Sidrolandia
A teoria da conspiração da Copa 2014
O Ministério da Saúde deve ficar com o versátil Mustafá Contursi, haja vista que Roberto Horcades, presidente do Flu, já negou a pasta.
Terra
06 de Agosto de 2010 - 13:43
"Por que a CBF suou tanto a camisa para trazer a Copa para o Brasil?"
Ouvi essa pergunta intrigante quando jantava num restaurante. Cheguei mais perto da mesa ao lado com a orelha em pé para saber se o grupo tinha a resposta da questão que eles mesmos levantaram.
E descobri uma teoria incrível. Pelo que entendi, os sujeitos chegaram nessa conclusão "apos ter acesso a documentos da Wikileaks que até a CIA duvida da existência".
O resumo é o seguinte (cena fortes vem a seguir):
A Copa 2014 é o definitivo projeto de poder de Ricardo Teixeira. Embasbaque-se: ele será o 41º presidente do Brasil. Mas, embora 2014 seja ano de eleição, a posse não se dará pela via democrática.
O mundial de futebol é apenas uma fachada para um golpe de estado que vem por aí. As bases para a "virada de mesa final", como já se diz nos bastidores, estão sendo engendradas. Os sujeitos da mesa ao lado asseguram que:
Carlos Arthur Nuzman comandará o Ministério do Esporte, mas não deve se contentar com pouco e pode acumular também o cargo de vice-presidente e de ministro da Fazenda.
Se o Fluminese não liberar Muricy Ramalho, Dunga será o ministro da Educação. Se Muricy for liberado, Dunga vai para as Relações Exteriores pelo seu bom trânsito com franceses, holandeses e pessoas em geral.
Rodrigo Paiva já garantiu para si a chefia do Ministério das Comunicações (que deve mudar de nome para "Departamento de Imprensa e Propaganda").
Wanderley Luxemburgo queria muito ser o interventor do Tocantins, mas convenceu-se que a presidência do Senado é mais negócio. Eurico Miranda fica com a da Câmara dos Deputados.
Zagallo, por seu conhecimento em aviõezinhos, será o chefe da Infraero.
Kaká assumirá o Ministério da Ciência, Tecnologia e Religiões. Pesquisadores de células-tronco e ativistas ateus irão para a fogueira assim que o novo governo se formar.
Andrés Sanches pleiteia a criação do Ministério do Timão, mas esta ideia é controversa e desgrada o chefe da casa civil Kleber Leite. Se o ministério não for criado, Andrés se contenta com qualquer vaga no congresso (desde que não dê muito trabalho).
Pelé será embaixador no Butão, para não amolar o presidente.
O Ministério da Saúde deve ficar com o versátil Mustafá Contursi, haja vista que Roberto Horcades, presidente do Flu, já negou a pasta.
Vampeta será embaixador do Brasil na Argentina. Parreira será o Ministro das Palestras Esportivas.
Joel Santana e sua prancheta conseguiram uma vaguinha no Ministério do Planejamento.
Galvão Bueno, quem diria, será o porta-voz da presidência e Mano Menezes, o ministro da Defesa.
O ministro da Justiça continua indefinido. Edilson Pereira de Carvalho e Eduardo Farah são os nomes mais cotados, mas Ricardo Teixeira ainda tenta convencer o ex-árbitro Javier Castrilli a voltar à ativa.
Antônio Lopes ficará à frente da Polícia Federal.
João Havelange, claro, será embaixador do Brasil na Suíça. Julio Grondona será embaixador da Argentina no Brasil.
Juca Kfouri será esquartejado na Praça dos Três Poderes. A população deve saber que sujeitos contrários ao governo serão punidos capitalmente. Sua cabeça será exposta no estádio do Pacaembu e os braços, se ele ainda tem algum, no Mineirão.
O golpe
Agora, o mais impressionante e o que puxará o gatilho do golpe em 2014, segundo os sujeitos da mesa ao lado será a "Querela Morumbi", uma nova versão do Plano Cohen de Getúlio Vargas.
São Paulo não aceitará ficar fora da Copa, mas a CBF, em conluio com a FIFA, não vai ceder. Qualquer solução que o governo tucano proponha para realizar jogos do mundial será rechaçada. Teixeira acusará os paulistas de boicotadores, anti-patrióticos e revolucionários. Alardeando o risco de perder a Copa, Teixeira pedirá carta branca para tomar decisões governamentais.
Dilma Roussef vai negar e os exércitos de todas as federações de futebol do Brasil irão às ruas para tomar o poder com o intuito de garantir a "integridade da Copa".
Será o começo do fim da república federativa. O governo paulista, capitaneado por Alckimin e Felipão Scolari, vai evocar o espírito da Revolução Constitucionalista de 1932 para declarar independência e realizar seu próprio mundial de futebol, patrocinado pela Fiesp e pela ONG Tradição, Família e Propriedade. A Itália virá a São Paulo para jogar na Arena Palestra num grupo que terá a Seleção da Catalunha, a Seleção Paulista e as Ilhas Malvinas.
Sócrates, Tostão e Belluzzo pedirão exílio em Paris.
O Rio Grande do Sul também se insurgirá, mas o mártir Fabio Koff vai desaparecer numa emboscada desenhada pelo goleiro Bruno, o chefe da segurança presidencial.
Ricardo Teixeira será também o presidente do PPT (Partido da Pátria de Chuteiras) e eleições diretas estarão suprimidas. A teoria da conspiração indica que ele reinstalará num futuro breve a monarquia no Brasil e se auto-clamará Ricardo I.
Robinho e Neymar ficarão a cargo do pão e circo ao redor do pais.
A guerra
Os sujeitos da mesa ao lado também lembraram com propriedade: os jornais já noticiaram que a construção dos estádios está sendo equipada com câmeras de monitoramento para que "as obras sejam acompanhadas de perto".
Essas câmeras, dizem eles, virá a ser o grande instrumento de observação da polícia secreta do novo governo, cuja existência já pode ser comprovada aqui.
Faz sentido agora a confusão em torno do Morumbi, a isenção fiscal para a construção de estádios e o tamanho do compromisso de Ricardo Teixeira em trazer a Copa (a ponto de relegar o Brasil na África à própria sorte com o "chefe de delegação" Andrés Sanches).
Antes de ir embora, intervenho e pergunto para os sujeitos da mesa ao lado se eles descobriram também quem será o campeão da Copa.
"A Argentina", respondem.
Bom, saí de lá preocupado. Se a Argentina ganhar a Copa dentro do Brasil, será pior que o golpe de estado de Ricardo Teixeira. Haverá no mínimo uma terceira guerra mundial.