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Após fraco resultado, setor de transporte mostra "otimismo cauteloso" para 2018
Na avaliação de 38,9% dos entrevistados, a retomada do crescimento econômico só será percebida em 2019.
Agência Brasil
04 de Dezembro de 2017 - 15:47
O ano de 2017 foi de desempenho abaixo do esperado para as empresas do setor de transportes. Para 2018, a expectativa do setor é de um otimismo cauteloso, apesar da baixa confiança na gestão econômica do país. A constatação é da Confederação Nacional do Transporte (CNT), tendo por base dados divulgados nesta segunda-feira (4) por meio da Sondagem Expectativas Econômicas do Transportador 2017.
As projeções do setor de transportes para o próximo ano têm como ponto de partida a expectativa relativa ao Produto Interno Bruto (PIB, (a soma de todas as riquezas produzidas no país) de 2017 e 2018. De acordo com a maior parte dos empresários do setor (54,8%), o PIB brasileiro será maior em 2018 do que em 2017 ano que, segundo as empresas, teve desempenho abaixo do esperado no setor.
Em parte isso se explica pelo aumento do custo operacional que foi percebido por 76,3% dos entrevistados; e pela queda de receita registrada por 32,8% das empresas. Na avaliação de 38,9% dos entrevistados, a retomada do crescimento econômico só será percebida em 2019.
No caso dos transportadores rodoviários de carga, o desempenho em 2017 foi pior do que o esperado, segundo 31,9% das empresas. Além disso, 19,7% dessas transportadoras apresentaram queda de receita em 2017. A absoluta maioria das empresas deste segmento (92,8%) disseram não ter constatado em nenhum momento, a redução do preço do diesel após a mudança de política de preços da Petrobras.
Para 53,2% dos entrevistados,a crise de confiança no governo federal é o principal entrave para a realização de novas concessões. Na avaliação da CNT, a queda de confiança na gestão da economia afeta diretamente as expectativas dos transportadores para o próximo ano, mesmo com as empresas de transporte já começando a se recuperar do período recessivo. A avaliação é de que a retomada da economia será em ritmo mais lento do que o esperado.
Diante deste cenário, 54,8% dos entrevistados disseram que pretendem manter o tamanho da frota em 2018, enquanto 32,1% disseram ter em seus planos aumentar a contratação formal de empregados em 2018. Segundo a pesquisa da CNT, 80% das empresas que usam o sistema ferroviário para o transporte de cargas têm a expectativa de aumento do volume de investimentos privados em ferrovias ao longo de 2018.
A confiança na gestão econômica do país pelo governo federal é baixa, com 59,8% dos entrevistados demonstrando baixo grau de confiança na atual gestão do país, e 85,4% dizendo não acreditar que as ações governamentais sejam suficientes para recuperar e adequar a infraestrutura de transporte no Brasil.
Ainda segundo o levantamento, os motivos mais citados para o atraso das obras de infraestrutura de transporte foram interferência política nas agências do governo (65,2%), e excesso de burocracia para começar obras (54,8%).
No caso do setor metroferroviário, todas as empresas entrevistadas consideram insuficiente a infraestrutura de transporte urbano sobre trilhos; e metade (50%) afirma que houve aumento do custo da energia elétrica em termos percentuais referentes ao custo operacional do sistema.
Apesar da avaliação negativa das políticas de governo, 66,1% dos empresários do setor receberam de forma positiva a reforma trabalhista por ele implantada. Já a reforma tributária, caso seja feita, foi apontada como passo importante modernização do Estado, com 46,5% dos entrevistados dizendo ser necessária a redução da carga tributária no país, e 20,5% defendendo a simplificação do sistema de cobrança de tributos.
Setor aéreo
Todas as empresas do setor aéreo afirmaram ter registrado aumento no número de passageiros transportados em voos domésticos durante o ano de 2017. Também 100% delas disseram concordar que o governo federal deve continuar com o programa de concessão de aeroportos, como estratégia para melhorar a qualidade dos serviços aeroportuários.
Com relação às novas regras para o exercício da profissão de aeronauta, 80,0% das companhias aéreas dizem que elas têm potencial para comprometer os custos das empresas, em especial no que se refere à jornada de trabalho. A aprovação de um teto de 12% do ICMS que incide sobre o querosene de aviação usado como combustível pelas aeronaves foi apontado como muito importante por 80% das empresas deste segmento.
Setor aquaviário
A qualidade dos portos brasileiros é regular, ruim ou péssima segundo 92,9% das empresas do setor aquaviário. Apesar da má qualidade dos portos, 37,1% das empresas de navegação registraram aumento de receita bruta em 2017; e 51,4% acreditam que a receita deverá aumentar também em 2018.
O programa Porto sem Papel, iniciativa implementada pelo governo federal com o objetivo de desburocratizar procedimentos portuários, já está sendo usado por 66,7% das empresas de navegação marítima e por 26,1% das empresas de navegação interior. O programa está atingindo seus objetivos, segundo 69,2% das empresas que o adotaram.
Transporte Urbano de Passageiros
A maior parte (60,5%) das empresas que prestam serviço de transporte urbano de passageiros registraram queda de receita bruta em 2017. Em parte, isso se explica pelo fato de 85,9% das empresas de ônibus terem registrado variação negativa do volume de passageiros diários nos últimos 12 meses; e por 55,3% afirmarem ter perdido clientes para outros modais de transporte.
O serviço de transporte por aplicativos de celulares foi apontado como motivo da perda de clientes por 36,2% das empresas entrevistadas. Diante desse cenário, apenas 28,8% dos entrevistados disseram esperar aumento de receita bruta no transporte urbano em 2018.
A Sondagem ouviu representantes de 823 empresas de transporte rodoviário de cargas e passageiros, ferroviário de cargas, aquaviário (navegação marítima e interior), aéreo de passageiros e serviços de transporte urbano de passageiros por ônibus e metroferroviário, entre os dias 16 de outubro e 10 de novembro, em todo o país.