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Sidrolandia

Em sabatina da CNA, Serra critica ausência de Dilma e Marina e ataca o MST

Eu tenho comparecido a todos os debates dentro dos mesmos parâmetros que os demais candidatos estão comparecendo.

REUTERS

01 de Julho de 2010 - 16:20

O candidato do PSDB à Presidência, José Serra, iniciou sua exposição na sabatina da Confederação Nacional da Agricultura (CNA), nesta quinta-feira, alfinetando as adversárias Dilma Rousseff (PT) e Marina Silva (PV), que não compareceram ao evento. Ele também criticou o uso do dinheiro público para financiar o Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST). Para Serra, o MST é um movimento "que se diz de reforma agrária".

- Minha estratégia é a da exposição, do debate e da verdade - disse Serra.

Após se ausentar da sabatina da CNA por conflito de agenda, a candidata Dilma Rousseff (PT) negou que tenha fugido de qualquer debate. Sem citar nomes, atribuiu a falta de discussão consistente sobre programas de governo aos "factóides". Ela se recusou a rebater as críticas do deputado Índio da Costa, vice de seu adversário, José Serra (PSDB), mas respondeu as afirmações do adversário sobre irrigação no Nordese e o uso do boné do MST.

_ Eu não conheço nenum debate que esteja legal neste momento. Eu tenho comparecido a todos os debates dentro dos mesmos parâmetros que os demais candidatos estão comparecendo. Nestas eleições a gente deve evitar factóides que tiram o foco do debate consistente, de programas e prospostas concretas de como o país vai conseguir continuar crescendo e distribuindo renda _ disse Dilma. Sem indicar o sujeito da frase, completou: _ usa mecânismo de distrair a atenção da população não discutindo nada. Eu quero discutir conteúdo. Meu negócio é discutir conteúdo. Uma discussão respeitosa, que seja travada em alto nível, isso beneficia os candidatos e toda a população.

Sobre o MST, destacou que o governo Lula se posicionou sempre contra ilegalidades, e

_ Sempre que o MST cometeu ilegalidades, deixamos clarinho que éramos contra. Nunca deixamos de dialogar. Governo que acaba o dialogo e faz qualquer tipo de repressão porque (o movimento) está querendo dialogar não está correto. Agora ilegalidade, não _ disse Dilma. _ Qual é a melhor forma de tratar a questão? É solucionar os problemas que estão na origem do MST: a falta de terra e de renda desses produtores. De um lado não aceitamos ilegalidade. De outro, não deixamos de dialogar. O que não é possível é uma discussão sobre boné quando está em questão um setor produtivo imenso do país, a agricultura familiar.

A respeito das provocações de Índio da Costa, foi lacônica:

_ Não tenho o prazer de conhecer o deputado Índio da Costa. Quanto às demais questões, eu não vou comentar porque não é apropriado.

" O silêncio dos candidatos tira dos eleitores o direito de conhecer melhor os candidatos "

A presidente da CNA, a senadora Kátia Abreu, também criticou a ausência das duas.

- O silêncio dos candidatos tira dos eleitores o direito de conhecer melhor os candidatos - lamentou.

Em seguida, Serra criticou o uso de verba pública para financiar o MST.

- Sou contra que usem o dinheiro do governo para isso. É importante a gente mostrar qual é a motivação para isso. Na verdade não é reforma agrária. É um movimento de natureza que propõe um tipo de transformação no Brasil - afirmou.

O presidenciável aproveitou para criticar o uso da bandeira do MST.

- Não adianta por o boné numa hora e noutra hora tira o boné e esconde numa gaveta. Aí uma coisa que precisa ter clareza de como atuar. O MST é um movimento que se diz de reforma agrária para na verdade usar a ideia da reforma agrária para uma mudança de natureza revolucionária socialista no Brasil - disse.

- Não quero reprimir, não. Acho que as pessoas que pensam assim devem ter plena liberdade para propor e para pregar. Só sou contra que usem dinheiro do governo para isso - afirmou.

Serra prometeu, se eleito, garantias reivindicadas pelo setor do agronegócio.

- Garanto a vocês que, em quatro anos, vamos ter seguro rural e preços garantidos no Brasil, que funcionem. Nós vamos fazer isso, vamos vencer esta barreira - disse.

O tucano criticou ainda a falta de seguro rural e afirmou que os juros para a agricultura e pecuária têm que ser menores.

- Se tiver uma política de preços, se podia usar mais recursos do Tesouro para oferecer mais crédito para o setor - declarou.

O governo atual possui uma política de seguro rural, mas que é considerada amplamente insuficiente.

Em relação aos preços mínimos, agricultores reclamam da demora do governo em garantir o pagamento dos valores estabelecidos em momentos em que os preços no mercado caem abaixo desses níveis.

Como em outras palestras suas que versaram sobre temas econômicos, o tucano mencionou os "três recordes mundiais" do Brasil: taxa de juro real "sideral"; a maior carga tributária do mundo em desenvolvimento ("descomunal") e a menor taxa de investimento governamental ("ridículo").

Na véspera, DEM e PSDB anunciaram a escolha do deputado federal Indio da Costa (DEM) para vice de Serra , depois de três meses de intensa negociação. O tucano destacou que o episódio terminou sem sequelas para os dois partidos e afirmou que a indicação representou "uma aliança forte pelo Brasil" .