Policial
Trabalhadores presos após quebra-quebra em usina denunciam violência policial
Eles foram soltos após intervenção do jurídico do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção Pesada em Mato Grosso do Sul
Campo Grande News
30 de Março de 2011 - 17:50
Depois de testemunhar a destruição na usina hidrelétrica São Domingos e amargar quatro dias na prisão, o grupo de cinco trabalhadores só pensa em voltar para a casa.
Com hematomas pelo corpo, eles denunciam que foram agredidos pela PM (Polícia Militar). Foram 2 km debaixo de pau, sem acusação nenhuma, recorda Franklan Ferreira da Silva, de 34 anos.
Vindo da Bahia, ele trabalha na obra de construção da usina desde setembro do ano passado. No momento da confusão, registrada na tarde do último dia 24, ele estava no trabalho. A informação é que o quebra-quebra começou após um trabalhador ser agredido por um segurança.
O pessoal chegou gritando que ia incendiar os barracos. Corri no alojamento para tentar pegar alguma coisa, lembra. Os trabalhadores incendiaram os alojamentos, veículos, centro ecumênico, refeitório, guarita e centro de inclusão digital.
Depois do tumulto, muitos fugiram. No local, a polícia mandou que os trabalhadores aguardassem a chegada dos ônibus. De um total de mil pessoas, sobraram cerca de 350, levados em oito ônibus. Porém, para os cinco o destino foi a viatura. Eles relataram que andaram 2 quilômetros, sob a escolta de 4 policiais, sempre apanhando.
Além de Franklan, ficaram presos José Afonso Soares, de 26 anos, do Piauí; Joel Carvalho dos Santos, do Maranhão; Antônio Francisco Clementino e Joel Airton de Medeiros, de 42 anos, do Piauí.
Eles foram soltos após intervenção do jurídico do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção Pesada em Mato Grosso do Sul. O grupo foi trazido para Campo Grande.
Assembleia O sindicato fará assembleia amanhã entre os trabalhadores e a Eletrosul, responsável pela usina. De acordo com o representante da Força Sindical, Sales José da Silva, há denuncias de que os trabalhadores tem o dia de serviço descontado, mesmo sem faltar ao serviço.
A extensa pauta de reivindicações inclui reclamações quanto à truculência dos seguranças patrimoniais, maus condições de alojamento, falta de pagamento de hora extra, filas e dificuldade de acesso ao refeitório, isolamento por falta de comunicação, baixos salários e falta de transporte durante a semana. A obra é feita pelo consórcio Engevix e Galvão.