Em palestra no Sindicato Rural, consultor mostra que 75% dos filhos de produtores não dão continuidade ao negócio

Os produtores rurais de Sidrolândia que participaram nesta terça-feira (07) no Sindicato Rural da 4ª edição do Ciclo Aprosoja de Palestras, tomaram conhecimento de números reveladores e inquietantes sobre a longevidade da continuidade do negócio dentro da família. De cada 100 propriedades do campo, 75 não passam para segunda geração da família e só 17 continuam na seguinte, as dos netos.

O agrônomo e consultor, Murilo Damé, que abordou o tema “Sucessão Familiar na propriedade rural” mostrou, por exemplo, que 60% dos filhos não dão continuidade aos negócios herdados do pai. Ele aponta como principal razão desta baixa longevidade, a falta de comunicação, ou seja, os pais mantêm os filhos a margem da rotina da propriedade e com isto, acabam não despertando o interesse deles pelo negócio.

O consultor reconhece que há outros fatores determinantes para os herdeiros não continuarem no agronegócio: 15% por razões técnicas, ou seja, falta de investimento no solo da propriedade, na aquisição de equipamentos mais atualizados tecnicamente. Há também uma quantidade considerável de herdeiros (25%) que simplesmente não se adaptam à atividade no campo, não tem perfil para lidar com agricultura ou pecuária.

O palestrante Murilo Damé é engenheiro agrônomo e consultor da empresa Safras & Cifras. Tem experiência na área de Agronomia, com ênfase em Biologia do Solo, Entomologia Agrícola e Gestão do Agronegócio. Além da experiência científica nessas áreas, tem experiência prática na área de Pecuária de Corte, onde atua na administração de negócios familiares.

Outro palestrante da noite foi Renato Roscoe que abordou o tema, “Gestão da fertilidade do solo em sistemas integrados de soja e milho”. Ele é doutor em Environmental Sciences pela Wageningen University And Research Centre, na Holanda.

Para o presidente da Associação dos Produtores de Soja de Mato Grosso do Sul, (Aprosoja- MS), Christiano Bortolotto, Sidrolândia não poderia ficar fora do circuito de palestras por se tratar de um dos maiores polos de produção agrícola do Estado, com altos níveis de produtividade, fruto da profissionalização da atividade, com emprego de tecnologia que assegura uma produção econômica e ambientalmente sustentável.

O presidente do Sindicato Rural, Rogério Menezes, destacou a importância dos temas abordados, especialmente a questão da sucessão familiar nas propriedades. “Hoje este é um assunto no centro da preocupação não só do produtor brasileiro, mais até dos países do primeiro mundo, como os Estados Unidos”.

A etapa do Circuito Aprosoja de Palestras teve, além dos produtores, a participação do diretor da Agraer, Enelvo Felini, que no próximo dia 15, assume uma vaga de deputado na Assembleia Legislativa, em substituição a Flavio Kayatt, indicado para o Tribunal de Contas.