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Sidrolândia

Entre os assentados que receberão título, histórias de sacrifícios, sucessos e recomeços

Entre os contemplados com o título está dona de Marli Antônia da Silva, 61 anos, que está no lote de 11,6 hectares desde dezembro de 2006.

Redação/Região News

05 de Novembro de 2021 - 08:16

Entre os assentados que receberão título, histórias de sacrifícios, sucessos e recomeços
Dona de Marli Antônia da Silva. Foto: Divulgação

A entrega neste sábado de 296 títulos a assentados do Eldorado 2, encerra um ciclo iniciado há 15 anos, quando o Incra sorteou os lotes e autorizou a entrada das famílias. Simbolicamente é um início de um novo ciclo, agora como proprietários de fato e de direito, que lhes garante, por exemplo, acesso a diferentes linhas de crédito porque passam a ter possibilidade de oferecer o imóvel como garantia. Quem conseguiu fazer esta travessia tem muita história pra contar, sucessos, trocas e recomeços.

Entre os contemplados com o título está dona de Marli Antônia da Silva, 61 anos, que está no lote de 11,6 hectares desde dezembro de 2006 quando o Incra fez o sorteio das 777 parcelas que compõem o Eldorado 2. Para chegar à situação em que se encontra hoje, com casa, dispondo de água, luz, um carro para ela e a família se deslocarem teve uma caminhada de muitas dificuldades, desconforto e até falta do básico para se alimentar, quando a cesta básica fornecida pelo Governo atrasava.

"Hoje estou realizada e feliz. Tenho uma plantação de 60 mil pés de abacaxi que garante o sustento da minha família. Pra quem só tinha uma bicicleta tá bom de mais. Não vendo meu lote por dinheiro nenhum do mundo", comenta.

Dona Marli ficou seis anos acampada em frente da estação Guavira. Após a compra da Fazenda Eldorado pelo Incra, ficou mais um ano e meio acampada na sede da propriedade. Tinha dificuldade para vir a cidade fazer compras. Pra tomar banho era preciso se deslocar até a lagoa, de onde também era retirada a água para o consumo.

Mesmo após o sorteio do lote a situação não melhorou. Por seis anos morou num barraco por causa da demora na entrega do material. O desafio seguinte foi superar a falta d'água já que o projeto da rede não deu certo. Enquanto isto era preciso trazer em latões a água necessária.

Também receberá o título assentados como dona Francisca Ferreira, que como muitos dos seus vizinhos optou pelo arrendamento do sítio para o plantio de soja e milho após a frustração com a atividade produtiva que eles próprios desenvolveram. Ela teve acesso ao Pronaf, admite que não fez escolhas erradas na hora de comprar as vacas leiteiras, mas sofreu com a baixa remuneração dos laticínios. Teve que vender algumas cabeças, outras abateu para consumo. Até hoje não conseguiu furar um poço artesiano. O que tem, seca pelo menos 5 meses por ano. O marido trabalha fora e ela reforça o orçamento com a venda de picolé, ovo e galinha caipira. Com o dinheiro do arrendamento espera fazer o artesiano e em algum tempo ter o lote com a terra corrigida.

Os assentados vão pagar em até 17 parcelas o valor da outorga dos lotes. Quem tem parcelas de 11,6 hectares pagará R$ 5.776 00 em 17 parcelas de R$ 339,76. Aqueles com lotes de 15,9 hectares, pagará R$ 7.998,24, em prestações de R$ 470,48. Dos 777 lotes do núcleo, 500 já estão com os títulos emitidos. Os 204 remanescentes serão entregues ainda neste ano.