Sidrolândia
Mãe de campeão paralímpico mora no Eldorado que por dois anos treinou em Sidrolândia
Yeltisin ainda vai correr os 1.500 metros e a maratona, com chances de medalha Portador de amaurose congênita.
Flávio Paes/Região News
29 de Agosto de 2021 - 19:42
Pelo menos para uma moradora de Sidrolândia, acompanhar pela TV algumas provas de atletismo dos jogos paralímpicos que estão sendo disputados em Tóquio no Japão, passou a ser um programa obrigatório.
Ela é a técnica em enfermagem Juliane Revertido, que há 5 anos trocou Campo Grande por um lote no Assentamento no Eldorado, a 17.800 quilômetros da capital japonesa, mãe de Yeltsin Ortega Jacques, medalhista olímpico, que subiu ao ponto mais alto do pódio na prova de 5 mil metros.
Yeltsin ainda vai correr os 1.500 metros e a maratona, com chances de medalha Portador de amaurose congênita, doença degenerativa que reduziu a 5% sua capacidade de visão, após uma temporada na Dinamarca Yeltsin morou em Sidrolândia, entre 2017 e 2018.
Nestes dois anos manteve sua rotina diária de treinos. Na falta de uma pista profissional de atletismo, emborrachada, percorria estradas de chão batido, arriscava ser atropelado correndo na BR-060.
Segundo o educador físico, Hudson Muchiutti, que chegou a treinar algumas vezes com Yeltsin, na época, a Secretaria da Juventude Esporte e Lazer, chegou cogitar improvisar uma pista de atletismo no lote da mãe dele no assentamento.
O projeto não foi levado adiante. Em 2017 competiu e ganhou a 4ª Cross Country, corrida que mobilizou 450 participantes, atletas não só de Sidrolândia, mas vieram também de Maracaju, Aquidauana, Dois Irmãos do Buriti, Campo Grande e Nioaque.
Ele chegou na frente ao percorrer em pouco mais de 20 minutos os 1.500 metros da prova. O 2º colocado, Leornado Silva Messias e o 3º, Eder Vaz que também na época moravam no Eldorado. Dona Juliane diz que o filho desde os 9 anos se apaixonou pelas corridas, após uma breve incursão no judô. Por recomendação médica foi alfabetizado e estudou no ensino regular, quando ainda tinha 10% de visão.
Por muito tempo frequentou o Instituto Sul-Mato-Grossense de Cegos, aprendeu braile. Terminou o ensino médio e adotou o atletismo como profissão. Antes de conquistar a medalha de ouro na paralímpica, tem uma carreira internacional consolidada. Entre as principais conquistas no seu currículo, uma medalha de prata nos 1.500m e um bronze nos 800m no Mundial da França 2013, o ouro nos 1.500m e nos 5.000m no Parapan de Toronto 2015, além de um bronze na prova de 5.000m e outro ouro nos 1.500m no Parapan de Lima 2019.
Suas conquistas anteriores, no entanto, foram nas classes T12 e T13, com deficiência mais leve. Após uma reclassificação oftalmológica realizada no começo deste ano, ele foi considerado T11, na qual é obrigatório correr ao lado de um guia. Seu grande ídolo no esporte é Vanderlei Cordeiro de Lima.
*Matéria atualizada às 7h31 para correção de informações.