Mato Grosso do Sul
Responsável por 4% do PIB de MS, turismo projeta aumento de 30% na movimentação
Com o retorno de grandes eventos, principais cidades de Mato Grosso do Sul já atraem público maior que o de antes da pandemia
Correio do Estado
03 de Setembro de 2022 - 10:39
Com crescimento alto, o ano de 2022 deve ser de retomada no setor de serviços e, em especial, no turismo. Conforme o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o crescimento do segmento é de 34% em relação ao comparativo entre o primeiro semestre do ano passado e o deste ano. Em Mato Grosso do Sul, a alta ultrapassa a média nacional.
Segundo o diretor-presidente da Fundação do Turismo de Mato Grosso do Sul (Fundtur), Bruno Wendling, esta forte retomada está um pouco acima das projeções do governo do Estado. “Nós estamos acompanhando esse crescimento aí do Brasil, e até em alguns momentos a alta é maior do que o próprio crescimento do País”, aponta.
Conforme publicado no Correio do Estado, na edição de 21 de maio, o turismo em Mato Grosso do Sul alcançou o patamar de representar 4% de todo o Produto Interno Bruto (PIB), avaliado em R$ 150 bilhões, de acordo com a projeção informada pela gestão estadual.
A atividade econômica alcançou cerca de R$ 6 bilhões e segue caminho para tentar se expandir neste novo cenário de retomada de grandes eventos. O Festival de Inverno de Bonito, por exemplo, registrou público de 80 mil pessoas.
“Bonito e a Serra da Bodoquena bateram recordes de anos anteriores à pandemia. Para se ter ideia, o mês de julho nos dois destinos foi o melhor dos últimos sete anos em taxa de ocupação. Essa taxa foi próxima à de janeiro, que é um mês de alta temporada”, explica Wendling.
O dirigente ainda comenta que o número de desembarques no aeroporto de Bonito foi quase 80% maior do que de janeiro deste ano, o melhor de 2022 até então. “O mês de agosto também caminha para isso, então, a expectativa de Bonito é ter o melhor ano dos últimos anos”, sintetiza.
Segundo João Evaristo Esteves Jr., presidente da Associação Brasileira das Agências de Viagens de MS (Abav-MS), o Estado será um destino 30% mais procurado por turistas no segundo semestre do que no mesmo período de 2021.
“O crescimento é natural. O segundo semestre é historicamente mais aquecido. Com as férias de julho, já começa a compra de pacotes de viagens, depois de resolvidos os pagamentos de IPTU, IPVA, aquelas contas que sobrecarregam o orçamento no começo do ano”, explica.
O doutor em Economia Michel Constantino ressalta que, atualmente, o setor de serviços já superou em 7,5% o patamar pré-pandemia, principalmente com o retorno de eventos, shows, atividades culturais, etc.
“É o setor que mais cresce. Na economia brasileira, ele corresponde a 75% do nosso PIB. Então, o setor é fundamental para o crescimento econômico e mostra que ele vem mais forte do que o período pré-pandemia”, explica.
DESTINOS
Como destino, Mato Grosso do Sul tem atrações que chamam atenção do turista. Com o ecoturismo surgindo como uma modalidade cada vez mais procurada, o segmento sai da pandemia em alta. Bonito, Bodoquena e Corumbá são os principais destinos focados no ecoturismo.
No entanto, com a retomada de eventos segmentados, o turismo de negócios volta a se destacar em Campo Grande, Dourados e Três Lagoas.
Proprietário da Impacto Ecoturismo, Ney Gonçalves comenta que ainda foi possível trabalhar mesmo nos momentos mais restritivos da pandemia.
“Com as devidas medidas de biossegurança, ainda conseguimos levar grupos para Bonito e Pantanal. Como as atrações são para no máximo 15 pessoas e não têm aglomerações como outros passeios, o ecoturismo se firmou nesse período”.
Segundo ele, o primeiro semestre foi acima da expectativa. “O movimento foi muito bom, principalmente porque tivemos a volta dos turistas estrangeiros. Achamos que seria um pouco mais demorado, mas, mesmo assim, não se compara com a época pré-pandemia”.
O empresário comenta que a pandemia criou dinâmicas diferentes para o turismo no Estado. “Houve uma mudança de fluxo de turista, as pessoas pararam de ir para o exterior e viajaram aqui dentro, movimentado principalmente destinos ecoturísticos”, revela, ressaltando o impulso dado pela divulgação da novela, que aqueceu ainda mais o destino Pantanal.
O diretor da Fundtur diz que Corumbá aparece como um ótimo destino de pesca esportiva, com o Pantanal sendo um destino extremamente consolidado fora do País.
“As ofertas e também as pousadas pantaneiras, na região de Aquidauana, Miranda e Corumbá, também apresentaram uma boa taxa de ocupação, então o turismo internacional está, sim, voltando”, afirma Wendling.
Para o presidente da Abav-MS, a retomada vem sendo gradativa. “Desde o começo do ano, o setor vem recuperando o tempo perdido. O fim do último ano foi bem aquecido; apesar da correção de tarifas e da alta das passagens aéreas, ainda há boas oportunidades”, comenta Esteves Jr.
CUSTO
Segundo o Índice de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), a prévia da inflação oficial, as passagens aéreas caíram 12,22% em julho deste ano, após subirem quatro meses consecutivos.
A causa foi alta do combustível da aviação, um derivado do petróleo que teve os valores impulsionados pela cotação da commodity que chegou a valer US$ 130 o barril no primeiro semestre.
A inflação acumulada de 12 meses para este item soma 77,68% no Brasil, contra alta de 107,13% em Campo Grande.
A Capital apresenta números mais esticados do que os nacionais também no IPCA de julho, no qual as passagens aéreas subiram 12,95% na medição, contra 8,02% do nacional.
Segundo Marcelo Mesquita, presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis do Mato Grosso do Sul (Abih-MS), no começo deste ano, ainda havia repercussão da variante Ômicron, o que prejudicou um pouco o segmento.
“Todo segundo semestre é sempre melhor do que o 1º semestre; neste ano, isso ocorre da mesma forma. Se relembrarmos da Ômicron, no começo deste ano, acabou prejudicando a hotelaria, para os próximos meses não teremos esse problema, então é favorável nesse sentido”, declara.
Para o dirigente, MS tem grandes desafios para a sequência do ano, uma vez que o custo das passagens aéreas aumentou.
Ele comenta que 2022 tem sido um bom ano para o segmento no Brasil, mas o melhor ainda está para vir. A expectativa é de superar os números pré-pandemia somente em 2023.
“O segmento vem retomando, mas não está como no ano anterior à pandemia. O ano de 2021 foi atípico, e este ano também é, de certo modo. Por ser período eleitoral e pelo fato de muitos sul-mato-grossenses terem envolvimento com a eleição, por haver uma base grande servidores públicos, nossas perspectivas são melhores para 2023”, projeta. (Colaborou Súzan Benites)