Sidrolandia
Conservadores vencem e devem ter prioridade na escolha do, diz Clegg
Redação de noticia
07 de Maio de 2010 - 13:00
O líder dos Liberais Democratas, Nick Clegg, afirmou nesta sexta-feira que os conservadores, declarados vencedores das eleições britânicas da quinta-feira já que os Trabalhistas, de Gordon Brown, não têm mais condições de obter os votos suficientes para ultrapassar o partido de David Cameron, devem ter a prioridade nas escolhas de formação de um novo governo para o Reino Unido.
A apuração ainda não foi terminada, mas até o momento a rede de televisão BBC informa que os Conservadores têm 291 cadeiras (36% dos votos), os Trabalhistas conquistaram 251 assentos do Parlamento (29,3%) e os Liberais Democratas têm 52 representantes eleitos, com 22,9%.
Premiê Gordon Brown (esq.), conservador David Cameron e liberal democrata Nick Clegg |
"Eu disse que o partido que conseguisse mais votos e mais cadeiras, no caso de não obter maioria absoluta, teria o direito de buscar primeiro o governo, seja por conta própria ou procurando os outros partidos. E eu continuo com este ponto de vista", declarou Clegg.
"Parece esta manhã que que é o Partido Conservador que tem mais votos e mais cadeiras, apesar de não ter maioria absoluta", disse.
Verdes
Além do Parlamento sem maioria, que era uma das possibilidades esperadas, esta eleição foi marcada pela entrada dos Verdes no congresso britânico pela primeira vez. O Partido Verde conseguiu entrar para o Parlamento graças à vitória nas eleições legislativas de quinta-feira da líder da formação, Caroline Lucas, no distrito de Brighton Pavilion (sul da Inglaterra).
Os ecologistas têm deputados em muitos parlamentos da Europa, mas os Verdes britânicos ainda não haviam conseguido entrar na Câmara dos Comuns em consequência de um sistema eleitoral que favorece os grandes partidos.
"Os cidadãos de Brighton Pavilion fizeram história ao eleger o primeiro deputado verde do Parlamento britânico", declarou Caroline Lucas.
A nova deputada, de 49 anos, recebeu 31,33% dos votos, superando os candidatos trabalhista (28,91%) e conservador (23,68%).
Cenário incerto
O resultado destas eleições confirma um Parlamento sem maioria absoluta, o que não acontecia desde 1974.
A Câmara dos Comuns (câmara baixa do Parlamento britânico) é formada por 650 deputados (533 ingleses, 59 escoceses, 40 galeses e 18 norte-irlandeses), mas em uma dos circunscrições - Thirsk and Malton (norte da Inglaterra) - a eleição acontecerá no dia 27 de maio, por conta da morte de um dos candidatos.
Com alta participação, que segundo as primeiras informações superou 64%, as urnas deixaram no ar o futuro político do Reino Unido, pois o primeiro-ministro tem a prerrogativa legal de tentar formar um governo apesar do Partido Trabalhista ter perdido as eleições.
Os conservadores não alcançarão as 326 cadeiras necessárias para governar sozinhos, nem um número próximo dos 320, que lhes permitiria formar a maioria em alianças com o apoio de legendas menores, como os unionistas da Irlanda do Norte.
Por isso, a porta está aberta para que os trabalhistas de Brown busquem uma maioria no Parlamento, o que supõe uma negociação com o Partido Liberal-Democrata, que obteve um resultado pior do que o esperado.
O líder dos liberais-democratas, Nick Clegg, foi a grande estrela da campanha eleitoral depois do primeiro debate televisado entre os três candidatos a primeiro-ministro e seu partido chegou a ser apontado segunda força nas pesquisas sobre intenções de voto, o que não aconteceu nas urnas.
No entanto, o partido de Clegg tem em mãos o número de deputados suficientes para a formação de um governo que disponha de um respaldo parlamentar suficiente, ao lado dos conservadores ou dos trabalhistas. Ele declarou que seu partido não vai se precipitar ao tomar as decisões.
Cameron considerou que as urnas indicaram que o país quer "uma mudança" e "uma nova liderança", enquanto Brown, que também fez uma breve declaração, ressaltou que tudo segue indefinido, em consequência do resultado eleitoral.
Brown acrescentou que seu dever com os britânicos é "garantir que o Reino Unido tenha um governo forte e estável, capaz de liderar o país rumo a uma recuperação econômica sustentada e capaz de aplicar nossos compromissos para reformar a fundo nosso sistema político".
A declaração de Brown se seguiu às informações procedentes de Downing Street, segundo as quais o líder trabalhista estaria disposto a formar um governo de coalizão se nenhum partido obtivesse a maioria absoluta nestas eleições gerais.
O ministro de Exteriores, David Miliband, declarou que "caso se confirme que nenhum partido ganhou por maioria absoluta, parece perfeitamente razoável que os partidos conversem para ver se encontram pontos em comum para criar um governo forte e estável".
A jornada eleitoral foi marcada também pela lenta apuração e pelos problemas de muitos eleitores para exercer seu direito ao voto, pelo fechamento de vários colégios eleitorais quando dezenas de pessoas ainda esperavam nas filas.
"É algo que não deveria voltar a ocorrer em nossa democracia", lamentou Clegg.