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Sidrolandia

Governo culpa as vítimas em acidente de trem que matou ao menos 13 na Espanha

De acordo com Arrellano Ruiz, cônsul do Equador em Barcelona, disse que os passageiros não viram os sinais de que a saída para a passagem subterrânea

Folha Online

25 de Junho de 2010 - 10:09

Um dia após o acidente que deixou ao menos 13 mortos na cidade de Castelldefels, no litoral da Espanha, o governo espanhol afirmou que os passageiros nunca deveriam ter cruzado os trilhos e que a culpa pelas mortes são das próprias vítimas.

Autoridades da Catalunha informaram ainda que cinco vítimas eram do Equador, duas eram da Bolívia e duas da Colômbia, disse Montserrat Tura, ministro de Justiça do governo regional.

O ministro do Desenvolvimento, Jose Blanco, negou acusações de que a passagem subterrânea estivesse mal sinalizada e insistiu que os passageiros deveriam saber que "nunca, nunca, nunca, deve-se cruzar os trilhos".

"Tudo indica para negligência" dos passageiros como a principal causa do acidente, acrescentou Blanco, dizendo que espera que a tragédia faça com que as pessoas percebam a importância de se obedecer as regras das estações ferroviárias.

No entanto, testemunhas do acidente sustentam que a recém-construída passagem subterrânea não estava bem sinalizada e que a antiga passarela elevada estava fechada, deixando os passageiros confusos.

De acordo com Arrellano Ruiz, cônsul do Equador em Barcelona, disse que os passageiros não viram os sinais de que a saída para a passagem subterrânea e que as setas indicavam erroneamente para a passarela elevada, fechada desde 2009 quando a estação passou por uma reforma.

O secretário de infraestrutura da Espanha, Victor Morlan, reconheceu que a passagem elevada estava bloqueada desde o ano passado mas insistiu que havia placas suficientes indicando às pessoas como chegar à praia com segurança.

Morlan acrescentou ainda que no momento do acidente havia um anúncio por alto falantes avisando aos passageiros sobre o perigo de cruzar os trilhos.

Identificação

As equipes de legistas encarregadas do caso anunciaram que nove vítimas já foram identificadas e entre elas estão cinco equatorianos, dois bolivianos e mais dois colombianos.

Fontes de uma entidade hispano-equatoriano informaram que uma das vítimas seria Rosa María Vivar Arboleda, de 19 anos, natural de Balzar, na Província equatoriana de Guaias.

A entidade identificou uma das mulheres feridas em estado grave, Lizete Olivo, de 18 anos.

Os dois colombianos mortos são John Mauricio Osorio, de 33 anos, e Jorge Eliécer Serrano, de 37, segundo informou ontem o vice-cônsul da Colômbia em Barcelona, Ramón Jaller, em comunicado da chancelaria colombiana divulgado em Madri.

Além dos nove mortos já identificados, os legistas estão bastante avançados na identificação de outros três.

Fontes da embaixada do Equador na Espanha informaram que o embaixador, Galo Chiriboga Zambrano, se deslocará amanhã a Castelldefels para liderar os trabalhos de busca e identificação de possíveis vítimas equatorianas.

Embora cinco equatorianos já tenham sido identificados, o cônsul geral do Equador em Barcelona, Freddy Arellano, recebeu comunicado de que pelo menos oito familiares falam em parentes "desaparecidos", segundo informaram as mesmas fontes diplomáticas.

O embaixador do Equador se deslocará ao nordeste espanhol para apoiar ao cônsul e à secretaria nacional do imigrante em colaboração com as autoridades catalãs.

Outra mulher de nacionalidade boliviana ficou ferida com gravidade no acidente. Trata-se de María Isabel Alquisalet Fernández, internada na unidade de terapia intensiva de um hospital e que se encontra em "um estado muito delicado", disseram fontes da embaixada da Bolívia em Madri.

Já o consulado da Bolívia em Barcelona, que enviou um funcionário a Castelldefels, está à espera que a polícia forneça informações sobre as vítimas bolivianas.

Investigações

Segundo as primeiras investigações, um grupo de 30 pessoas cruzou a ferrovia por um lugar indevido sem perceber a chegada de um trem de alta velocidade que não tinha parada na estação e que se deslocava a uma velocidade de 140 km/h.

Enquanto as autoridades iniciam o inquérito, o chefe da companhia ferroviária estatal Renfe, Teofilo Serrano, afirmou que "tem quase certeza" que o trem não tinha excedido a velocidade permitida enquanto trafegava na estação.

A agência de notícias Europa Press, citando um funcionário anônimo da Renfe, disse que o trem se deslocava a 139 km/h na estação e que o condutor não estava alcoolizado. O veículo também afirmou que o homem entrou em choque após o acidente. A estatal ferroviária se negou a confirmar as afirmações.

Testemunha

Marcelo Carmona, um boliviano que testemunhou o acidente ferroviário disse que a passagem de saída da estação da localidade de Castelldefels estava "abarrotada", o que fez com que muitas pessoas fossem para a via férrea.

Segundo outras testemunhas, as pessoas atropeladas cruzavam as vias por um lugar indevido após terem chegado à estação em outro trem.

A única maneira de atravessar a estação em direção à praia onde acontecia o festival era uma "estreita passagem subterrânea", pois a passarela da estação uma passagem elevada estava fechada.

O dia de São João, em 24 de junho, é feriado em várias partes da Espanha e as comemorações começam tradicionalmente na noite anterior.

O acidente foi o pior do setor ferroviário da Espanha desde 2003, quando 19 pessoas morreram na colisão de dois trens perto da cidade de Chinchilla.