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Política

Dilma honra palavra de Lula e dá vaga a Meirelles

Agora, Meirelles será tratado como "executivo" do governo na organização dos Jogos

Estadão

01 de Fevereiro de 2011 - 07:26

Henrique Meirelles, que comandou o Banco Central nos oito anos do governo Lula (2003-2010), é o escolhido pela presidente Dilma Rousseff para assumir a Autoridade Pública Olímpica (APO). O consórcio vai coordenar todos os investimentos para a realização dos Jogos Olímpicos de 2016, no Rio. A indicação ocorre três meses depois de Meirelles ter dito, ao fim da eleição presidencial, que não permaneceria à frente do BC sem autonomia, o que irritou Dilma.

jornal O Estado de SP apurou ontem que a decisão de escalar Meirelles para o comando da APO está tomada, mas o ex-presidente do BC tem uma quarentena a cumprir, de quatro meses. Na prática, ele somente poderá assumir o cargo em maio. A definição encerra a disputa política envolvendo o PC do B, partido do ministro do Esporte, Orlando Silva, e as demais siglas governistas.

Filiado ao PMDB, Meirelles terá salário de R$ 22 mil como presidente da APO e controlará um orçamento em torno de R$ 30 bilhões. Sua escolha foi contabilizada na cota de Dilma e do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que chegou a conversar com a sucessora sobre a permanência do então comandante do BC na instituição. Ela, porém, não quis. Agora, Meirelles será tratado como "executivo" do governo na organização dos Jogos.

Prazo. A Medida Provisória (MP) 503 - editada por Lula em maio de 2010 para criar a APO - está na fila de votação do plenário da Câmara e tranca a pauta desde novembro. A MP caduca no dia 1.º de março e tem de ser votada até essa data porque a criação do órgão faz parte de um compromisso legal assumido com o Comitê Olímpico Internacional (COI).

A APO funciona como uma consórcio, envolvendo a União, o Estado do Rio e o município. Na prática, é uma garantia oferecida pelo Brasil ao COI de que todas as autoridades estão comprometidas com a realização dos Jogos. Sua sede será no Rio.

A volta de Meirelles ao governo do PT representa o cumprimento de promessa feita por Lula, em meados de 2009, quando o então presidente do BC se filiou ao PMDB, planejando ser candidato ao governo de Goiás ou ao Senado. Lula queria que ele fosse vice de Dilma, mas o PMDB indicou Michel Temer.

Fiel ao ex-presidente, Meirelles desistiu da empreitada eleitoral e ficou no BC. Lula prometeu que, se Dilma fosse eleita, ele seria aproveitado no governo.

Em novembro, Meirelles não gostou do anúncio antecipado da manutenção de Guido Mantega na Fazenda. Certo de que Lula sugerira a Dilma a permanência de toda a equipe econômica, Meirelles disse a amigos, durante encontro em Frankfurt (Alemanha), que não ficaria no BC sem autonomia absoluta e também não aceitaria mandato-tampão por seis meses. As confidências irritaram Dilma e só agora, depois de negociações que envolveram o ministro da Casa Civil, Antonio Palocci, Meirelles será puxado para o novo governo.