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Sidrolândia

Após 25 anos de casamento, Maria Helena doa rim e devolve qualidade de vida ao companheiro Joel

Joel Santos Cruz, presidente do Sindaves teve a esposa passaram pelo transplante na última sexta-feira

Flávio Paes/Região News

30 de Outubro de 2018 - 16:44

Após 25 anos de casamento, Maria Helena doa rim e devolve qualidade de vida ao companheiro Joel

A história de amor entre Joel e Maria Helena em agosto completou 25 anos. Quando foram morar juntos, eram muitos jovens, ele tinha 18 anos e ela, uma adolescente de 15 anos. Pais de dois filhos (um de 24 e outro de 22 anos), avôs de 3 netos, mesmo após esta longa convivência o amor continua a unir o casal que só neste ano oficializou em cartório o casamento. Uma formalidade legal para que Helena, aos 39 anos de idade, pudesse doar para o marido, de 43, um dos seus rins.

Os médicos garantem que a longa convivência é um fator determinante da compatibilidade para permitir a doação e viabilizar o transplante. A cirurgia foi a alternativa que os médicos apresentaram para o paciente retomar sua rotina quebrada desde janeiro do ano passado, quando Joel recebeu diagnóstico da insuficiência renal.

Após 25 anos de casamento, Maria Helena doa rim e devolve qualidade de vida ao companheiro Joel

Passou a fazer 12 horas semanais de hemodiálise em Campo Grande (terças, quintas e sábados) das 7 às 11 da manhã. Uma rotina cansativa que começava antes do sol aparecer, às 5 horas da manhã, uma hora antes de embarcar na van da Prefeitura e viajar até a Capital, de onde retornava no início da tarde.

O transplante foi na última sexta-feira no Hospital dos Rins em São Paulo. A cirurgia começou às 14 horas e duas horas depois o paciente deixou o centro cirúrgico. Joel Santos Cruz, funcionário da Seara há 25 anos, presidente do Sindaves, ficou internado até a tarde desta terça-feira.

Após 25 anos de casamento, Maria Helena doa rim e devolve qualidade de vida ao companheiro Joel

Sua companheira Maria Helena teve alta ontem, segunda-feira e já está hospedada numa pensão perto do hospital que pelos próximos quatro meses será a casa de ambos. Até o final de fevereiro, Joel terá de ficar em São Paulo, porque duas vezes por semana vai passar pelos médicos para acompanhamento do seu quadro clínico. Pelo resto da vida terá de tomar medicamentos para evitar a rejeição do rim transplantado.

Para acompanhar o marido em São Paulo, Maria Helena, que assim como o Joel é funcionária da Seara (ela há 15 anos), entrou de férias no último dia 23, mas só volta ao trabalho dia 1º de março quando Joel retornará a Sidrolândia. Conseguiu três meses de licença não remunerada da empresa (com direito apenas à cesta básica e o 13º). Não quis deixá-lo sozinho em São Paulo durante o longo pós-operatório do sindicalista.

O casal contou com a ajuda da empresa e dos amigos, que promoveram rifas, para garantir uma poupança para poderem arcar com as despesas da longa permanência na capital paulista, R$ 1.800,00 por mês só na pensão, que fica a poucas quadras do hospital. A amiga da familia, Katia Regina Freita Albuquerque acompanha o casal.

Um domingo de cinco paradas cardíacas

Joel já há algum tempo tem pressão alta. Em 2013, o médico, após exame, constatou que um dos seus rins estava inchados, situação que ele atribuiu a hipertensão. Seguiu à risca o tratamento prescrito e aparentemente estava curado do problema renal. Dia 13 de janeiro, um domingo, passou mal e foi levado imediatamente ao Hospital Elmiria Silvério Barbosa, com a pressão nas alturas (24/16), teve cinco paradas cardíacas e foi encaminhado às pressas para Campo Grande, onde foi internado no Hospital Regional.

Acabou ficando lá 13 dias internado. Como os rins não funcionavam, os médicos fizeram o procedimento (cateter nas pernas) para iniciar as sessões de hemodiálise que fez por três meses no Regional até conseguir uma vaga numa clínica especializada. Antes do transplante de sexta-feira, da constatação de que a esposa poderia ser sua doadora, os dois foram seis vezes a São Paulo para uma bateria de exames pré-operatórias.