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Relatório da ONU pede continuidade de políticas de combate à fome no Brasil
O Brasil é um dos países da América Latina e do Caribe que poderá alcançar o Objetivo de Desenvolvimento Sustentável.
ONU
14 de Outubro de 2017 - 10:19
Relatório da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) e da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) mostrou que o Brasil manteve o indicador da fome abaixo dos 2,5% nos últimos anos, o que faz com que a meta de erradicação possa ser cumprida em 2030 caso haja continuidade de políticas públicas voltadas às populações mais vulneráveis.
"Hoje, o Brasil é um país de referência em políticas públicas de combate à fome. Mas para que continue no caminho certo e atinja a meta até 2030, é necessário que os investimentos em políticas públicas focadas às populações mais vulneráveis continuem acontecendo de maneira efetiva", destaca Alan Bojanic, representante da FAO no Brasil.
O Brasil é um dos países da América Latina e do Caribe que poderá alcançar o Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS) número 2, que trata de atingir a fome zero até 2030.
A conclusão é de relatório divulgado na terça-feira (10) pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) e a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS).
Segundo o "Panorama da Segurança Alimentar e Nutricional na América Latina e no Caribe 2017", o Brasil manteve o indicador da fome abaixo dos 2,5% nos últimos anos, o que faz com que a meta de erradicação possa ser cumprida em 2030 caso haja continuidade dos investimentos em políticas públicas voltadas às populações mais vulneráveis.
"Hoje, o Brasil é um país de referência em políticas públicas de combate à fome. Mas para que continue no caminho certo e atinja a meta até 2030, é necessário que os investimentos em políticas públicas focadas às populações mais vulneráveis continuem acontecendo de maneira efetiva", destaca Alan Bojanic, representante da FAO no Brasil.
Em 2012, o país já havia alcançado as metas da ONU referentes aos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM), vigentes até 2015, que previam a redução pela metade do número de pessoas passando fome, em uma proporção inferior a 5% da população. Os ODM deram lugar aos ODS, cujo prazo é 2030.
Fome aumentou na América Latina e no mundo
As últimas estimativas da FAO dão conta de um aumento da subalimentação no mundo, que atingiu 815 milhões de pessoas em 2016, o equivalente a 11% da população global. Trata-se de um aumento de 38 milhões de pessoas na comparação com 2015.
A América Latina e o Caribe seguiram essa tendência de aumento. Em 2016, houve uma prevalência de 6,6% da subalimentação na região, aumento de 0,3 ponto percentual frente a 2015.
Isso significa que 42,5 milhões de latino-americanos e caribenhos não contam com os alimentos necessários para suprir sua demanda energética diária, um aumento de 2,4 milhões frente ao ano anterior.
Se esta tendência não se modificar, a região latino-americana e caribenha não cumprirá a meta de erradicar a fome e a má nutrição até 2030, comprometida com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).
Na América do Sul, a fome passou a afetar 5,6% da população em 2016, frente a 5% no ano anterior. Na Mesoamérica (América Central e México), a proporção de pessoas com fome caiu de 6,7% em 2015 para 6,5% em 2016. No Caribe, também caiu de 18,4% para 17,7% no mesmo período.
O relatório afirma que, apesar do aumento da prevalência da subalimentação na região latino-americana e caribenha, 21 países apresentaram queda em sua proporção de pessoas subalimentadas no período entre 2014 e 2016.
A Venezuela registrou uma alta de 1,3 milhão de pessoas subalimentadas entre 2014 e 2016, enquanto Argentina e Peru também registraram aumentos de 100 mil pessoas.
Bolívia, Chile, Equador e Paraguai mantiveram o número de pessoas subalimentadas entre 2013 e 2015 e 2014 e 2016, enquanto a Colômbia conseguiu reduzir o número de pessoas subalimentadas de 3,7 milhões para 3,4 milhões no mesmo período.
Entre 2014 e 2016, o Haiti foi o país da região que apresentou uma maior proporção de subalimentação, com quase 47% de sua população, o equivalente a quase 5 milhões de pessoas. Antigua e Barbuda e Granada apresentaram taxas de subalimentação superiores a 20%.
No mesmo período, além do Brasil, Cuba e Uruguai apresentaram uma proporção de pessoas subalimentadas inferior a 2,5%.
Argentina, Barbados, Chile, México e Trinidad e Tobago têm uma prevalência de subalimentação igual ou inferior a 5% de sua população.
Segundo o relatório, a América Latina e o Caribe têm enfrentado uma conjuntura econômica desfavorável nos últimos anos.
Desde 2012, observa-se uma desaceleração do crescimento do PIB regional e, a partir de 2015, uma queda, chegando a uma baixa de 1,3% em 2016.
A crise é explicada em grande parte pela importante queda do preço das matérias-primas nos mercados internacionais, o que afetou principalmente os países sul-americanos, que em sua maioria são exportadores desses produtos.
Tal situação repercutiu em termos de desemprego e pobreza. A taxa de desemprego urbano na América Latina e no Caribe em 2016 chegou a 8,9%, um aumento de 1,6 ponto percentual na comparação com 2015.
Obesidade aumentou na região
O documento mostrou ainda que todos os países latino-americanos e caribenhos registraram um aumento de suas taxas de obesidade em adultos entre os anos 1980 e 2014, sendo um fenômeno mais disseminado entre as mulheres.
O sobrepeso infantil na região afeta 7% das crianças menores de 5 anos, cifra superior à média mundial de 6%, afetando 3,7 milhões de crianças.
Segundo o relatório, a obesidade é um fenômeno cada vez mais generalizado na América Latina e no Caribe, uma vez que 24 países da região apresentam uma proporção de pessoas obesas superior a 20% da população.
Aumenta anemia em mulheres em idade fértil no Brasil
A carência de nutrientes entendida como o déficit de vitaminas e minerais , a redução da desnutrição, do sobrepeso e da obesidade são outros importantes desafios enfrentados pelos países da América Latina e do Caribe, segundo o documento.
Conhecida também como "fome oculta", essa carência traz sérias implicações para a saúde e o desenvolvimento físico e cognitivo, com efeitos diretos na qualidade de vida das pessoas.
A anemia é um dos problemas nutricionais que representam riscos mais significativos para a saúde, particularmente quando ocorre durante a gravidez.
Segundo o estudo, entre 2005 e 2015, a maioria dos países da região mostrou uma redução na proporção de mulheres em idade fértil com anemia.
Entretanto, em países como o Brasil, a prevalência de anemia em mulheres em idade fértil aumentou. Em 2005, o problema atingia 19,5% das mulheres brasileiras, enquanto em 2015 a proporção era de 27,2%, ou mais de 15 milhões.