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Sidrolandia

Ahmadinejad alerta para "guerra sem limite" se Irã for atacado

Terra

21 de Setembro de 2010 - 15:24

O presidente do Irã, Mahmud Ahmadinejad, disse nesta terça-feira que um ataque contra a infraestrutura nuclear de seu país daria início a uma guerra "sem limites", informou a imprensa dos Estados Unidos. Durante um encontro com editores e proprietários da mídia americana em Nova York, Ahmadinejad sugeriu ainda que o Holocausto foi exagerado "como um pretexto para a guerra".

"Os Estados Unidos não entendem como é a guerra. Quando uma guerra começa, não há limites", afirmou o presidente iraniano, respondendo a um repórter que indagou sua reação a um eventual ataque israelense apoiado pelos EUA contra instalações nucleares. "Os EUA nunca entraram em uma guerra séria, e nunca foram vitoriosos", indicou Ahmadinejad, citado pela edição online da revista Atlantic.O presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, discursa na conferência das Nações Unidas sobre as Metas do Milênio. Foto: AFP

O presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, discursa na Assembleia da ONU, em Nova York
Foto: AFP

"Para começar, você acha que alguém vai atacar o Irã?", provocou o presidente iraniano. "Eu realmente acho que não. O regime sionista é uma entidade muito pequena no mapa, ao ponto de sequer representar um fator em nossa equação".

O Conselho de Segurança da ONU já impôs quatro séries de sanções contra o Irã em represália a seu programa nuclear, e os Estados Unidos e seus aliados pedem a aplicação estrita destas medidas. Os poderes ocidentais acusam o Irã de tentar fabricar uma bomba atômica, mas Ahmadinejad nega. Ele está em Nova York para participar da Assembleia Geral da ONU e de uma cúpula contra a pobreza e a fome, também das Nações Unidas.

Ahmadinejad afirmou estar pronto para discutir a questão nuclear com o presidente americano, Barack Obama, mas ressaltou que "a perspectiva toda precisa mudar", segundo a ABC News. As sanções da ONU teriam prejudicado as chances de uma melhora nas relações EUA-Irã, indicou.

Mais uma vez, o presidente iraniano foi questinado a respeito da morte de milhões de judeus em campos de concentração do regime nazista durante a Segunda Guerra Mundial. Ahmadinejad, que em várias ocasiões negou a existência do Holocausto nazista, afirmou desta vez que o genocídio foi "um evento histórico usado para criar um pretexto para a guerra".

"A questão é: por que não deixamos este tema para ser examinado depois? (...) É incorreto forçar apenas uma visão para o resto do mundo", indicou. "Precisamos perguntar onde este evento ocorreu, e por que o povo palestino deve continuar a sofrer por causa disso? Não sou antissemita. Sou antissionista", concluiu.

O presidente iraniano negou que o movimento de oposição no Irã esteja sendo perseguido. "Aqueles indivíduos não têm problemas ou dificuldades", declarou. "São todos livres de fato".

Tradução simultânea
Mahmud Ahmadinejad fez um discurso caótico na cúpula da ONU para os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio, no qual culpou o capitalismo pelos males do mundo - mas ninguém, à exceção do próprio presidente iraniano e de sua delegação, parece ter realmente entendido o que ele dizia.

Ahmadinejad interrompeu sua fala por um minuto para reclamar da tradução simultânea. O discurso foi retomado, mas no fim, os intérpretes da ONU admitiram que não estavam acompanhando o que o presidente iraniano dizia, apenas "lendo um texto traduzido" de sua fala. A ONU alegou que o farsi não é uma de suas línguas oficiais, e que portanto cabia ao Irã providenciar um tradutor oficial. A assembleia não estava cheia, mas as delegações ocidentais não boicotaram a intervenção como em outros anos.