Sidrolândia
Famílias de acampamento do MST pagam taxa mensal de R$ 15,00 e só metade delas moram nos barracos
O MST cobra de cada família uma taxa mensal de R$ 15,00, como contribuição para custear as despesas.
Flávio Paes/Região News
28 de Julho de 2019 - 21:27
Nem todas as 120 famílias que há um ano entraram numa parcela da antiga esplanada ferroviária de Sidrolândia efetivamente moram nos barracos, onde a vida não é fácil, não há água encanada, nem luz elétrica. Segundo projeções feitas por acampados ouvidos pela reportagem, no máximo, 60 famílias de fato tem lá como moradia. Muita gente paga aluguel, alguns tem casa própria e veem no acampamento a oportunidade de conseguir um lote numa área valorizada, a poucos metros da Avenida Dorvalino dos Santos, principal eixo comercial e viário da cidade.
O MST cobra de cada família uma taxa mensal de R$ 15,00, como contribuição para custear as despesas com o advogado encarregado de defender as famílias de ações de reintegração de posse. A água vem de um único cavalete e com isto, a conta chega a R$ 6 mil para ser rateada entre as famílias.
Entre os que moram estão pessoas como dona Elida Cardoso, 82 anos, diagnosticada com câncer, abandonada pelos filhos, mais ainda sim, esperançosa de conseguir uma casa própria. Sobrevive da aposentadoria de um salário mínimo e da solidariedade dos vizinhos, que no recente período de frio, lhe cederam casacos e cobertores para enfrentar a baixa temperatura.
Quem também resolveu trocar a casa de aluguel pelo barraco é Antônio Marco Rosa, 40 anos, que arrenda 2 hectares (ao preço de R$ 1,6 mil por ano) no Assentamento Eldorado, a mais de 30 quilômetros da área urbana. No lote mantém horta, plantou abacaxi e 5 mil pés de mandioca, ainda em fase de crescimento.
Consegue uma renda de R$ 1,600,00, com a venda, duas vezes por semana na feira de mandioca, alface e abacaxi. Enquanto não tem produção própria suficiente, compra de vizinhos para fazer duas feiras por semana. Como na ocupação não há energia elétrica, paga R$ 45,00 da conta de luz de um conhecido, onde tem freezer para estocar a mandioca. Pai de três filhos, um deles de três meses, foi forçado a alugar uma casa após o nascimento do caçula. Já comprou um material e caso o terreno seja legalizado, vai construir uma peça.
Para a dona de casa, Valdirene Maria Gonçalves, mãe de Rogério Gonçalves (o garoto inventor), o acampamento é uma esperança de ter uma casa própria. Ela veio de Nioaque, onde morava com o marido e os filhos, na agrovila do Assentamento Conceição. Há seis anos ela praticamente fugiu de Campo Grande, com medo do ex-marido, que ameaçou mata-lo caso ela fosse na Justiça reivindicar a casa onde moravam, no Parque do Sol.