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Sidrolandia

Haiti sofre perigo de voltar a“guerra de egos” na reconstrução

Governo fraco tem dificuldades em implementar projetos no país

R7

12 de Julho de 2010 - 15:50

A batalha pelo comando e por quem levava mais esforços nos dias que se sucederam ao terremoto de sete graus na escala Richter ocorrido em 12 de janeiro de 2010 que provocou mais de 220 mil mortes no Haiti continua, disse, um diplomata que participa nos esforços de reconstrução do país caribenho.

- São centenas de ONGs, vários braços da ONU, países, e o governo haitiano é muito fraco, já era fraco e ficou mais ainda após o terremoto.

O governo do presidente do Haiti, Réné Préval, ainda se despede da administração, já que em novembro deste ano o país passa por eleições presidenciais e legislativas. A fraqueza do governo é um dos problemas do encaminhamento dos projetos, pois após a ideia ser oferecida, falta até mesmo pessoal do governo para conferir adequadamente e analisar a proposta. Com isso, se reconstrói um ciclo vicioso que faz com que a reconstrução do país ocorra a um passo extremamente lento para os cerca de 1 milhão de pessoas que vivem em locais improvisados desde que tiveram suas casas destruídas em janeiro, relatou o diplomata.

Por outro lado, continua a reclamação do bloqueio de fundos. A agência Ansa relatou que a embaixadora do Haiti na Itália, Guerda Benoît, acusou a lentidão nas ajudas anunciadas por organismos internacionais para reconstruir a nação.

- Dos US$ 5 bilhões prometidos pelas instituições econômico-financeiras mundiais só 11% até agora foram efetivamente transferidos ao Haiti. É um dinheiro que precisamos agora, não em dois anos.

Benoît participa de um fórum na Ilha de Ísquia, região central da Itália.

- Neste ano, a temporada dos furacões, iniciada há pouco, poderia causar um número de mortos bem mais trágico do que nos anos precedentes.

Ela recordou o drama das adolescentes que perderam suas famílias com o tremor e são vítimas de violência sexual, elevando o número de gravidezes precoces.

Ao lado do presidente da divisão italiana do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), Vincenzo Spadafora, a embaixadora assinalou que o governo trabalha na reconstrução de escolas com o apoio da instituição e do Programa Alimentar Mundial (PAM), também da ONU.

- Mas estamos atrasados com a agricultura. O nosso é um povo de camponeses, não precisamos importar produtos alimentares.

Devemos estar em condições, porém, de nos sustentar. E devemos dar respostas precisas aos tantos benfeitores que querem saber onde vão acabar as próprias doações.

Spadafora disse que "agora há um costume para a maioria das emergências mundiais, também porque muitas destas emergências se tornaram, infelizmente, a regra", também de acordo com a Ansa.

Para o diplomata entrevistado, reclamações como as de Benoît são válidas, mas o dinheiro não é mais importante ainda no país, que ainda não encontrou um plano claro de reconstrução.