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Geral

Esquema de pirâmide usava moeda virtual, ostentação e até Neymar

Polícia Civil e Ministério Público do DF desencadeiam operação contra empresa que pode ter lesado 40 mil investidores e movimentado 250 milhões de reais.

Veja.com

23 de Setembro de 2017 - 09:47

A Polícia Civil do Distrito Federal e o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) deflagraram nesta quinta-feira a Operação Patrick, tendo como alvo a empresa Wall Street Corporate, suspeita de liderar uma organização criminosa, estelionato, lavagem de dinheiro, uso de documentos falsos e crime de pirâmide financeira por meio do uso de uma moeda digital falsa chamada Kriptacoin.

Foram cumpridos 13 mandados de prisão preventiva e 18 de busca e apreensão no Distrito Federal, Águas Lindas (GO) e Goiânia. Segundo a Polícia Civil, o esquema pode ter movimentado 250 milhões de reais. O número de investidores – que eram convencidos a aplicar dinheiro na moeda digital e depois eram lesados – pode ter chegado a 40 mil pessoas, segundo a 1ª Promotoria de Justiça de Defesa do Consumidor (Prodecon), do MPDFT.

De acordo com as investigações, o esquema passou a ser articulado no final do ano passado e consolidado no Distrito Federal no início de 2017. Os integrantes da organização prometiam aos clientes altos rendimentos com o negócio, com o ganho de 1% ao dia sobre a moeda virtual falsa. O resgate, entretanto, só poderia ser feito após um ano.

Reuniões eram marcadas para legitimar o negócio, além de um investimento em propagandas tanto na internet quanto na televisão. Segundo a polícia, uma vítima aplicou quase 200.000 reais no negócio sem retorno e, ao tentar fazer o resgate, foi ameaçada pelos membros do esquema.

A pirâmide financeira é um golpe antigo, que se vale basicamente da seguinte estratégia: cada investidor cooptado precisa atrair um determinado número de outros investidores (e é remunerado por isso), que vão conquistando outros investidores aumentando a base da pirâmide até que a situação se torne insustentável. Geralmente, ganham dinheiro os idealizadores do golpe e, em menor escala, os primeiros investidores.

A polícia descobriu, ainda, uma lista com cerca de 20 nomes falsos que eram utilizados pelo grupo. As apurações revelaram também uma divisão de tarefas, com a participação de um falsificador de documentos e o auxílio de um policial civil aposentado, que atuava como uma espécie de advogado da empresa.

As primeiras atividades dos irmãos presos na operação de hoje datam de 2005. Em 2011, eles foram presos por estelionato – segundo a polícia, os dois abriam e movimentavam contas bancárias de forma ilícita. Além disso, Welbert Richards acumula denúncias de posse de drogas, agressão enquadrada na Lei Maria da Penha, calúnia e ameaça.

Ostentação, Neymar e Sheik

Welbert Richards e Weverton Marinho, irmãos presos hoje na operação e sócios da empresa que utilizava a moeda digital, ostentavam uma vida de luxo. Viviam rodeados por carros importados, roupas de marca e jóias caras. A boa apresentação era utilizada para atrair investidores e demonstrar o sucesso de seu negócio. No último sábado, o grupo reuniu milhares de pessoas na segunda edição da Kripta Music Festival, evento realizado para promover a marca.

O grupo também utilizava as redes sociais para divulgar supostas parcerias com celebridades. Além dos jogadores de futebol Neymar, do Paris Saint-Germain, e Emerson Sheik, da Ponte Preta, o grupo dizia que o cantor Eduardo Costa tinha negócios com a empresa – a assessoria do artista negou qualquer vínculo dele com o grupo. Em áudios divulgados também nas redes sociais, os donos da empresa falavam de negócios milionários com empresários russos e atletas de futebol famosos.