca de R$ 4 milhões) e teria de pagar cerca de R$ 6 milhões ao técnico em caso de rescisão unilateral.

– A primeira pergunta tem que ser feita para o Corinthians, não por mim. Contratos são para ser cumpridos. São para ser cumpridos e para ser conversados também. Quando eu saí do Corinthians para a Arábia, fui lá e paguei. Quando eu voltei para o Corinthians, fui lá e paguei. Não sei quem deu essa informação, são as famosas fontes, estou muito tranquilo e, se o Andrés está me mantendo no cargo, não é por dinheiro. Dever R$ 400 milhões ou R$ 410 milhões não muda nada. Se eu tivesse perdido o vestiário, já estaria fora. Não vamos nos apegar dinheiro, isso é história para boi dormir.

O jogo entre Flamengo e Corinthians terá transmissão da Rede Globo para todo o Brasil com narração de Luis Roberto e comentários de Casagrande e Júnior. O Premiere também exibe a partida, com narração de Jader Rocha e comentários de Ricardinho. O GloboEsporte.com acompanha em tempo real, com vídeos, e transmite ao vivo as entrevistas pós-jogo dos dois times.

Veja mais trechos da coletiva:

Balanço de 2019

– É um trabalho bom. Sou muito grato ao que o Corinthians fez, veio até mais jogador do que eu imaginava. Foi um ano de reconstrução, conquistamos até alguns objetivos. Dentre 60 times, chegar numa semifinal (da Sul-Americana), até com desequilíbrios no time... Isso é claro, eu passo até para eles. Não é ruim, mas podia ser melhor. Faltam algumas características no nosso elenco, isso é claro. Considero um ano bom, mas que poderia ser melhor.

Multa contratual te prende?

– Não me preocupo muito com a parte financeira, minha vida melhorou muito de 2017 para cá. Outro dia Andrés falou da dívida do clube. É R$ 400 e pouco milhões. Quem deve R$ 460 milhões deve R$ 470 milhões. Não é multa que vai me prender aqui. Se está um clima ruim, não é dinheiro que vai segurar. Se eu quiser sair ou se o clube quiser mandar embora... Esquece! Dívida se faz o tempo todo, parcela em 400 vezes que nem Casas Bahia. A minha multa é muito pouco para o problema do Corinthians, muito pouco. E não são os valores que estão sendo divulgados, é bem menos.

Corinthians não encaixa contra time que gosta de ficar com a bola?

– Só discordo que não é só contra times assim, não. Times que baixam a marcação também. Quando você pega time que gosta de ficar com a bola, você tem que ficar na frente. Precisamos ser mais agressivos, e a gente não tem (opções). Isso é claro, nítido, é uma realidade. Faltam peças para que a gente possa jogar contra qualquer tipo de jogo, movimentações dos meias, jogadores que abrem linha de passe. Essa é nossa busca, enquanto eu estiver aqui participo do planejamento de 2020. Quando falta um grupo mais equilibrado, não digo que time seja ruim.

Reunião com torcida organizada

– Não participei, eles não queriam falar comigo. Em outros momentos já aconteceu de eu falar com eles e foi muito bom. Prefiro isso do que agressão, saber o que eles pensam com paixão, como torcedor. Não sei como foi a conversa. Quando eles estavam falando, eu fui embora. Se não falaram comigo, é porque não tinha que saber. Mas agressão, como temos visto por aí, contra Palmeiras e São Paulo, é coisa que tem que acabar.

Você virou retranqueiro?

– Como não aconteceu nada. De 2018 para cá eu tenho dois ou três jogadores, característica mudou. Falam de retranca, mas terminei o jogo contra o Vasco com Pedrinho, Jadson, Clayson, Janderson e Gustavo. Que retranca é essa? Falando de 2018, lembro de gol contra o Paraná que ficamos um minuto e 17 segundos com a bola. Enchemos o campo, é algo que o Flamengo vem fazendo. A gente está conhecendo alguns jogadores nesse momento de pressão, não é fácil jogar no Corinthians. Meus pensamentos de futebol são os mesmos.

Mudanças sem vaga na Libertadores?

– O presidente já deixou claro, mudança de tudo, direção, atletas, comissão e tudo mais. Questão de motivação, essa pressão que vem acontecendo é natural, de torcida, presidente, tudo que está acontecendo. A gente tem que se mexer para alcançar nossos objetivos.