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Um jornal a serviço do MS. Desde 2007 | Quinta, 10 de Outubro de 2024

Sidrolandia

Abismo social ainda é o maior desafio entre gestores públicos

Willams Araújo

18 de Outubro de 2010 - 15:00

Apesar da imagem positiva transmita comumente durante o período de eleições, dando conta que a população que vive abaixo da linha de pobreza tem diminuído em larga escala, o cenário é totalmente oposto para quem conhece pessoalmente os bolsões de miséria espalhados pelos grandes centros brasileiros.

Na prática, essa realidade é vista como o maior desafio entre os gestores públicos em sucessivos governos, independente de ideologias partidárias. É assim em São Paulo, Rio de Janeiro, etc.

Em Campo Grande, por exemplo, a miséria pode ser vista a poucos metros da entrada na cidade, onde várias famílias vivem de sobras de comida, na Favela do lixão, denominada Cidade de Deus”, localizada no Rodoanel, entre a saída para São Paulo e a cidade de Sidrolândia.

“São pessoas sem nenhuma perspectiva”, resumiu o vendedor Júlio César Padim de Azevedo ao sair de um dos barracos, remendados com lona e papelão, montados na Favela, depois de ter feito uma ação social com um grupo de amigos.

Juntamente com sua esposa, Alessandra, ele foi até o local levar cachorro quente e brinquedos no Dias das Crianças, comemorado em 12 de Outubro, data em que muitas pessoas e organizações não-governamentais e instituições foram prestar solidariedade.

No dia-a-dia da favela o normal é o trabalho de catação de lixo entre uma correria e outra atrás dos caminhões que chegam para descarregar.

O movimento envolve jovens, adultos, crianças e até idosos, alguns doentes, mas que precisam de migalhas para seu sustento. Por sorte, quase sempre há voluntários no local, levando alimentos, roupas, cobertores e calçados para os moradores da favela.

Na verdade, o Brasil, mesmo sendo um país potencialmente rico, continua convivendo com índices sociais vergonhosos, que nos colocam no mesmo patamar do Haiti, que tem o mais baixo IDH (Índice de Desenvolvimento Humano )– do mundo.

COOPERATIVA

Sensibilizado com a situação, o prefeito de Campo Grande, Nelsinho Trad (PMDB), deu início em abril deste ano a construção de uma usina de triagem de lixo no novo aterro sanitário. Em fase de conclusão, a obra custara cerca de R$ 2,8 milhões.

A idéia é que centenas de pessoas que moram na favela troquem seus barracos de lona por casas populares, podendo fazer parte ainda de uma cooperativa. Segundo a prefeitura, todo o complexo do novo aterro sanitário substituirá o antigo lixão de Campo Grande.

O aterro antigo só será desativado quando a usina ficar pronta. A medida integra a série de ações estabelecidas no TAC (Termo de Ajustamento de Conduta), intermediado pelo Ministério Público Estadual e assinado pelo prefeito no dia 25 de fevereiro deste ano.

A usina de processamento de lixo contará com um incinerador de resíduos sólidos hospitalares.

Até dezembro de 2011, prazo final para as ações listadas, o lixão localizado no bairro Dom Antônio Barbosa será desativado, e toda a área será recuperada. Também haverá no local uma área para receber resíduos sólidos da construção civil, ou seja, entulho.

O novo aterro sanitário vai receber da usina de processamento de lixo todo o material não reciclável. Máquinas vão fazer o trabalho de compactação do lixo. A idéia é que o aterro tenha vida útil de 20 anos.

O prazo para a prefeitura concluir todo o processo de desativação do lixão e ativação do novo aterro sanitário é dezembro de 2011.

O prefeito Nelsinho Trad vai investir R$ 1,3 milhão na operacionalização da usina de processamento de lixo e do incinerador de resíduos sólidos hospitalares.

Já a parte social do projeto, com construção do aterro sanitário, desativação do lixão e recuperação da área, custará R$ 4 milhões.

A construção de 300 moradias para as famílias dos catadores de lixo custará R$ 4,8 milhões. Toda a obra está orçada em R$ 12,9 milhões.