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INTERNACIONAL

Papa Francisco e a possível renúncia

Documento assinado há 10 anos reacende debate sobre sucessão do Papa.

Página News

21 de Fevereiro de 2025 - 15:35

Papa Francisco e a possível renúncia
Papa Francisco assinando um documento

A recente internação do Papa Francisco devido a uma pneumonia bilateral trouxe novamente à tona um tema delicado: a possibilidade de sua renúncia. O pontífice revelou, em 2022, que assinou uma carta de renúncia há mais de dez anos, caso sua saúde o impeça de exercer suas funções. O documento foi entregue ao então secretário de Estado do Vaticano, cardeal Tarcisio Bertone.

Com 87 anos, Francisco enfrenta desafios físicos significativos. Sua internação no Hospital Gemelli, em Roma, aumentou as especulações sobre uma eventual sucessão no comando da Igreja Católica. Apesar das dificuldades respiratórias, fontes do Vaticano informaram que ele continua ativo, lendo e assinando documentos e mantendo contato com seus colaboradores. Mesmo assim, a preocupação cresce, especialmente considerando sua idade avançada e condição pulmonar fragilizada.

O Documento que anteciparia a renúncia

Francisco declarou que assinou a carta de renúncia por precaução, caso uma doença grave ou outro impedimento o impossibilitasse de governar a Igreja. Ele afirmou que entregou o documento a Bertone e não sabe o que foi feito dele desde então.

“Assinei a renúncia e disse a ele: ‘Em caso de impedimento médico ou algo assim, aqui está minha renúncia. Você a tem'”, revelou o Papa.

A existência desse documento levanta questionamentos sobre os próximos passos do Vaticano caso Francisco não consiga mais exercer suas funções. O último pontífice a renunciar foi Bento XVI, em 2013, o que marcou uma das maiores mudanças na liderança da Igreja em séculos. A renúncia do Papa Francisco, caso ocorra, poderá gerar um processo sucessório complexo e repleto de debates entre os cardeais.

O Estado de saúde do Papa

Os boletins médicos indicam que Francisco apresenta sinais de recuperação, com exames de sangue mostrando melhoras. Ainda assim, a pneumonia bilateral é uma condição grave, e os especialistas alertam para possíveis complicações. Segundo Andrea Ungar, professor de Geriatria da Universidade de Florença, a infecção pode causar insuficiência respiratória, tornando a situação do Papa ainda mais delicada.

Na quarta-feira, a primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, visitou Francisco no hospital e garantiu que ele está “alerta e receptivo”. Segundo ela, apesar da fragilidade, ele manteve seu bom humor característico durante a conversa. Outras autoridades também demonstraram preocupação e solidariedade, enquanto o mundo católico segue apreensivo.

Fontes do Vaticano afirmam que, apesar do estado de saúde delicado, Francisco tem se esforçado para continuar exercendo suas atividades da melhor maneira possível. Ele segue recebendo informações sobre os assuntos da Igreja e assinando documentos, mesmo de seu leito hospitalar.

Sucessão e o futuro da Igreja

A possibilidade de uma nova renúncia papal desperta debates internos no Vaticano e no mundo católico. A renúncia de Bento XVI, em 2013, foi um marco na história da Igreja, pois rompeu um jejum de mais de 600 anos sem a desistência de um Papa. Se Francisco decidir renunciar, o Colégio de Cardeais precisará convocar um conclave para eleger um sucessor.

O próximo Papa pode seguir o legado progressista de Francisco ou representar uma guinada mais conservadora, dependendo da escolha dos cardeais eleitores. A transição de poder dentro do Vaticano sempre foi um momento sensível e cercado de articulações políticas e religiosas.

Enquanto isso, a Santa Sé cancelou as audiências do pontífice e a tradicional missa dominical na Basílica de São Pedro. A previsão é que um cardeal celebre a missa em seu lugar, mas ainda não há uma decisão oficial sobre sua participação no Angelus, a oração dominical transmitida para milhões de fiéis.

A saúde de Francisco continuará sendo um dos temas centrais no Vaticano nos próximos dias. Seja qual for sua decisão, o impacto de sua eventual renúncia transformará mais uma vez a história da Igreja Católica. O mundo católico observa atentamente os desdobramentos, esperando os próximos passos do pontífice e da Santa Sé.