Logomarca

Um jornal a serviço do MS. Desde 2007 | Domingo, 22 de Setembro de 2024

Sidrolandia

Glória Pires celebra 40 anos de carreira com biografia e retorno à TV

Após temporada de dois anos na França, atriz fará novela de Gilberto Braga.Emocionada, ela diz chorar toda vez que vê a filha Cleo em cena.

G1

05 de Julho de 2010 - 09:05

Após dois anos de uma “vida normal” na França, Glória Pires está de volta ao Brasil. Aos 46 anos, a atriz aproveita o retorno para comemorar seus 40 anos de carreira com o lançamento da biografia “40 Anos de Glória”, escrita por Eduardo Nassife e Fábio Fabretti, e um novo papel nas novelas.

“Eu não sei em que pé está, o que eu tenho de concreto é que o Gilberto (Braga) me chamou pra fazer a novela dele. É um personagem que amei, a Norma. É um grande desafio e começamos em setembro”, revela em entrevista ao "Fantástico".

A história de Glória na TV brasileira começou quando ela tinha apenas quatro anos, pelas mãos do pai, o ator Antônio Carlos Pires, famoso pelo personagem Jovelino Barbacena, de “A escolinha do professor Raimundo”. Aos sete, ela viveu a primeira rejeição, ao não ser aprovada por Daniel Filho para o elenco da novela “O primeiro amor” (1971).

A rejeição quase a fez desistir de atuar. Mas, em 1978, novamente seu pai a levou para outro teste com o diretor, que dessa vez a aprovou para aquele que seria um de seus papéis mais marcantes. Aos 14 anos, ela era a rebelde Marisa, de “Dancin’ days”.

“Eu falei: ‘pai, nem continua, nem fala, não quero nem ouvir’. E ele: ‘não, o que que custa, você vai lá, faz o teste, não vai perder nada, não tem nada a perder’. Isso foi o que me deu a ficha, que caiu: eu realmente não tinha nada a perder. Eu já tinha passado por um momento terrível, se aquilo se repetisse eu já conhecia esse depois. Então por que não? E fui. Foi uma experiência muito importante pra mim, que estava na adolescência, uma fase muito difícil, de transição. Me deu uma injeção de autoestima, foi incrível pra mim”, revela.

Com o passar dos anos, a atriz realizou outros trabalhos importantes em folhetins como “Cabocla”, “Água viva” e “As três Marias”. Aos 19, fez o primeiro filme, “Índia”, rodado no Araguaia. Na época, estava casada com Fábio Jr. e grávida de Cleo, sua primeira filha.

“Eu era muito jovem, não tinha muita experiência. Mas sempre tive muita disposição, gana, assim, pra vida, sabe? Eu sou uma pessoa que não tem essa historia de tempo ruim. Tem que pegar o touro à unha? Então vamos lá!”, ri. “Ter tido a Cléo tão novinha me transformou numa mulher. Eu amadureci.”

As novelas se sucediam e Glória continuava interpretando mulheres fortes na TV, como a inescrupulosa Maria de Fátima, de “Vale tudo” (1988). Em 1993, já casada com o músico Orlando Morais e novamente mãe, ela viveu as marcantes gêmeas de personalidades opostas Ruth e Raquel, de “Mulheres de areia”.

“O personagem praticamente entrava em 80% da novela, era uma ou outra ou as duas juntas”, relembra Glória, que cita a dificuldade de conciliar trabalho com a vida pessoal: sua mãe tinha acabado de morrer. “Foi uma loucura. Só o trabalho mesmo, a ideia de que você tem a responsabilidade pelo seu trabalho para tirar você de uma dor como essa, né?”, diz.

França e Cleo Pires
Os últimos dois anos sabáticos da atriz na França serviram para ela ter uma rotina que nunca havia tido no Brasil. Coisas simples, como comprar um presente para a professora de seu filho. O tempo também serviu para ela ver o amadurecimento da filha Cleo como atriz. Ela diz chorar sempre que a vê em cena.

“Eu fico tão orgulhosa, e choro. Choro porque sempre me vem a imagem daquele bebezinho, e de repente ela está lá, mulher, fazendo as coisas dela. No início era um horror, eu via as capas de revista e começava a chorar... Mãe é tudo igual, né? Só muda de endereço”, brinca ela, emocionada - e mãe de quatro filhos.

“Sou muito feliz trabalhando como atriz, tenho uma carreira aí de 40 anos muito bacana, que me deixa feliz. Ter feito o livro foi muito legal nesse aspecto, rever tudo isso. Mas, na verdade, eu sou um ser humano, uma mulher, eu tenho minha família que eu amo, meu marido que é meu parceirão, que é o homem da minha vida, que é uma pessoa que ta aí pra o que der e vier e eu também tô pra ele. A gente tem essa família que construiu e é isso que é a minha realidade”, finaliza.