Internacional
Com 1 morte por Covid, país pobre vacina mais de 60% da população em uma semana
Considerada a nação mais feliz do mundo, o Butão dá lição de organização com vacinas doadas pela Índia.
G1
08 de Abril de 2021 - 08:33
O alto índice de Felicidade Interna Bruta do Butão foi reforçado este ano por uma campanha de vacinação exemplar, que em apenas uma semana imunizou 62% de sua população contra a Covid-19.
Com o programa considerado o mais rápido do mundo, o país aplicou 469.664 doses da vacina Oxford-AstraZeneca, produzidas pelo Instituto Serum e doadas pela Índia.
Reino budista no extremo leste do Himalaia, o Butão faz fronteira com a China e a Índia e tem 23% de seus habitantes abaixo da linha da pobreza. Conjuga miséria e bem-estar na mesma equação, medindo a prosperidade também por valores culturais, preservação das tradições e do meio ambiente.
A pandemia do novo coronavírus tinha potencial para arrasar o Butão e ainda rebaixá-lo do topo do ranking de país mais feliz do planeta. A população de 778 mil pessoas conta com apenas 337 médicos e apenas uma máquina para testar amostras do vírus.
Mas o governo liderado por um primeiro-ministro que também é médico conseguiu conter a sua disseminação, decretando uma rigorosa quarentena de 21 dias a quem ingressasse no país. Montou um plano de rastreamento de contatos de pessoas infectadas e distribuiu kits com desinfetantes, máscaras e analgésicos, doados pela vizinha Índia, que compra energia hidrelétrica do Butão.
Um fundo de assistência de US$ 19 milhões, lançado pelo rei Jigme Khesar Namgyel Wangchuck, beneficiou 34 mil butaneses afetados pela pandemia. A mobilização arrastou uma onda solidária envolvendo hoteleiros, fazendeiros e também os membros do Parlamento, que doaram um mês de seus salários.
O êxito de dois confinamentos decretados pelo governo do premiê Lotay Tshering refletiu-se em números: desde o início da pandemia, o país registrou 887 casos e apenas um morto.
Tanto o combate à doença quanto o programa de vacinação contaram com a atuação de um corpo de voluntários vestidos com uniformes cor de laranja -- os De-Suung ou Guardiões da Paz -- que alcançaram as aldeias mais remotas do país. Pequena e pobre nação asiática, o Butão deu uma lição de eficiência nos países mais desenvolvidos do mundo.