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Meteorito raríssimo cai no Brasil e vira objeto de estudo de cientistas
Segundo geólogos, o meteorito é raro já que trata-se apenas do terceiro eucrito que caiu no Brasil. Especialista de Santos foi responsável pela identificação
G1
01 de Agosto de 2017 - 15:02
Um pesquisador de Santos, no litoral de São Paulo, foi o responsável por identificar um meteorito que caiu ao lado de uma escola na Vila de Serra Pelada, no Pará. Paulo Anselmo Matioli, mestre em Geologia pela Universidade de São Paulo, foi o primeiro cientista a ter acesso as amostras das rochas e foi responsável por confirmar que se tratavam de fragmentos de um eucrito, um tipo raro de meteorito originário do asteróide Vesta.
Por meio das redes sociais, Matioli recebeu fotos da amostra de um material rochoso. O rapaz que postou a imagem era o geólogo Marcílio Cardoso Rocha, morador de Marabá, cidade localizada na microrregião de Parauapebas. Ele buscava ajuda de outros pesquisadores que pudessem identificar aquele material rochoso, que ele desconfiava ser de um meteorito.
Ele falou que caiu em Curionópolis e que ele morava em Marabá. Pedi para ele mandar um pedaço para eu fazer algumas análises. Quando ele mandou o pedaço, eu já tinha comprado a passagem aérea. Não ia perder a oportunidade. Na hora que eu vi o objetivo, sabia que era um eucrito (tipo de meteorito), conta Matioli.
No dia 19 de junho, o pesquisador santista embarcou para o Pará e conheceu, pessoalmente, o geólogo Marcílio Cardoso Rocha. Filho de garimpeiro, o paraense nasceu e cresceu na Vila de Serra Pelada, famosa área de garimpeiros pertencente ao município de Curionópolis, e foi estudar em Marabá.
Marcilio contou ao geólogo santista que a queda do meteorito ocorreu no dia 29 de junho, próximo a escola pública Rita Lima de Sousa. Quando as pessoas viram o acontecimento, acionaram o geólogo, um dos poucos conhecedores do assunto naquela região. Porém, como não era especialista em meteoritos, ele resolveu procurar ajuda.
De madrugada, os dois pesquisadores saíram de Marabá rumo a Serra Pelada. Eles conversaram com dezenas de moradores que ouviram ou viram uma espécie de explosão, deram detalhes do fenômeno e mostraram as amostras coletadas.
Nunca fui tão bem tratado. As pessoas são humildes e verdadeiras. O meteorito caiu há poucos metros de uma escola, no dia 29 de junho, entre 10h e 11h. Os moradores escutaram várias explosões no ar. A rocha, quando está caindo, provoca um som muito parecido com a turbina de um avião. Vem em uma velocidade muito alta, de até 70 km por segundo. Quando ele está próximo, o ar está mais denso, provoca uma luz e explode. São vários sons, ocorre um rastro de fumaça. As pessoas viram e escutaram isso, afirma Matioli.
Segundo os pesquisadores, o barulho da explosão foi ouvido em vários municípios da região. Muitos acharam que era uma bomba, a queda de um avião ou de um pedaço de ferro, já que próximo a Vila existe o Projeto Serra Leste, da Vale, que realiza a extração de minério.
No momento da queda do meteorito, crianças e funcionários estavam dentro da escola Rita Lima de Sousa. Todos ficaram com medo, por causa do forte barulho. Logo depois, todas as pessoas da escola saíram para ver o que tinha acontecido. Uma aluna pegou várias amostras, utilizando a própria blusa, e foi distribuindo para os professores e amigos. A auxiliar de secretaria da escola, Luziane Vera de Melo, de 29 anos, foi quem pegou um dos primeiros e maiores pedaços da rocha. Ela postou uma foto nas redes sociais e acionou o amigo Marcílio.
Após ouvir diversos depoimentos, os moradores não tiveram dúvidas de que realmente se tratava da queda de um meteorito em solo brasileiro, um fragmento que veio do espaço e entrou na Terra. Eu já sabia quando vi a foto e, quando recebi a amostra, já confirmei. Quando cheguei lá, vi que as amostras faziam parte de um bloco com a mesma identidade, disse Matioli.