Esporte
Dilma exige mudanças na segurança da Copa após incidente com Seleção
Seria péssimo para a imagem dos jogos, do Brasil e do Rio, que um incidente igual ocorresse na chegada dos convidados
O Globo
28 de Maio de 2014 - 11:00
O incidente de segunda-feira no Rio com a delegação brasileira de futebol, que teve o ônibus cercado e tocado por manifestantes no primeiro teste da segurança da Copa do Mundo, irritou a presidente Dilma Rousseff (PT) e causará mudanças na segurança das delegações que virão à cidade para os jogos.
Dilma pediu explicações e determinou que o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, e o general José Carlos de Nardi, chefe do Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas, viessem ao Rio.
Os dois chegaram na terça-feira à tarde e se reuniram com o secretário de Segurança do Rio, José Mariano Beltrame, no Centro Integrado de Comando e Controle Regional.
O encontro só deveria ocorrer nesta quarta-feira, mas foi antecipado. Na terça-feira, em encontro com empresários, Dilma afirmou que não haverá baderna na Copa do Mundo.
Apesar de avaliar oficialmente que as medidas de segurança planejadas foram executadas, e que não houve riscos para a delegação brasileira, o Ministério da Defesa admitiu em nota enviada ontem ao Globo que, diante dos acontecimentos, diversas outras medidas serão aprimoradas para evitar que fatos dessa natureza ocorram. A primeira delegação que participará da Copa, a Austrália, chega nesta quarta ao Brasil.
Na terça-feira, pelo segundo dia seguido, a segurança de eventos relativos à Copa apresentou falhas, dessa vez causando transtornos em Brasília e interrompendo a apresentação da Taça Fifa, que será entregue à seleção campeã mundial e estava sendo exibida no estacionamento do Estádio Mané Garrincha. Um protesto de 1.000 pessoas, segundo a PM (Polícia Militar), parou a capital federal.
Além dos jogadores brasileiros, ficarão no Rio treinando para a Copa três seleções: Inglaterra, Itália e Holanda. As duas últimas chegam em 6 de junho; Inglaterra é esperada para o dia 8.
A delegação do Camarões também desembarca no Rio, mas segue para o Espírito Santo. A primeira delegação que participará do Mundial, a Austrália, chega hoje ao Brasil.
Seria péssimo para a imagem dos jogos, do Brasil e do Rio, que um incidente igual ocorresse na chegada dos convidados. Por exemplo: que a delegação inglesa ficasse em meio a uma manifestação no caminho do treino afirmou um oficial do Rio envolvido na segurança do evento.
A segurança da Copa é dividida em três níveis: Defesa, com as Forças Armadas à frente; Segurança Pública, coordenada pela Polícia Federal, com apoio da segurança pública local; e Inteligência, liderada pela Abin (Agência Brasileira de Inteligência).
Na opinião de pessoas ligadas ao planejamento, as falhas ocorreram nos dois primeiros eixos, já que o setor de Inteligência informou que haveria manifestantes na chegada da delegação brasileira ao Rio, tanto no aeroporto, no hotel, como na Granja Comary, em Teresópolis.
O cerco à delegação brasileira pelos manifestantes assustou os jogadores, mas atingiu principalmente a presidente Dilma Rousseff (PT): levando em consideração o retorno que recebeu dos responsáveis pela segurança do evento, ela assegurou, em recente jantar com jornalistas esportivos no Palácio do Planalto, que ninguém iria encostar a mão nas delegações das seleções.
No planejamento da segurança da Copa, só o Rio terá 20 mil homens das forças de segurança federal, estadual e municipal mobilizados para atuar durante todo o evento.
Um efeito tão grande tornou ainda mais difícil aceitar que a seleção tenha passado por cena tão constrangedora: eram cerca de 70 pessoas, entre professores das redes municipal e estadual, que estão em greve, e apoiadores do movimento. Apenas 30 policiais estavam presentes no local.
A segurança não funcionou. Ficou claro. O plano de segurança, por melhor que seja, é inútil se não for efetivamente executado. O material humano empregado na operação precisa estar devidamente equipado, treinado e motivado.
A polícia, em um caso como esse, precisa usar os meios mínimos necessários em diferentes gradações de uso da força legal, de modo preventivo e/ou repressivo, não perdendo nunca o controle da situação, como aconteceu ontem afirmou o delegado federal aposentado Antônio Rayol, que coordenou grandes encontros de chefes de Estados no Rio, como a Conferência Mundial de Meio Ambiente, a Rio-92.