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Sidrolandia

Dilma Rousseff vai ao Sul no primeiro dia de campanha

A data é considerada o início da campanha porque, pelo calendário eleitoral, é a partir de então que os candidatos poderão realizar comícios e a propaganda eleitoral está permitida

Terra

05 de Julho de 2010 - 10:10

Vai começar para valer a investida da candidata do PT à presidência da República, Dilma Rousseff (PT), sobre a região Sul do país, lugar no qual ela apresenta seu pior desempenho na maior parte das pesquisas de intenções de votos. A coordenação de campanha de Dilma confirmou aos dirigentes petistas do Rio Grande do Sul que na próxima terça-feira (6) a candidata estará em Porto Alegre. A data é considerada o início da campanha porque, pelo calendário eleitoral, é a partir de então que os candidatos poderão realizar comícios e a propaganda eleitoral está permitida. Será a primeira visita de Dilma ao Rio Grande do Sul como candidata e também a primeira vez que ela fará no Estado o conhecido "corpo a corpo" - situação em que candidato faz campanha em locais de grande circulação de pessoas e conversa diretamente com os eleitores.

Nas visitas anteriores, a ex-ministra sempre participou de eventos fechados, com entidades empresariais ou, então, com movimentos que apoiam sua candidatura. Desta vez, ela terá uma agenda mais típica de candidata. O roteiro inicial prevê um ato com integrantes dos partidos que a apoiam no Rio Grande do Sul no final da manhã, na Esquina Democrática - tradicional ponto de eventos políticos e largamente utilizado por petistas no centro de Porto Alegre (encontro da Rua dos Andradas com a avenida Borges de Medeiros). Dali, Dilma seguirá caminhando até o Mercado Público, outro dos pontos mais tradicionais da capital gaúcha e pelo qual passam milhares de pessoas todos os dias. No Mercado, ela vai almoçar com o candidato do PT ao governo do Estado, Tarso Genro, e outras lideranças de partidos aliados.

Região disputada
Mesmo que as últimas pesquisas apontem diferenças significativas entre si no Datafolha, o candidato à presidência do PSDB, José Serra, cresceu 12 pontos no Sul entre os levantamentos de maio e junho, enquanto Dilma caiu 3%. Já o Vox Populi aponta crescimento de Dilma e estagnação de Serra na região e, o Ibope, crescimento de ambos. Petistas e tucanos consideram a região estratégica e já deram mostras disso. A última delas foi realizada durante os episódios que envolveram as negociações para a escolha e posterior retirada do nome do senador paranaense Alvaro Dias (PSDB) como vice de Serra.

O PT assegurou um palanque firme e possibilidade de outros no maior colégio eleitoral do País (São Paulo sozinho, detém 22,4% do eleitorado), onde a disputa é difícil. "Temos conseguido avançar na base de outros partidos não aliados e isso inclui o PMDB, o PTB e o DEM. A meta do PSDB de São Paulo era abrir de cinco a seis milhões de votos na nossa frente, mas isso não vai acontecer", afirmou o presidente do PT paulista, Edinho Silva. Apesar das rusgas regionais, petistas e peemedebistas também garantiram votos para a chapa presidencial no segundo e no quarto maiores colégios - Minas Gerais, com 10,7% do eleitorado, e Bahia, com 6,9%, respectivamente e no Rio de Janeiro, terceiro maior concentrador de votos, com 8,5%, confiam na consistência da aliança.

Com o Sudeste "sob controle", apesar dos resultados das pesquisas acenderem o sinal vermelho, o Sul deve receber mais atenção. Juntos, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná concentram 14,9% dos eleitores brasileiros. Sem a Bahia, os outros oito estados da região Nordeste (Alagoas, Ceará, Maranhão, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte e Sergipe) têm 19,9% do eleitorado. No Nordeste, no entanto, além de manter a dianteira em todas as pesquisas, Dilma tem curva ascendente. O Centro-Oeste e o Norte, onde os números também indicam tendências diversas, possuem, respectivamente, 7,1% e 7,2% do eleitorado do país.

"Nossos levantamentos internos já indicam um empate técnico no Rio Grande do Sul. Dentro do Estado, Dilma está melhor nas regiões da Campanha e da Fronteira. Por isso, vamos, por enquanto, concentrar mais atividades na região Metropolitana de Porto Alegre e na Serra. São regiões com alto número de eleitores e nas quais somos fortes, mas onde nem sempre ganhamos a eleição", disse o presidente do PT gaúcho, deputado estadual Raul Pont. Dos 10 maiores colégios eleitorais do Rio Grande do Sul, quatro estão na região Metropolitana (Porto Alegre e as cidades de Canoas, Gravataí e Viamão) e o segundo maior é Caxias do Sul, na Serra. Já as cidades que ficam entre a região Metropolitana e a Serra (Novo Hamburgo e São Leopoldo) são administradas por petistas e localizadas no Vale dos Sinos.

Motivos que dificultam o crescimento no Sul
O que leva Dilma a estar atrás de Serra no Sul e, em particular, no RS, onde ela tem trajetória política, para Pont, é uma conjunção de fatores, mas que o deputado resume: "um eleitorado mais exigente cobra mais." Ao invés de lembrar que o PT sempre polarizou eleições no Estado, onde o antipetismo é forte, o PP e o PMDB são tradicionais adversários e somam mais filiados e prefeituras, situação semelhante ao quadro de Santa Catarina, o deputado enumera questões nacionais. "Houve a crise de 2005, uma frustração em relação ao primeiro e segundo anos do governo Lula, sobre o qual se tinha uma expectativa muito grande. Aí, em 2006 o Alckmin (Geraldo) ganhou no Estado. Em 2008 conseguimos recuperar uma parte."

"Há um antipetismo forte na região, aquela sensação de parte da classe média de que está pagando a conta. Além disso, no Sul temos mais infraestrutura e o peso do governo federal e dos programas sociais da renda e do salário mínimo são diferenciados", explicou o secretário nacional de Comunicação do PT e deputado federal pelo Paraná, André Vargas. No Paraná, na queda de braço entre PT e PSDB, o primeiro levou a melhor e conseguiu fechar a aliança que terá o senador pedetista Osmar Dias (irmão de Alvaro) candidato ao governo apoiado por PT e PMDB (união descartada nos outros dois estados do Sul).

Segundo Vargas, a estratégia petista para o Sul vai incluir um debate no qual considera que Dilma estará em vantagem, porque envolverá também demandas mais sofisticadas do ponto de vista econômico e de infraestrutura, que incluem setores-chaves para a região, como o agroexportador e o de manufaturados. "Nossa tática inclui a apropriação dos dois sentimentos: o da continuidade e o da mudança".