Saúde
Estado completa hoje 40 dias com mais de mil internações por Covid-19
Correio do Estado
29 de Abril de 2021 - 10:30
Mato Grosso do Sul completa hoje 40 dias com mais de mil pacientes internados com casos confirmados de Covid-19. Esse patamar é o maior de toda a pandemia. Apesar de já não vivermos mais o pico de casos e mortes, as internações estão com uma redução mais lenta. O pico desse período foi no dia 2, quando 1.316 pessoas com casos confirmados ocupavam leitos destinados para a doença no Estado.
Ontem, de acordo com dados da Secretaria de Estado de Saúde (SES), eram 1.060 pessoas, número ainda superior ao informado no dia 20 de março, quando o Estado ultrapassou a marca das mil internações, chegando a 1.038. Para o secretário de Saúde do Estado, Geraldo Resende, essa estabilidade em um número tão alto se deve ao fato de a variante P.1 estar em circulação em Mato Grosso do Sul e também ao número grande de jovens que têm necessidade de um leito para o tratamento da doença.
“Nós temos duas variantes em circulação no Estado, e uma delas é mais agressiva. Outro fator é que tivemos um aumento de pessoas jovens ocupando leitos pela doença. As pessoas jovens demandam muitos dias dentro de leitos de UTI e clínicos”, afirmou Resende.
Segundo o secretário, apesar de a média móvel de casos diários ter caído nos últimos dias, a taxa de contágio continua alta.
“Como a taxa de contágio abaixou, mas continua em patamar alto, temos um número grande de casos: hoje nossa taxa é de 1, mas precisamos que ela seja abaixo disso para ter menos casos e gerar menos internações”, avaliou.
Já na visão do médico infectologista e pesquisador da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) Julio Croda, a manutenção das internações em patamar alto não é reflexo somente da variante e do perfil dos internados, mas também das medidas de distanciamento social que não foram rígidas o suficiente.
“Estamos em uma desaceleração lenta porque as medidas deveriam ter sido mais rígidas para controlar os casos. Tivemos apenas duas semanas na fase mais restritiva, e isso faz com que nosso número de internações caia de forma lenta e que ainda haja uma maior transmissão”, explicou o especialista.
Conforme o pesquisador, a população jovem sempre foi a mais exposta ao vírus, entretanto, com o aumento do número de vacinados e a chegada da P.1 ao Estado, a agressividade da doença em pessoas mais jovens se tornou mais importante.
Mesmo assim, ele salienta que, com medidas de distanciamento eficazes, é possível conter o avanço nesse grupo.
“As ações deveriam ser muito mais restritivas, porque, independentemente das variantes, se houvesse medidas restritivas individuais, essa queda nas internações seria muito mais rápida”.
FERIADOS
De acordo com Resende, a estatística usada pela SES mostra que em torno de 5% dos casos confirmados necessitarão de um leito e 2,3% virão a óbito por causa da doença.
“Nós temos uma média móvel de 915 [casos], já chegou a 1.400, tivemos uma queda, mas ainda é um número alto e que requer atenção. Nós temos expectativa de baixar nos próximos dias, começa a vislumbrar no horizonte de descenso, desde que mantenhamos medidas de isolamento e não haja afrouxamentos”, salientou o secretário.
Resende, porém, afirmou que a secretaria tem receio de que haja um aumento a partir do Dia das Mães, em maio.
“Nossa preocupação é com essa data porque, geralmente, depois de feriados e dias comemorativos nós tivemos um reflexo disso de duas a quatro semanas depois, como aumento de casos e internações, no ano passado”, disse.
HOSPITAIS
Em Campo Grande, os dois maiores hospitais que atendem pacientes com Covid-19 pelo Sistema Único de Saúde (SUS), Santa Casa e Hospital Regional, continuam sem vagas disponíveis em unidades de terapia intensiva (UTIs).
Na Santa Casa, conforme a assessoria de imprensa, as 30 vagas destinadas para a doença estão ocupadas. Os únicos leitos disponíveis são os de enfermaria – de 90 vagas disponíveis, 39 estão ocupadas com pacientes.
A ocupação total do hospital é de 90%, e ontem 35 pacientes de outras doenças estavam internados na área verde do hospital por falta de leitos disponíveis.
No Regional, boletim enviado pela assessoria mostra que a unidade, que atende apenas casos de Covid-19, estava ontem com 105% dos leitos críticos ocupados.
Apesar de disponibilizar 120 vagas neste setor, 126 pessoas estavam internadas na unidade, sendo seis delas atendidas na área vermelha.
A enfermaria tinha 94 pacientes confirmados com o novo coronavírus, além de outros 19 casos suspeitos.