Esporte
Vaias, recorde, bolada e até bronca no árbitro: a estreia de CR7 na Copa 2014
Ovacionado no aquecimento, craque vai do céu ao inferno em 90 minutos, vê o show de Müller e fracassa em seu primeiro jogo como o melhor do mundo em Mundiais
Globo Esporte
17 de Junho de 2014 - 08:30
A confiança e o bom humor na véspera pareciam inabaláveis. Ao lembrar o retrospecto positivo da Alemanha nos últimos confrontos diretos, Cristiano Ronaldo sorriu e disse ter certeza de que a hora de Portugal havia chegado. O melhor jogador do mundo só não esperava que sua convicção fosse derrubada com tamanha facilidade.
Do campo, ele se viu impotente diante da superioridade alemã e do show de Thomas Müller. No dia que igualou o recorde de Simão e se tornou o jogador com o maior número de jogos pela seleção em Copas do Mundo, o capitão foi dos aplausos às vaias.
Levou uma bolada na cara e se desesperou a ponto de dar uma bronca no árbitro após suposto pênalti em Éder. Ali, o craque era o retrato do sentimento do povo lusitano na estreia do Mundial.
Cristiano é quase um exército de um homem só. Por mais de uma vez, o jogador se desmarcou e não recebeu a bola por erros de passe. Por mais de uma vez, reclamou com os companheiros diante de tantos erros. Foram pelo menos quatro arrancadas em alta velocidade desperdiçadas no primeiro tempo e apenas dois chutes a gol na etapa inicial: um sem direção, e outro que obrigou o goleiro Manuel Neuer a fazer boa defesa.
Em 90 minutos, o melhor jogador do mundo foi dos aplausos às vaias. Seu nome foi de longe o mais ovacionado quando as escalações foram anunciadas. Antes mesmo de a bola rolar, o craque ganhou ainda mais a simpatia do público ao atirar para a arquibancada a camisa que utilizou no aquecimento. A peça caiu nas mãos de uma mexicana sortuda.
CR7 contra a Alemanha
Chutes a gol: 7
Faltas recebidas: 2
Gols: 0
Assistências: 0
Distância percorrida: 9,1 km
Velocidade máxima: 29,95 km/h
De quebra, Cristiano completou 11 partidas em Copas e igualou o recorde de Simão como o português com o maior número de jogos na competição. Mas vai sempre se lembrar da última segunda-feira como o dia no qual assistiu ao passeio alemão de camarote. Nem mesmo as orientações e os pedidos de calma aos companheiros após o primeiro gol surtiram efeito. Pouco depois veio o segundo e a expulsão de Pepe. Pior: CR7 ainda levou uma bolada no rosto após chute de Miguel Veloso.
Os aplausos logo viraram vaias. Com a vitória parcial, os alemães começaram a pegar no pé do atacante. A cada cobrança de falta, uma vaia. E foram três no segundo tempo, sendo duas na barreira. No segundo erro, aliás, Cristiano conseguiu representar em apenas um lance a atuação desastrosa de sua equipe ao acertar o único homem da barreira.
O desespero era tanto, que o craque até arriscou um chute da intermediária - sendo outra vez interceptado. Mas chegou ao ápice quando Éder caiu após choque com o zagueiro Mertesacker dentro da área. Convicto do pênalti, ele partiu desesperado para cima do juiz. Reclamou, gritou, abriu os braços. Em vão. Cabisbaixo, deixou o campo e o estádio em silêncio. Afinal, na primeira vez que entrou em campo em uma Copa ostentando o posto de melhor jogador do mundo, CR7 não teve motivo algum para sorrir.