Mato Grosso do Sul
8 indígenas são detidos após confronto com a polícia em MS
Oito indígenas foram detidos; quatro adultos e quatro menores. Todos os envolvidos foram soltos nesta segunda-feira (27).
G1 MS
27 de Junho de 2022 - 16:54
Oito indígenas — quatro adultos e quatro adolescentes, — passaram a noite na cadeia após confronto com policiais do Batalhão de Choque, em Amambai (MS). Segundo Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp), os indígenas foram levados para delegacia no domingo (26) e liberados nesta segunda-feira (27).
Porém, conforme apurado, ainda no sábado (25), três indígenas foram levados para a Delegacia em Amambai após receberem alta do hospital.
A decisão de soltura desta segunda foi assinada pela juíza plantonista da região de Ponta Porã, Amambai, Sete Quedas e Coronel Sapucaia, Tatiana Decarli. Os indígenas presos são: Jair Ortiz, de 31 anos, Roberto Martins, de 50 anos, Cecília Ximene Aquino, de 63 e Natieli Rodrigues, de 22 anos. Os adolescentes também são quatro, de 12, 14, 16 e 17 anos.
O conflito que ocorreu devido à disputa de área vizinha à aldeia Amambai e causou a morte do guarani kaiowá Vito Fernandes, de 42 anos, que está sendo velado desde sábado e deve ser enterrado na tarde desta segunda.
Registro policial
No registro policial feito em Amambai, os militares envolvidos na confusão afirmam que todos os detidos foram “surpreendidos por policiais em contexto de conflito”, mas que ainda há dúvidas sobre quem arremessou pedras e flechas, atirou contra as equipes do Batalhão de Choque e feriu três militares.
Em depoimento, os quatro indígenas adultos relataram que foram baleados pelos policiais, socorridos até a unidade de saúde e presos por participarem do conflito.
Entenda o caso
Para os indígenas, as terras da fazenda onde o conflito aconteceu fazem parte do território Guapoy, que pertencia aos ancestrais dos povos originários e seria parte da reserva.
Depois da retomada realizada pelos indígenas, entre quinta e sexta, os policiais foram acionados, para combater, o que seria na visão da proprietária da terra, o grupo VT Brasil, uma “invasão”.
Segundo o secretário de Justiça e Segurança Pública, Antônio Carlos Videira, disse ainda na sexta-feira (24), o conflito se iniciou porque quando indígenas atacaram policiais militares que foram acionados para "coibir uma invasão" e garantir a “segurança daqueles que estavam nas residências". Videira alegou que a ida do Batalhão de Choque foi "necessária".
Perícia
O Ministério Público Federal determinou na noite de sábado (25), que seja feita uma perícia no local do conflito.
A perícia da Retomada Guapoy, como denominada pelos indígenas, será conduzida por analista em antropologia do MPF entre 28 de junho e 1º de julho e buscará esclarecer os conflitos que ocorreram recentemente, assim como coletar elementos sobre eventuais violações de direitos, seja dos indígenas ou dos policiais. O procurador solicitou uma viatura blindada para que o antropólogo e perito se desloquem até a região.