SIDROLÂNDIA- MS
Venda de 5,7 mil toneladas de hortaliças na Ceasa gerou R$ 15,2 milhões a assentados em 2024
Ano passado, segundo dados divulgados pela Ceasa, Sidrolândia forneceu 5.735.756,60 kg de hortaliças (folhas, frutos e raízes, incluindo mandioca).
Redação/ Região News
24 de Março de 2025 - 07:23

Os pequenos produtores sidrolandenses de hortaliças são os maiores fornecedores regionais de hortifrutigranjeiros vendidos no varejo em Campo Grande e região, incluindo a própria cidade onde os supermercados abastecem na Capital suas gôndolas de frutas, verduras e legumes.
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Ano passado, segundo dados divulgados pela Ceasa (Centrais de Abastecimento de Mato Grosso do Sul), Sidrolândia forneceu 5.735.756,60 kg de hortaliças (folhas, frutos e raízes, incluindo mandioca), gerando uma receita bruta de R$ 15.252.625,37.
Levando em conta também as frutas e ovos fornecidos pelo município, o montante chega a 6.733.135 kg de produtos, que totalizaram R$ 16.863.022,80.
Dos 39 municípios de Mato Grosso do Sul que entregam produtos na CEASA, Sidrolândia foi seguida por Terenos (6.594.725 kg), Jaraguari (3.812.526). Mato Grosso do Sul só produz 13,7% da sua necessidade de consumo de hortigranjeiros. São Paulo se mantém como o maior fornecedor com 64 mil toneladas (64.011.903 kg). Em seguida está Minas Gerais, com 32 mil toneladas (32.294.442 kg).

Mato Grosso do Sul, que até 2023 estava em quarto lugar entre os maiores fornecedores de produtos para as Centrais, agora é o terceiro maior fornecedor de hortifrutigranjeiros com 28,5 mil toneladas (28.567.470 kg).
O feito é mais significativo levando em conta que só 88 dos 3.314 agricultores familiares cultivam hortaliças, nem sempre de forma contínua. Quem se dedica à atividade convive com um combo de dificuldades estruturais que inclui a falta de assistência técnica, problemas de acesso a crédito, dificuldades de escoamento e comercialização. Há um componente comportamental que é a incapacidade do agricultor local de se associar em cooperativas que poderiam resolver os problemas de escala de produção, seriam uma alternativa para reduzir o custo com a compra conjunta de insumos essenciais ao aumento de produtividade.
A tentativa de resolver os gargalos de comercialização com um Ceasa local fracassou porque não há uma escala de produção suficiente para justificar a manutenção da estrutura. O prédio construído para abrigar a Central está sendo usado como sede da Secretaria de Desenvolvimento Rural e Meio Ambiente.
O escoamento da maior parte da produção até Campo Grande é bancado pela Prefeitura que entrega a missão a três assentados que se dispuseram a coletar as caixas, percorrendo os postos de entrega nos assentamentos, além de viajar 100 km até a Ceasa onde são responsáveis pela comercialização, transações que começam às 2 horas da madrugada.
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A rotina de Sivaldo de Azevedo Sales, o Tito, assentado do Capão Bonito 2, cobra dele duas vezes por semana uma jornada ininterrupta de 24 horas. Começa às 2 da tarde quando deixa seu lote para percorrer 50 km nos assentamentos até pegar as últimas das 400 caixas de hortaliças que embarca no Terra Solidária, às margens do BR-060 que leva para comercializar no Ceasa a partir das 2 horas da madrugada do dia seguinte quando volta pra casa. Mais que um dos 88 assentados dedicados a plantar verduras e legumes, Tito é responsável pela venda da produção de outros 24 pequenos agricultores sidrolandenses. A Prefeitura custeia o combustível do frete e ele fica com 15% do valor das vendas, remuneração pelo trabalho de coleta e venda da produção.
Tito tem um lote de 18 hectares, mantém uma horta de 6 hectares e vai se dedicar ao plantio de mandioca num lote vizinho arrendado. Filho de um assentado que tinha lote no Assentamento Monjolinho em Anastácio, está desde 1998 quando foi contemplado pelo Incra com o Iote.
Ele acredita que há um grande potencial de crescimento para a produção de hortaliças que numa área de dois hectares pode garantir uma renda líquida de até três salários mínimos por mês.
O desafio dos produtores, dentre tantos, é conviver com as oscilações de mercado que numa hora premiam com preços competitivos, estimulam o plantio de determinado item e no ciclo derruba as cotações pelo excesso de oferta deste item até então em alta, oferecendo preços abaixo do custo. Não são poucos os dias que é preciso jogar fora as caixas carregadas de hortaliças que não encontram comprador na Ceasa.