Sidrolândia
Governo promete começar pela Reserva Buriti regularização de áreas indígenas
Embora tenha sido só um anúncio como outros já feitos, foi o suficiente para reacender as esperanças de fazendeiros que perderam áreas.
Redação/Região News
27 de Março de 2023 - 14:08
Por enquanto, o que há são apenas manifestações da ministra dos Povos Indígenas e do deputado federal Vander Loubet, de que o Governo Federal vai começar pela Reserva Buriti, localizada entre os municípios de Sidrolândia e Dois Irmãos Buriti, a demarcação de terras indígenas. No último dia 18, Sônia Guajajara, esteve no Território Laranjeira/Nhanderu em Rio Brilhante, ocupado por Guaranis Kaiowá.
Embora tenha sido só um anúncio como outros já feitos ao longo destes anos, mesmo assim, foi o suficiente para reacender as esperanças de fazendeiros que perderam áreas.
Embora tenha sido só um anúncio como outros já feitos ao longo destes anos, mesmo assim, foi o suficiente para reacender as esperanças de fazendeiros que perderam áreas e dos índios terena da Reserva Buriti, ansiosos pela demarcação dos 17.500 hectares que reivindicam essa área, divididas em 27 propriedades vizinhas, 4 delas, com 2.500 hectares, ainda em poder dos fazendeiros.
Turbulência
Já se vão 10 anos desde que a região experimentou um período turbulento, com ocupações ou retomadas de 27 fazendas, como preferem denominar os terenas. Houveram confrontos, culminando com a morte do indigena Oziel Gabriel, na operação de reintegração de posse da Fazenda Buriti, realizada em 30 de maio de 2013.
O ex-cacique Valcélio Figueiredo, amigo pessoal da ministra, acompanhou a visita de Sônia ao Estado e está confiante no fim do impasse.
Familiares de Valcélio retomaram a Fazenda Buriti de 313 hectares do ex-deputado Ricardo Bacha, hoje transformada numa área explorada com lavouras de milho, mandioca, abóbora, dentre outras culturas. " Na área, que deu origem a Aldeia 10 de maio, a horta tem excedente da produção que é vendida na cidade ", explica.
Entre os fazendeiros a expectativa deles é receber a indenização do Governo Federal pelas terras e as benfeitorias. Mesmo entre os que ainda estão nas áreas, ninguém acredita que conseguirá ter as propriedades de volta. Quem enfrenta esta situação é dona Celina Ferreira, filha do ex-produtor Acelino Roberto Ferreira, nas Fazenda Quitandinha e Santa Terezinha, onde 600 dos 900 hectares estão retomadas pelos índios.
Impasse
A batalha pelas “Terras Buriti” está longe do noticiário desde 2018, quando decisão do STJ (Superior Tribunal de Justiça) rejeitou ampliação de aldeia, com a posse para os fazendeiros. Agora, o processo está parado no STF (Supremo Tribunal Federal) e também aguarda o julgamento de um processo sobre terra indígena com repercussão geral, válido para todo o Brasil.
Dono da Fazenda Cambara, Vanth Vanni, uma das propriedades ocupasse, espera que mais este anúncio de que o Governo Federal vai indenizar os proprietários, se efetive. A fazenda de 1.200 hectares está ocupada desde 2 de junho de 2013. Ele e a família tiveram que deixar para traz 1.200 cabeças de gado puro de origem que foram retiradas dias depois.
A morte de Oziel Gabriel trouxe a Campo Grande na época, 15 de junho de 2013, uma comitiva chefiada pelo então ministro-chefe da Secretaria Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho, que veio anunciar a decisão da presidente Dilma Roussef de autorizar a compra da Fazenda Buriti. Transcorridos 10 anos, a promessa continua não se efetivou.
Durante discussões com o então ministro José Cardozo (Justiça), no governo de Dilma Rousseff, a União propôs pagar cerca de R$ 80 milhões por todas as terras. A avaliação dos proprietários rurais, no entanto, chegou a R$ 124 milhões.