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Geral

Crise no Pantanal aumenta demanda por veterinários com animais silvestres

Até setembro desse ano, o Cras já atendeu 2.867 animais, grande parte em decorrer de incêndios.

Folha de Campo Grande

16 de Setembro de 2024 - 10:39

Crise no Pantanal aumenta demanda por veterinários com animais silvestres
Animais que foram resgatados e estão sendo tratados no Cras. Foto: Divulgação

A crise ambiental no Pantanal está deixando marcas profundas na vida silvestre. Com o aumento dos incêndios, o número de animais feridos e órfãos tem crescido exponencialmente, sobrecarregando os centros de atendimento especializados.

O Hospital de Animais Silvestres, Hospital de Animais Silvestres Ayty, em Mato Grosso do Sul, já registrou um aumento significativo no número de atendimentos em 2024, com destaque para mamíferos como onças-pintadas e tamanduás, vítimas frequentes de incêndios e outros conflitos com o homem.

Do início do ano até setembro, o Hospital pelo Imasul (Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul), já prestou atendimento a 2.867 animais. Nos anos anteriores, a média é de 2.500 atendimentos nos 12 meses, uma clara demonstração da crescente demanda por cuidados especializados.

Mamíferos, como onças-pintadas e tamanduás, compuseram 14,48% dos atendimentos, representando 415 animais. De acordo com o Imasul, esses resgates frequentemente resultam de incêndios, acidentes rodoviários e invasão de áreas urbanas. No hospital em Campo Grande, pelo menos 12 animais vítimas de queimadas já foram tratados em 2024.

Esse cuidado especializado muitas vezes é direcionado aos filhotes que são feridos nos incêndios, acabam perdendo as famílias e precisam ser reabilitados para voltar a natureza. Esses são conhecidos como “órfãos do fogo”.

Para alguns animais nessa situação, o prejuízo pode ser irreversível. Isto é, muitos não podem voltar para natureza. A gestora do hospital especializado, Aline Duarte, explica que a chance de retorno à natureza depende de diversos fatores, como a gravidade das lesões e o estado do animal no resgate. Durante a recuperação, eles precisam se adaptar ao cativeiro e responder ao tratamento.

“No caso dos filhotes, o processo é mais delicado. Eles precisam passar mais tempo no CRAS, desenvolvendo habilidades de sobrevivência e mantendo o distanciamento necessário dos humanos para que possam ser reintegrados à natureza”, relatou a especialista.

É a situação de muitos animais que estão no CRAS (Centro de Reabilitação de Animais Silvestres). Em setembro, um filhote de anta sofreu queimaduras graves nas quatro patas e não vai poder se alimentar ou movimentar sozinho na natureza.

No mesmo mês, dois filhotes de gatos palheiros foram resgatados pela PMA (Polícia Militar Ambiental) no fogo do Pantanal em Miranda, e também não se sabe se vão poder voltar ao habitat natural.

Além deles, dois filhotes de lobinhos também foram resgatados em um incêndio em área urbana em Dourados esse ano. Os dois com a saúde comprometida.

A gestora do hospital indica o quanto os incêndio são prejudicais para os animais. “Eles perdem seu habitat natural, incluindo abrigo, fontes de alimento e água. As queimaduras resultantes causam lesões físicas graves, além de os animais frequentemente sofrerem desidratação, desnutrição e problemas respiratórios devido à inalação de fumaça.”

De acordo com ela, os animais resgatados nessas situações chegam ao CRAS geralmente debilitados, desidratados, desnutridos e, em muitos casos, com ferimentos graves e queimaduras severas, e lutam pra sobreviver.