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Sidrolandia

Ex-delegado diz que recusou oferta para espionar Serra

Segundo Onézimo, a proposta inicial era para proteger informações e identificar furos no comitê petista. Mas acabou evoluindo para espionar Serra.

Redação de noticia

18 de Junho de 2010 - 10:18

O ex-delegado federal Onézimo Souza disse nesta quinta-feira (17), durante sessão da Comissão Mista de Controle de Atividades de Inteligência (CCAI) do Congresso, que recebeu proposta de R$ 160 mil mensais para espionar o candidato do PSDB à presidência da República, José Serra. Segundo Onézimo, a proposta inicial era para proteger informações e identificar furos no comitê petista. Mas acabou evoluindo para espionar Serra.

De acordo com o ex-delegado, a proposta foi feita em reunião realizada entre abril e maio com os jornalistas Amaury Ribeiro Júnior e Luiz Lanzetta, dono da Lanza Comunicação, o empresário Benedito de Oliveira Neto, conhecido como Bené, e o ex-sargento da Aeronáutica Idalberto Martins de Araújo. Lanza coordenava a assessoria de comunicação de Dilma, mas deixou o cargo após surgirem as primeiras associações de seu nome ao caso.

Onézimo disse que a proposta valeria para os próximos dez meses, mas que a recusou quando soube que teria de espionar Serra. Além do candidato à presidência, também seriam espionados o deputado Marcelo Itagiba (PSDB-RJ) e os petistas Rui Falcão e Valdemir Garreta.

“No decorrer da proposta teve outra proposta que eu considero indecente, que seria fazer trabalho especifico em cima do candidato concorrente. Eu bati na mesa e usei uma expressão bem característica: vocês querem editar os aloprados dois?”, afirmou. O ex-delegado disse que Amaury Ribeiro contou durante a reunião que tinha "dois tiros" contra Serra, mas que não revelou quais seriam.

No depoimento dado aos senadores, Onézimo afirmou que os petistas usaram o nome do ex-prefeito de Belo Horizonte Fernando Pimentel para marcar a reunião. "Só que estranhamente, quando da reunião, apareceram três pessoas que eu não conhecia", disse. Segundo o ex-delegado, o grupo que compareceu ao encontro se desculpou pela ausência de Pimentel, que é um dos coordenadores da campanha à presidência da ex-ministra da Casa Civil Dilma Rousseff e candidato ao Senado.

O ex-delegado disse que, durante sua negociação com os petistas, não teve qualquer contato com dirigentes do partido ou da campanha de Dilma. "Os três que compareceram à reunião eram, para mim, ilustres desconhecidos", lembrou. Onézimo reafirmou que eles se apresentaram como representantes de Fernando Pimentel. "Quem se apresentou como representante do doutor Fernando Pimentel foi o senhor Lanzetta", disse. Questionado se gravou a reunião, ele desconversou. Mas, ao ser pressionado pelos senadores, insinuou que gravou o encontro.