Esporte
Cotia, lado "psicólogo" e salário: por que o São Paulo escolheu Autuori
Diretoria espera que novo técnico dê muitas chances aos garotos da base, e conquiste grupo, abalado e insatisfeito com Ney Franco, na conversa
Globo Esporte.com
11 de Julho de 2013 - 10:46
A decisão do São Paulo de contratar Paulo Autuori para treinar a equipe causou todo tipo de reações. Ela foi tomada numa reunião no último fim de semana, na qual a diretoria definiu alguns aspectos que seriam importantes, e que explicam, por exemplo, por que Muricy Ramalho, favorito de grande parte da torcida, não foi o primeiro nome da lista. Autuori chega nesta quinta para assinar contrato.
Em enquete realizada no programa "Arena SporTV", mais de 90% dos votos foram para Muricy, tricampeão brasileiro pelo Tricolor entre 2006 e 2008. Porém, o departamento de futebol do clube entende que Autuori, campeão da Libertadores e do Mundial em 2005, é mais adequado para o momento conturbado que vive o São Paulo, dentro e fora de campo.
Ambos têm histórico vitorioso na equipe, e, por isso, na avaliação da diretoria, chegariam com respaldo de dirigentes, comissão técnica e jogadores. Mas Paulo Autuori, que se desligou do Vasco na última terça-feira, é o que mais reúne características determinadas pelo presidente Juvenal Juvêncio, o diretor Adalberto Baptista e o vice-presidente João Paulo de Jesus Lopes. A que mais pesou foi a utilização de garotos das categorias de base. Por isso, Autuori chega à capital paulista na manhã desta quinta. À tarde, já comanda o primeiro treino no CT.
Em sua primeira passagem, Autuori lançou atletas como Hernanes, Jean e Denilson - que está no elenco atual após defender o Arsenal por cinco temporadas. A maior crítica a Muricy Ramalho durante sua trajetória no Morumbi era justamente a de preferir indicar reforços considerados medianos em vez de revelar jovens. Em três anos e meio, a diretoria considera que apenas o zagueiro Breno foi descoberto pelo técnico, que está desempregado.
Razões pelas quais a diretoria do São Paulo decidiu por Paulo Autuori
No Santos, último clube de Muricy, a reclamação dos cartolas foi exatamente a mesma. O treinador se defendeu, alegando que deu chance a mais de 20 jogadores que vieram da base. Os clubes dizem que ele não dá oportunidade para que os atletas se firmem na equipe, e a grande maioria acaba sendo "queimada".
Os homens do futebol tricolor também diagnosticaram sérios problemas psicológicos no grupo, que vem de maus resultados, uma eliminação vexatória na Libertadores, e insatisfação generalizada com o último comandante, Ney Franco. Para eles, Paulo Autuori poderia devolver a estabilidade mais rapidamente. Por onde passa, ele costuma ter a aprovação dos atletas.
Na última quarta-feira, por exemplo, o lateral-esquerdo Fábio Santos, do Corinthians, citou o treinador como "pai" em sua entrevista coletiva. Comandado por Autuori no São Paulo, Kashima Antlers e Grêmio, o jogador destacou o diálogo e a compreensão do técnico como pontos positivos. Quem também já fez vários elogios é Rogério Ceni. O goleiro cita a preleção do comandante, na véspera da decisão do Mundial contra o Liverpool, como decisiva para o título.
A questão salarial também pesou. O favorito ao cargo tinha contrato de cerca de R$ 200 mil no Vasco, enquanto Muricy recebia um valor próximo dos R$ 700 mil no Santos. Juvenal Juvêncio sabe que o ex-treinador do Peixe aceitaria uma redução considerável para voltar ao São Paulo, seu time do coração, mas os outros fatores ajudaram a pesar na balança.