Sidrolândia
Falta de coagulação do sangue adia transplante da pequena Julia que luta para sobreviver
Julia é portadora de uma doença rara congênita (a atresia biliar, que acomete um em cada 20 mil recém-nascidos).
Flávio Paes/Região News
06 de Dezembro de 2018 - 15:25
Quando tudo se encaminhava para o que se imaginava ser um final feliz, o transplante de fígado teve de ser adiado no início da semana porque Julia Karoline, uma sidrolandense que na terça-feira vai completar 8 meses de vida, apresentou um quadro de falta de coagulação sanguínea, que forçou os médicos a darem um “pique”.
A esta enfermidade grave se seguiu-se um sangramento que a deixou só com 3% de sangue no corpo. Ela recebeu várias bolsas de sangue e seu quadro começou a se estabilizar, mas na madrugada de terça-feira, começou a ter um sangramento no pulmão o que exigiu drenagem. Julinha está entubada, mas não sedada, seu quadro é grave, mas estável. Em setembro, ela teve outro agravamento em seu estado clínico. Julia apresentou um quadro de infecção pulmonar, que forçou sua internação na UTI por três dias.
Ela é portadora de uma doença rara congênita (a atresia biliar, que acomete um em cada 20 mil recém-nascidos). O transplante de fígado é a única esperança de cura, para enfim, ter uma vida, longe dos consultórios e médicos, da rotina de exames e da dieta de vários medicamentos. Ela já tem a doadora, a tia, Pamella Monize, de 18 anos.
Os médicos plantonistas da UPA de Sidrolândia, onde foi levada a cada crise de dor mais aguda, não conseguiram diagnósticar o por que do inchaço da barriga, o tom amarelado da pele e o choro constante.
A avaliação foi de que ela tinha icterícia neonatal (muito comum em recém-nascidos), daí o porquê de sua cútis continuar tão amarelada. O tratamento recomendado foi banho de sol, inúmeras sessões de fototerapia, além de analgésicos, antiespasmódicos, para aliviar as dores, que se suponha, decorrentes de cólicas. A prescrição não melhorou o estado da criança.
Dia 31 de agosto, como a neta continuava com a barriga inchada, ela começou a sangrar, a avó de Julia, a professora Ofélia Soares resolveu levá-la, por conta própria a uma pediatra em Campo Grande que imediatamente a encaminhou para a Santa Casa onde foi internada no dia 3 de setembro. Passou por uma bateria exames, mas os médicos só chegaram à conclusão de que ela tinha atresia biliar (uma obstrução da via biliar que impede o funcionamento fígado) depois de fazer exames de ressonância magnética e de cintilografia (exame de imagem mais preciso).
Diante dos resultados, os médicos concluíram que o único tratamento possível era o transplante de fígado, que só poderia ser feito a 1.200 quilômetros de Sidrolândia, em São Paulo, no Hospital Menino Jesus, um hospital público.
Se o diagnóstico tivesse sido feito antes de Júlia completar dois meses, ela não precisaria se submeter a um transplante, bastaria um procedimento cirúrgico mais simples, chamado de reconstrução do trato biliar extra-hepático (Hepatoportoenterostomia). Neste tempo de vida do recém-nascido, a obstrução não provoca danos irreversíveis no fígado.