Mundo
Indonésia prioriza busca de corpos para evitar epidemias após tsunami
Preocupação é com a contaminação da água e disseminação de doenças; catástrofe deixou mais de 400 mortos.
VEJA
26 de Dezembro de 2018 - 08:18
Drones e cães farejadores são as principais ferramentas para recuperar os corpos que ameaçam contaminar fontes de água e expor a epidemias os sobreviventes do tsunami que deixou ao menos 429 mortos em Sumatra e Java, na Indonésia, no sábado 22. Mais de 100 pessoas seguem desaparecidas.
“Nossa maior preocupação agora são os problemas sanitários”, afirmou Dino Argianto, chefe das operações humanitárias da Oxfam na Indonésia. “Desaparecidos estão sob as ruínas. Corpos em decomposição podem causar doenças e também poluir as águas.”
Sutopo Purwo Nugroho, porta-voz da Agência Nacional de Monitoramento de desastres, disse que a população está orientada a permanecer a pelo menos dois quilômetros da costa. Equipes de resgate civis e militares usam equipamento pesado para remover destroços.
Problemas
O país já enfrenta falta de água potável e medicamentos. “Muitas crianças estão doentes, têm febre, dor de cabeça e não têm água suficiente”, explicou o médico Rizal Alimin. Fortes chuvas e bloqueios de estradas dificultam o trabalho das equipes de resgate.
Mais de 1.400 pessoas foram feridas pela onda de 1,8 metro que avançou sobre a costa de Java e Sumatra, 24 minutos após uma grande erupção do vulcão Anak Krakatoa, o “Filho de Krakatoa”, no Estreito de Sunda, que separa as duas ilhas do arquipélago. O vulcão continua em atividade.
O músico Riefian Fajarsyah, vocalista do grupo pop indonésio Seventeen, enterrou nesta terça sua mulher. Três integrantes da banda morreram durante a apresentação na praia.
Detecção
O presidente Joko Widodo havia prometido reparar ou substituir equipamentos de detecção de tsunamis depois de funcionários se queixarem de que um sistema de boias de alerta – criado após o devastador tsunami de 2004 no Oceano Índico – não vinha funcionando.
Especialistas, no entanto, dizem que teria sido difícil detectar a chegada deste tsunami. Os sensores que emitem alertas foram feitos para monitorar terremotos – responsáveis pela maioria dos tsunamis –, e não atividade vulcânica. Mesmo que o sistema de boias estivesse funcionando bem, sua eficácia seria mínima, dada a proximidade do vulcão da praia e a velocidade com que as ondas avançaram.